Capítulo 113
1149palavras
2023-07-20 00:02
Ponto de vista de Xavier:
AVISO: AS CENAS A SEGUIR POSSUEM CONTEÚDO DE VIOLÊNCIA INFANTIL. POR FAVOR, LEIA COM CAUTELA. COMEÇA DO ** E TERMINA NO PRÓXIMO **. VOCÊ PODE PULAR ESSA PARTE SEM PERDER MUITA COISA. DESCULPE!
Deixando um beijo na cabeça de cada uma delas, pedimos:
"Por favor, fiquem aqui. A gente vai buscar Inara e voltar antes que sintam nossa falta."
As duas se entreolharam antes de Moira dizer: "Tá."
Isso foi tudo o que ganhei delas. Fiquei surpreso por terem concordado sem discutir, mas como não era bobo nem nada, corri pela porta e segui a última corda. De repente, um mal-estar tomou conta de mim e soube que não iria gostar do que encontraria. Então, cheguei em uma interseção, a qual a corda se encontrava emaranhada como uma teia.
Entre tantas portas, eu sabia que cada uma continha partes da minha companheira. Resistindo ao impulso de dar uma espiada nos horrores que se escondiam por trás delas, concentrei-me em desfazer aquela teia e segui o fio até a porta que procurava.
Parado do lado de fora, preparei-me mentalmente para o que estava prestes a ver. De todos os poderes que possuía, desejei poder trocá-los por apenas um que apagasse tudo o que Inara passou e desse a ela um novo começo, mas sabia que nem sempre conseguíamos o que queríamos neste reino.
Respirando fundo, abri a porta devagar e me deparei com uma cena que testou todo o meu autocontrole. Na minha frente acontecia um show da vida real. Era o momento em que aquele covarde asqueroso do Armand se aproveitava de Inara. Sua risada cínica me irritou até o último fio de cabelo enquanto os gritos dela partiam o meu coração.
Como ninguém veio em seu socorro? Seus gritos eram tão dolorosos e desesperados. Dava para ouvir claramente a agonia e a raiva neles. Com certeza, eu não me esqueceria desses sons tão cedo, se é que algum dia conseguiria. Quando estava prestes a dar um passo à frente e tirá-lo de cima dela, a cena mudou, fazendo-me parar no meio do caminho.
**
Esta era ainda mais perturbadora do que a anterior. Um lindo menino era roubado dos braços de Inara e entregue a Armand. Quando ela tentou pegar seu filho de volta, o can*lha sacou uma faca e esfaqueou a criança várias vezes. Seus gritos ecoaram pelo quarto inteiro. Eu cheguei a sentir as paredes tremerem antes de ver uma garra dilacerar o pescoço de Armand.
Seu sangue espirou em seu filho agora morto e nela também. No entanto, Inara não chorou, ela apenas gritou até sua garganta estar em carne viva e sua voz sumir.
**
Depois disso, ela encarou o nada com um olhar vazio, praticamente morto, no rosto, que me deixou bastante abalado. Farto daquilo, entrei de uma vez no quarto e estendi meus braços em sua direção. Só então escutei algumas fungadas seguidas de uns lamentos sutis.
Ao me virar na direção do som, encontrei minha Inara sentada no chão em um dos cantos do quarto aos prantos. Seus olhos cheios de lágrimas estavam fixos na versão de si mesma sobre a cama. Não pude deixar de me perguntar quantas vezes ela teve que testemunhar todo esse horror.
Em seguida, mudei de percurso e parei bem à sua frente, certificando-me de bloquear sua visão da cena deturpada atrás de mim. Sem dizer uma palavra, eu a puxei para um abraço. Meu coração cantou aliviado quando senti seu corpo derreter em meus braços.
"Xav... Xav..."
"Shh... Está tudo bem. Eu estou aqui agora", eu a consolei
"Você... você... me encontrou", ela murmurou entre soluços.
"Eu disse que a encontraria, meu amor", sussurrei enquanto me acomodava no chão e a sentava em meu colo.
Segurando seu rosto em minhas mãos, enxuguei suas lágrimas com o meu polegar.
"Eu sempre, sempre virei até você. Não importa quanto tempo demore, minha companheira."
Em resposta, ela chorou ainda mais conforme seu corpo inteiro tremia. Minha querida. Minha pobre querida. Eu a deixei chorar até desmaiar de exaustão. Então, peguei-a em meus braços e me levantei antes de olhar para ela e ter certeza de que estava confortável em meus braços.
Em seguida, olhei para cima e analisei a cena do seu pesadelo. Para a minha surpresa, ela ainda estava sentada na cama com aquele olhar vazio no rosto. No entanto, seu bebê e Armand já haviam desaparecido. Melhor assim. Embora soubesse porque ela ainda estava lá, isso me deixou profundamente triste. Depois de sair com minha amada em meus braços, encontrei Zya e Moira do outro lado da porta.
"Ela está bem?" Moira perguntou, visivelmente preocupada.
"Ela vai ficar", eu a assegurei. "Para aonde vocês vão agora?"
"Vamos recuperar nosso lugar de direito. Apenas vá com ela. Ficaremos bem." Ouvi a voz de Zya dizer em minha cabeça. Não era preciso perguntar de que maneira elas recuperariam seu lugar ou de quem. Já era hora.
"Falo com vocês em breve", prometi com um aceno de cabeça.
Então, voltei pelo caminho que havia feito e abri a única porta ali, que dava para um corredor escuro e solitário. Ao despertar, estava de volta à minha cama com minha companheira ainda inconsciente em meus braços. Por conta de toda provação que ela havia acabado de passar, sabia que precisava deixá-la dormir um pouco mais.
Resistindo ao impulso de acordá-la, coloquei-a gentilmente de volta na cama e me certifiquei de cobri-la de maneira adequada antes de dar um beijo em sua testa e me levantar com cuidado.
Após deixar o quarto, desci as escadas e encontrei Magnus e Meissner na sala, conversando baixinho entre si.
"Quando foi que você chegou aqui?" Perguntou-me o jovem mago.
"Você não o ouviu?" Magnus questionou com as sobrancelhas erguidas.
"Se tivesse ouvido não estaria perguntando agora, estaria?" Meissner retrucou, fazendo com que Magnus desse um soco nele.
Em uma questão de segundos, os dois começaram a discutir. Como eu não tinha energia suficiente para lidar com suas travessuras, passei reto por eles e fui pegar um pouco de comida. Na cozinha, fiz um prato para mim e me sentei para comer em um canto.
Não pude deixar de pensar na minha companheira novamente. Ficar longe dela estava me deixando ansioso. Então, depois de um tempo, engoli a comida e corri de volta para o meu quarto. Embora tivesse ouvido meu nome ser chamado pelo caminho, ignorei a todos e não respirei até estar com Inara outra vez.
Deitando-me na cama ao lado dela, eu sabia que precisava deixá-la descansar, mas não pude me conter. Eu queria ver seus olhos abertos e ter certeza de que ela estava bem.
Em seguida, eu a sacudi gentilmente enquanto deslizava as pontas dos meus dedos nas laterais de seu rosto. Quando seus olhos começaram a se abrir, dei um sorriso leve.
"Oi", sussurrei.
"Oi", ela respondeu timidamente.
"Obrigada", ela murmurou.
"Sempre estarei aqui."