Ponto de vista de Inara:
Ao entrar no box, o chuveiro ligou automaticamente, disparando água por todos os lados. Não pude deixar de soltar um gritinho enquanto me agarrava a coisa mais próxima que encontrei. Então, soltei uma risada vertiginosa. Que chuveiro sorrateiro! Depois de me acalmar um pouco, comecei a curtir o banho.
A água não estava nem muito fria, nem muito quente. A temperatura era ideal. A pressão do jato sobre a minha pele também parecia perfeita, atingido todos os meus pontos deliciosos de uma só vez. Eu me sentia calma e relaxada.
Isso era exatamente o que eu precisava neste momento, tomar um banho sozinha sem que qualquer mago pervertido estivesse me observando por uma câmera de vigilância maldita. Embora eu tivesse reclamado a respeito, fui questionada sobre não me importar com minha nudez após me transformar em um dragão. Veja se isso tem cabimento!
Aproveitei meu banho por um bom tempo, então, gastei mais alguns minutos tentando descobrir onde ficavam os controles, que só consegui alcançar depois de subir no maldito assento do vaso sanitário. Depois de conseguir, ensaboei meu corpo até estar satisfeita e me enxaguei de novo. Era bom usufruir dessas pequenas coisas outra vez nos meus próprios termos. As pessoas tinham razão quando diziam que só sabíamos dar valor àquilo que perdíamos.
Depois de sair com cuidado do chuveiro, pisei em um tapete felpudo e agarrei a toalha mais próxima que pude alcançar. Para a surpresa de zero pessoas, isso me fez parecer uma formiguinha novamente. Era muito estranho conhecer alguém tão alto. Uma das vantagens de ser um dragão era que podíamos ser mais altas do que a maioria das mulheres de outras espécies. Ser da família real também me dava uns bons centímetros a mais em relação a outros dragões fêmeas normais. No entanto, aqui estava eu ​​agora parecendo uma baixinha. A sensação era revigorante.
Recusando-me a vestir minhas roupas velhas depois de me secar, entrei no closet de Xavier e peguei a primeira camisa que avistei. Dá para imaginar o que aconteceu a seguir, certo? Após abotoar meu mais novo "vestido", entrei no quarto novamente. Impressionada com o tamanho da cama, fiz um trabalho rápido de puxar as cobertas e, com um pouco de esforço, deitei-me nela.
Ao me acomodar na cama surpreendentemente macia, puxei as cobertas, cobrindo-me até o pescoço. Então, permiti que a atmosfera confortável do quarto tomasse conta de mim enquanto fechava os olhos.
Agora que havia saído daquele buraco infernal, só podia esperar que as coisas ocorressem da melhor forma possível.
......
Ponto de vista de Xavier:
"Agora vamos levar você de volta para casa para que possa ver sua companheira. Eu darei uma passada no Império Drakkon para informar o rei sobre os últimos acontecimentos e pensar em novas estratégias", tio Luke me disse.
Sem olhar outra vez para o cemitério à minha volta, abri um portal e rapidamente o atravessei com meus pensamentos todos voltados para a minha companheira.
O portal se abriu em frente à minha porta, no entanto, a ideia de espalhar sangue por toda a casa me causou um forte incômodo. Eu odiava sujar minhas coisas, principalmente com o sangue das mesmas pessoas que prenderam minha companheira contra a sua vontade.
Eu poderia apenas desejar ficar limpo, mas eu realmente precisava do conforto que só um longo banho conseguiria me proporcionar. Depois de tudo o que rolou com os magos, eu precisava processar o que havia acontecido comigo e com as duas entidades com quem compartilhava um corpo. Nunca havíamos nos fundido antes. Era como se finalmente fôssemos um só depois de décadas. Cada um bem encaixado em seu lugar, mas jamais nos sentimos tão unidos.
Pensando melhor, abri outro portal que me levou direto para o meu banheiro. A primeira coisa que notei foi o cheiro da minha companheira.
Isso por si só foi o suficiente para me fazer me sentir melhor. Valeu a pena estar todo coberto de sangue apenas para viver esse momento. Em seguida, senti meus arredores e a encontrei na minha cama. Tudo ficou ainda melhor.
Após tirar meu traje de batalha e soltar meus cabelos, entrei no chuveiro e dei as boas-vindas aos jatos que atingiram o meu corpo. No momento seguinte, observei como a água descia para o ralo na cor vermelha até ficar quase rosa e, por fim, transparente como deveria ser.
Fiquei debaixo do chuveiro até minha pele começar a enrugar. Então, sequei-me com a toalha e vesti uma bermuda larga antes de me aproximar da cama. A roupa parecia algo estranho na minha pele, pois sempre preferi dormir pelado. No entanto, por mais que me agradasse a ideia de me deitar livre de qualquer tecido entre mim e minha companheira, eu sabia que não era a hora certa para isso.
Conforme me aproximava da cama, senti meu coração parar por um instante. Com seus cabelos espalhados pelo travesseiro e um olhar inocente no rosto, ela poderia facilmente se passar por um anjo. Sorri ao ouvi-la murmurar meu nome antes de se virar na cama. Ela parecia pequena demais no meu colchão enorme, que poderia muito bem engoli-la inteira.
Contornando a cama, puxei delicadamente as cobertas para não incomodá-la e me deitei no espaço vazio ao seu lado. Eu não gostei da ideia de dormir longe dela, embora só houvesse uma lacuna pequena entre nós.
Então, aproximei-me dela até nos tocarmos e eu poder sentir sua respiração. Fiquei lá apenas velando o seu sono quando ela se aproximou para colocar as mãos no meu peito e uma perna sobre a minha debaixo dos lençóis.
A forma suave como ela soltou sua respiração aqueceu meu coração. Após deixar um beijo rápido no topo da sua cabeça, coloquei meu braços debaixo dela e a movi até que ela estivesse parcialmente deitada sobre mim antes de fechar meus olhos para descansar um pouco.
Os problemas lá fora podiam esperar. Quando acordássemos, estaríamos prontos para devolver ao mundo todo o inferno que ele nos fez passar.