Capítulo 117
1068palavras
2023-08-08 12:00
Ponto de vista de Xavier:
Meu quarto estava tomado pelos feromônios da minha companheira. Argh! Isso seria mais difícil do que pensei. No entanto, eu apenas fiquei lá de pé e me permiti absorver sua essência por alguns instantes.
Essa situação era como uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que tê-la por perto me acalmava, também perturbava os outros seres dentro de mim, testando o meu autocontrole e o deles.
Eles não viam a hora de virem para fora e sufocá-la com todo o amor que tinham para oferecer, embora soubéssemos muito bem que precisávamos ser extremamente cautelosos com ela. Além disso, ir com calma poderia ser bom e nos dar a oportunidade de nos conhecermos melhor.
Afinal, a única coisa que Inara sabia sobre mim era o meu primeiro nome e isso não incluía o dos outros dois. Ainda assim, aqui estávamos nós ansiosos para encontrar o caminho entre as pernas dela. Mas quem poderia nos culpar? Essa mulher era mesmo um espetáculo e, para completar, ela era nossa. Estivesse ela quebrada ou não.
Depois de me demorar um pouco mais, desci as escadas e encontrei minha companheira e meu irmão se encarando de um jeito bastante cômico. Magnus olhava para Inara com desconfiança enquanto ela parecia se divertir com a situação.
"Você vai me contar", Magnus vociferou.
"Nos seus sonhos", minha companheira rosnou de volta para ele.
"Eu quero entender o que está acontecendo aqui?" Perguntei, olhando de um para o outro.
"Não..." Ambos responderam em uníssono como se isso não fosse suspeito.
Balançando a cabeça, estendi a mão para a minha amada e a puxei para os meus braços antes de arrastá-la até a cozinha comigo.
"Você já comeu alguma coisa?" Indaguei, lançando um olhar rápido em sua direção depois de acomodá-la no assento mais próximo.
"Sim... Magnus cozinhou algo depois que chegamos aqui", ela murmurou.
"Ah... já faz algum tempo então. Você deve estar com fome de novo."
"Bem... não... não exatamente."
"Não exatamente? Bom, isso significa que não está totalmente sem fome, não é? Além do mais, você precisa comer. Está comendo por dois agora, lembra?"
A risadinha que escapou dos lábios dela foi como música para os meus ouvidos.
"Como eu poderia me esquecer? Eu só... Bom... eu não pensei que... que..." Ela não precisou terminar sua frase para que eu entendesse aonde queria chegar.
"Você não achou que eu reconheceria este bebê?"
"Sim, na verdade..."
"Na verdade, nada. Devo admitir que o fato de outro homem tê-la engravidado é um tanto perturbador para mim, mas não estou bravo com você, principalmente dadas as circunstâncias que levaram à sua gravidez. De um jeito ou de outro, já aconteceu e não há nada que eu possa fazer sobre isso. Você é minha companheira e eu a quero independente de qualquer coisa. Além disso, eu sei que ficar com você implica aceitar este bebê e está tudo bem."
Esperei por uma resposta, mas ela não disse nada. Em vez disso, ouvi fungadas que me fizeram me virar tão rápido na direção dela quanto uma chicotada. Depois de diminuir a distância entre nós, ajoelhei-me diante dela.
"Ei... ei... amorzinho, o que houve? Porque está chorando? Eu disse algo de errado?" Perguntei baixinho.
Mais uma vez, esperei uma resposta, mas não obtive nenhuma. Então, eu esfreguei suas coxas suavemente até ela parar de chorar enquanto tentava ignorar o fato de elas estarem nuas sob minhas mãos.
"Foco, Xav", Santiago rosnou de algum lugar dentro de mim.
"Como se você tivesse moral para falar alguma coisa." Minha resposta foi o suficiente para fazê-lo recuar um pouco, embora ainda pudesse senti-lo próximo à superfície.
Ao ouvir a voz da minha companheira, voltei minha atenção para ela. "Você... você... você não fez nada de errado. É só que... eu imaginei essa cena tantas vezes, mas nunca terminava bem. Armand também não ajudou muito. Ele sempre fazia questão de me lembrar que meu companheiro jamais iria me querer depois do que ele fez comigo, sem falar no bebê que estou esperando dele."
"Para começo de conversa, esse cara é um idiota, mas talvez ele tenha razão até certo ponto. Não sei o que outro homem teria feito no meu lugar, mas ninguém é igual e eu só posso falar por mim, ou melhor, por nós.
"Não posso dizer que estou bem com o que Armand fez, nem tenho certeza se algum dia vou estar, mas você é minha companheira e eu só tenho você... quero dizer, vocês três para amar nesta vida e na próxima, portanto, vou dar o meu melhor para fazer essa relação dar certo. Não posso prometer que as coisas serão fáceis, mas iremos superar isso juntos.
"O vínculo que compartilhamos é maior do que qualquer coisa que já experimentamos e eu sei que, nos dias difíceis, ele estará ali para nos incentivar a continuar desde que estejamos dispostos a fazer isso. Então, será que você poderia dar esse passo comigo, meu amorzinho?"
Quando percebi que suas lágrimas não paravam de cair, fiquei um pouco preocupado, mas, no segundo seguinte, um sorriso pequeno e vacilante se ergueu em seus lábios, deixando-me aliviado.
Ainda de joelhos, ajeitei-me entre suas pernas e usei o polegar para secar suas lágrimas enquanto deixava um rastro de beijos em seu lugar. Então, segurei o seu rosto em minhas mãos e me permiti observá-la por alguns instantes. Por mais tendencioso que isso pudesse parecer, afinal, ela era minha companheira, eu podia jurar que Inara se parecia com um anjo e ninguém conseguiria me convencer do contrário.
Respirando fundo, ela soltou o ar por aqueles pequenos lábios tentadores antes de falar comigo de novo.
"Se me aceitar, eu darei esse passo com você, Xav, nesta vida e na próxima."
Essas palavras logo se tornaram a melhor declaração de amor que já tinha ouvido. Sua rendição e aceitação fizeram nosso vínculo reagir. Eu podia ver e sentir as vibrações dele ao nosso redor. Se o suspiro dela fosse indício de qualquer coisa, eu diria que ela também via o mesmo que eu.
Neste momento, suas mãos pousaram sobre as minhas e eu me derreti todo quando ela aninhou seu rosto contra a minha palma direita.
"Seus olhos são um dos mais cativantes que já vi. No entanto, por que eles mudam de cor e giram? Nunca vi nada parecido antes."
"Ah, vamos falar sobre isso ainda, amorzinho. Mas, primeiro, deixe-me alimentar vocês dois."