Capítulo 114
1078palavras
2023-07-21 00:02
Ponto de vista de Inara:
A última coisa de que me lembrava era de me arrastar para aquela cama tentadora a fim de descansar um pouco, mas eu deveria ter imaginado que isso era pedir demais, pois no momento seguinte, acordei em um pesadelo, o qual já estava bastante familiarizada.
Encontrava-me em um corredor escuro e familiar, onde conseguia ouvir até os sons mais insignificantes como minha própria respiração ofegante. Então, dei alguns passos em direção a uma porta, a qual já havia aberto tantas vezes. Mesmo sabendo do horror que me aguardava por detrás dela, não pude evitar. Eu tinha um pouquinho de esperança de que qualquer dia desses, encontraria algo diferente, mas esse dia não era hoje. Quando abri a porta, vi-me diante a um pesadelo recorrente.
Normalmente, eu fechava a porta o quanto antes, mas hoje não consegui. Em vez disso, caminhei para dentro do quarto com o objetivo de intervir no que estava acontecendo. De onde me veio essa ideia, não saberia dizer. Entretanto, quando fui empurrar Armand, acabei sendo jogado contra a parede mais próxima.
Minhas costas sofreram com o impacto na parede dura atrás mim. Todavia, eu não era capaz de me concentrar na dor repentina que atravessava meu corpo quando a cena à minha frente simplesmente dilacerava a minha alma. Não saberia dizer por quanto tempo vi aquilo se repetir ou o quanto chorei antes de Xav me encontrar.
Não sabia o que fiz para merecer um companheiro como ele. A última coisa que me lembrava depois disso foi do seu abraço e da forma como me derreti nele. Então, senti uma carícia leve na bochecha, despertando-me de meu sono profundo enquanto voltava a sentir a cama macia sob meu corpo.
Permitindo que meus olhos se abrissem, encontrei o olhar intrigante e de cores distintas do meu companheiro. Não pude deixar de ficar tímida.
"Oi", ele sussurrou.
"Oi", sussurrei de volta, tentando olhar para qualquer lugar, menos para os seus olhos cativantes.
"Obrigada", acrescentei com toda a sinceridade. Eu seria eternamente grata pelo que fez.
Naquele momento, eu me senti leve como há muito tempo não me sentia, especialmente desde que Armand colocou seu plano maluco em prática. Finalmente, podia respirar com tranquilidade sem precisar olhar por cima do ombro a toda hora. Eu não sabia como Xav me encontrou ou como conseguiu me tirar de lá, mas, honestamente, não me importava. Eu estava apenas grata por ele ter feito isso.
Era bom enfim ter alguém com quem eu pudesse contar sem dúvida ou medo. Ao ouvir sua resposta, voltei minha atenção para ele outra vez, então, nossos olhares se encontraram. Da mesma forma que eu não conseguia desviar dele, ele também não era capaz disso.
No entanto, por mais cativantes que seus olhos fossem, isso não impediu meu olhar de se mover para os seus lábios. O ar ao nosso redor ficou instantaneamente carregado de tensão e antecipação. Vendo ele se aproximar, acompanhei seus movimentos, ciente de suas intenções e até mesmo as desejando.
Ao deixar escapar um suspiro, encontrei Xavier no meio do caminho, deixando-o embalar meu rosto em suas mãos. Não pude resistir me aconchegar nelas. Prendi a respiração, ansiosa, ao perceber que ele estava apenas a um centímetro de mim. No último segundo, ele fez uma pausa para me dar a chance de recusá-lo, mas quando não o fiz, ele me tomou em um beijo gentil, que tirou meu fôlego.
Para um homem, ele tinha lábios extremamente macios. No entanto, eles se moviam sobre os meus com tamanha precisão. Em seguida, senti uma de suas mãos deixar o meu rosto e descer pelos meus braços até alcançar a barra da blusa que estava vestindo. O suspiro que escapou dos meus lábios quando sua mão esbarrou na minha pele desnuda não pôde ser evitado. Seu toque trouxe de volta as pequenas faíscas que senti na primeira vez que nos beijamos. Não pude deixar de me perguntar se seria sempre desse jeito quando nos beijássemos, não que eu estivesse reclamando.
Meu suspiro deu a ele a oportunidade de aprofundar mais o beijo e explorar minha boca. Tinha certeza que ficaria vermelha como um tomate quando pensasse no que estava acontecendo mais tarde, sem falar nos gemidos embaraçosos que escapavam de mim.
De repente, interrompemos o beijo para recuperar o fôlego. Então, sua mão deslizou para debaixo da minha camisa e evolveu minha cintura a fim de me puxar para mais perto dele. Aparentemente, ele não tinha gostado da nova posição, pois segundos mais tarde, ele me soltou e rolou por cima de mim.
Enquanto seus braços descansavam em ambos os lados da minha cabeça, prendendo-a entre eles, dei uma olhada rápida nele e pude ver que estava seminu. O rubor que desceu das minhas bochechas pelo pescoço até chegar no meu peito era reflexo do quão mortificada eu estava. O pequeno sorriso que surgiu no rosto de Xavier deixou claro que ele havia percebido.
Evitando o olhar e o sorriso presunçoso do meu companheiro, eu me permiti observar o seu corpo. Ele não só estava em plena forma, como suas tatuagens eram algo de outro mundo. Elas me lembravam as que apareceram em mim quando Moira se manifestou pela primeira vez. Ah, Moira... Como eu sentia a falta dela e de Zya.
A fim de evitar mais lágrimas, foquei no presente e continuei observando as tatuagens que pareciam cobrir a maior parte do seu corpo. Meus olhos seguiram pelo desenho em seu peito até que me vi corar novamente ao perceber que ela desaparecia dentro do short largo que ele usava.
Ao mesmo tempo que me via tão pequena sob seu corpo enorme, também me sentia quente e segura. Em seguida, ele se inclinou novamente para me beijar. Mas, de repente, comecei a me sentir sufocada, enjaulada e impotente. Minha memória me levou de volta para o momento em que Armand me colocou em uma posição semelhante, deixando-me sem ar. Apesar de saber que se tratavam de homens diferentes e que o corpo de Xavier não poderia ser comparado ao de mais ninguém, não pude evitar aquele "flashback".
Ainda assim, era incrível como Xavier estava em sintonia com o meu corpo e minhas reações. Quando dei por mim, ele me envolveu em seus braços e me puxou contra o seu peito, rolando-nos na cama.
"Oh..." Foi tudo o que consegui dizer quando ele me sentou em seu colo.
Soltando uma risada, ele perguntou: "Está melhor agora?"
"Sim... sim... obrigada."