Capítulo 106
1045palavras
2023-07-13 00:02
Ponto de vista de Inara:
"Não sinta. Ainda dói de vez em quando, mas sei que ela está em um lugar melhor agora, um lugar sem sofrimento. E sei que um dia irei conhecê-la na vida após a morte. Eu acredito que tudo acontece por uma razão.
"Tudo o que aconteceu a nós dois serviu para nos unir neste exato momento e estou feliz que isso tenha acontecido. Quero que você saiba que não precisa de uma família de sangue tradicional para saber o que é a alegria de se ter uma família e experienciar o amor como Magnus descreveu.
"Família é o amor em sua forma mais pura e seus membros são formados por pessoas que compartilham desse sentimento, independente do sangue que corre em suas veias. O que quero dizer é que ter o mesmo sangue é apenas um bônus porque, no fim do dia, uma família de verdade arrisca tudo uns pelos outros apenas para garantir que um ente querido esteja seguro e feliz. E para mim, você é isso.
"Você se tornou um membro da minha família no primeiro dia em que entrou na minha cela com aquela atitude atrevida e um sorriso travesso. Você pode ter perdido a sua família de sangue, mas saiba que ganhou muito mais agora, Meissner. Vendo o mago incrível que você se tornou, diria que aquele grupo de magos lhe fez bem. Além disso, agora, você tem essa v*dia autoritária ao seu lado", murmurei com o máximo de amor e sinceridade que consegui colocar em minhas palavras. Eu precisava mostrá-lo o quanto ele significava para mim.
"Ah, finalmente, você admitiu que é uma v*dia autoritária", ele brincou, mas era possível perceber a emoção em seu tom.
Puxando uma mecha de seu cabelo, sorri, satisfeita, quando ele gritou de um jeito dramático.
"Aí está a minha rainha do drama", eu disse com uma risada que mal pude conter.
Minha tentativa de animá-lo funcionou porque, em um piscar de olhos, ele saltou da cama e pegou um travesseiro para me bater com ele. No entanto, antes que ele pudesse me acertar, cobri minha barriga com as mãos, o que o fez voltar a si imediatamente. Mal ele sabia que era esse o meu plano o tempo todo.
Distrair e conquistar. Ao pegar outro travesseiro, bati nele. O choque em seu rosto me fez soltar a gargalhada que estava prendendo com muito esforço.
"Ah! Isso foi extremamente sorrateiro! Não se atreva a usar minha sobrinha ou sobrinho nas suas armações. Irei contar tudo a ele ou ela no momento em que conseguir me entender!" Ele ameaçou, mas o sorriso genuíno em seu rosto deixou claro que nossa conversa havia sido boa. Iríamos ficar bem. Talvez não imediatamente, mas aos poucos. E eu estaria ao seu lado a todo momento.
"Seu fofoqueiro! Bom, agora que você já parou de chorar como um bebê, vamos comer alguma coisa. Estou morrendo de fome."
"Claro, claro... Vamos alimentar sua b*nda gorda antes que você resolva vir atrás do meu corpo suculento."
"Aposto que você tem um gosto muito amargo..."
"Ah! Como ousa!" Ele colocou uma mão no peito de forma dramática para mostrar toda a sua indignação.
Revirando os olhos, eu o empurrei para fora do meu caminho e fui atrás de Magnus para saber se ele já tinha providenciado a comida que prometeu. De repente, eu estava com tanta fome que tudo o que queria fazer era comer. Talvez toda aquela adrenalina provocada pelos eventos do dia estivesse finalmente passando e, com isso, as maravilhas da gravidez começavam a voltar. Sim, estava sendo sarcástica.
Não pude evitar colocar um sorriso no rosto ao ouvir Meissner tagarelando atrás de mim. Estava feliz por ter conseguido fazê-lo parar de pensar em qualquer coisa depressiva que pudesse estar passando pela sua cabeça, devolvendo sua alegria de sempre.
Depois de descer as escadas, voltamos para a sala de estar pela qual passamos quando chegamos e nos deparamos com ela vazia. Antes que pudesse chamar por Magnus, um cheiro apetitoso chegou até nós. Não pude evitar o ronco que meu estômago deu. Sem mais delongas, segui aquele aroma e encontrei Magnus na sala de jantar, arrumando os pratos na mesa.
"Pensei que você não comesse comidas mundanas", provoquei-o quando notei um prato a mais sobre a mesa.
Ele revirou os olhos, tentando evitar um sorriso. "E não como, mas alguns dias eu abro uma exceção. Hoje é um deles."
"Não precisa. Eu ficaria feliz em comer no seu lugar se o sabor da comida for metade do que o cheiro promete", Meissner afirmou em um tom bastante sério enquanto se aproximava de um dos pratos fumegantes.
"Não se atreva!" Eu gritei com as sobrancelhas erguidas ao vê-lo pegar em seus talheres, pronto para atacar.
"Mas... Mas..." Ele gaguejou.
"Mas nada! Esperar alguns minutos não irá matá-lo, sem falar que a comida não vai a lugar nenhum. É falta de educação começar a refeição antes do anfitrião se sentar", expliquei com determinação e não tirei os olhos dele até ele colocar os talheres de volta na mesa.
Meu sorriso de satisfação foi recebido com palavras incompreensíveis, as quais ele murmurou em um tom tão baixo que nem minha audição aguçada foi capaz de captar.
"Há algo que você gostaria de dizer?" Eu o perguntei sarcasticamente, mas fui ignorada.
Magnus, então, entrou novamente na sala com uma jarra cheia de um líquido de cores vivas, que presumi ser uma espécie de suco. Por mais intimidador e esquisito que fosse, tinha certeza de que não estava envenenado. Neste caso, não teria problema nenhum em bebê-lo.
"O que diabos é isso?" Meissner meneou a cabeça em direção a jarra.
"As pessoas aqui chamam de 'gustum vitae', o que significa 'o sabor da vida'. Um nome ridículo, eu sei, mas espere até prová-lo. Eu também não levei muita fé no início, mas quando o tomei pela primeira vez, não consegui mais parar", ele respondeu antes de soltar uma risada, que parecia estar segurando desde que viu o olhar que dei a Meissner.
"Não seja tão dura com ele. Se eu não estivesse tentando ser civilizado e causar uma boa primeira impressão, eu mesmo teria atacado essa comida antes de chegar à sala de jantar", ele acrescentou, dando uma piscadela para Meissner.