Capítulo 109
978palavras
2023-07-16 00:02
Ponto de vista de Inara:
"Está tudo bem", eu os interrompi antes que a discussão escalasse.
"Como?" Ela perguntou.
"Eu disse que está tudo bem. Tanto eu quanto Xavier sabemos que esse bebê não é dele. É complicado..."
"Quão complicado?" Ela insistiu, inclinando a cabeça, curiosa.
"Está bem, já chega. Tia Kiara, eu te amo, mas agora realmente não é hora para o seu interrogatório. Nós literalmente acabamos de resgatá-la de uma cela, onde ela estava sendo mantida contra sua vontade. Preciso que você se contenha e dê a ela algum espaço", Magnus exigiu em um tom bastante firme. Seu gesto não surpreendeu somente a mim, mas todos ao redor.
"Não fale assim com a minha esposa", Matthews interveio com um grunhido. Por que ele sempre tinha que emitir esses sons?
"Não... não... Está tudo bem. Ele tem razão. Desculpe-me, Inara. Eu realmente não queria insistir. Acho que já está na hora de irmos. E mais uma vez, Inara, seja-bem-vinda à família. Lamento que tenha sofrido tudo o que sofreu", Kiara murmurou com certo remorso.
Com um breve aceno de cabeça em minha direção, o companheiro de Kiara a ajudou a se levantar. Alguns minutos depois, ouvimos o som da porta se fechando e soubemos que eles haviam ido embora. Ficamos todos em silêncio até Meissner resolver abrir a boca.
"Bom, isso foi intenso..."
Argh... Era impressionante como ele sempre tinha algo a dizer sobre tudo.
"Meiss..." Eu disse, exasperada.
"O quê? É a verdade!" Ele insistiu.
"Você tem razão, mas é assim que essa família funciona. Pode demorar um pouco, mas eventualmente eles vão se afeiçoar a vocês. Na verdade, tia Kiara não falou aquelas coisas por mal", Magnus me tranquilizou.
"Bom, ela foi legal até não ser mais. E não vou nem comentar sobre aquele sorriso dela. Tive arrepios pelo corpo inteiro!" Acrescentou ele.
"Ah, qual é, Meissener!" Revirei os olhos.
"O quê? Estou falando a verdade", ele respondeu.
"Tá, ela pode ser um pouco intensa, mas deu para sentir que ela estava sendo genuína. Ela não quis me fazer mal, Meissner", expliquei suavemente para ver se isso o acalmava.
"Se você diz... Mas eu não vou baixar a guarda ainda. Estamos em um lugar estranho com pessoas que não conhecemos, nem a espécie delas sabemos qual é. Então, eu ficarei alerta até descobrirmos mais coisa, não importa o quão genuínos você ache que eles são, Inara."
"Sim, senhor", eu o provoquei, balançando minhas sobrancelhas. Ele, então, revirou os olhos. Achei cativante vê-lo agir de forma tão protetora comigo, mesmo eu sendo mais velha e quem deveria protegê-lo.
Relaxando em meu assento, esfreguei minhas mãos na minha barriga quando, de repente, senti algo se mover sob elas. Não pude evitar o suspiro que escapou dos meus lábios.
"O quê? O que há de errado?"
"Você está bem?" Os dois rapazes perguntaram ao mesmo tempo.
Não consegui conter um sorriso, muito menos as lágrimas que rolaram pelo meu rosto, apesar desse acontecimento também ter acendido um sinal de alerta dentro de mim.
"Está tudo bem... de verdade. Eu só senti o bebê se mover", eu os tranquilizei.
"Ah, isso é ótimo. Você ainda pode senti-lo?" Magnus perguntou com um olhar admirado.
"Não... não... Foi bem rapidinho."
"Dever ser incrível a sensação", acrescentou Meissner com os olhos fixos na minha barriga.
"Sim, acho que é", concordei enquanto lutava contra um bocejo.
"Deveria descansar um pouco. Você teve um longo dia... Na verdade, foram algumas semanas infernais. Amanhã, depois que você acordar, a gente tenta descobrir mais coisa", Magnus sugeriu.
"Sim, acho que vou tirar uma soneca agora. E, Meiss, não precisa me acompanhar. Eu vou ficar bem. De verdade..."
Eu me levantei devagar do meu lugar, então, deixei a sala de jantar. Apenas nesse momento, dei-me conta de que estava realmente livre. Aquela sensação pesada no meu peito começou a diminuir pouco a pouco.
Sempre presumi o pior e me preparei para isso. Estava pronta para lutar com unhas e dentes para garantir que Armand não tirasse meu filho de mim, mas agora estávamos livres dele. Com um suspiro trêmulo, eu subi as escadas com cuidado e entrei no quarto que me lembrava tanto o meu companheiro.
Eu me senti um pouco estranha por estar no seu espaço sem ele por perto, mas só de entrar aqui eu me sentia mais leve. Inclusive, a cama parecia bastante convidativa naquele momento. Mas antes, fiz uma parada rápida no banheiro, onde logo tratei de me de me livrar do uniforme que recebi naquela cela. Segundo os meus sequestradores, era para evitar que eu tentasse qualquer bobagem. Meus vestidos — sim, eles me deram apenas vestidos — não tinham botões, nem zíperes, sem falar que só fechavam na frente com velcro.
O babaca se certificou de que eu soubesse o meu lugar como sua prisioneira e fábrica pessoal de bebês ao invés de outro ser vivo. Enquanto me despia, tirei um instante para observar o banheiro e fiquei chocada com o tamanho. Era gigante. Na verdade, não entendi porque aquilo me surpreendeu tanto, considerando que meu companheiro era um homem enorme e isso não era um trocadilho.
Eu me senti uma formiguinha ali dentro, embora o lugar tivesse uma atmosfera reconfortante. Ou talvez fosse o cheiro do meu companheiro ainda presente nas paredes que me fizesse me sentir tão bem. Ao entrar no box, o chuveiro ligou automaticamente, disparando água por todos os lados. Não pude deixar de soltar um gritinho enquanto me agarrava a coisa mais próxima que encontrei. Então, soltei uma risada vertiginosa. Que chuveiro sorrateiro! Depois de me acalmar um pouco, comecei a curtir o banho.
A água não estava nem muito fria, nem muito quente. A temperatura era ideal. A pressão do jato sobre a minha pele também parecia perfeita, atingido todos os meus pontos deliciosos de uma só vez. Eu me sentia calma e relaxada.
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