Capítulo 97
919palavras
2023-07-04 00:02
Ponto de vista de Inara:
Embora eu tivesse noção de que havia algum tipo de luta acontecendo lá fora, eu não esperava me deparar com a bagunça sangrenta à minha frente. Rapidamente, consegui distinguir os dragões do meu reino pelas cores de suas armaduras e o brasão, mas foram os demais guerreiros que me fizeram parar.
Alguns deles eram bem mais altos do que todo mundo assim como Xav. Não foi preciso ninguém me dizer que aqueles eram os membros de sua família. No entanto, havia outros guerreiros tão altos ou talvez até mais do que os nossos dragões e os magos do lado adversário. Diante disso, não pude deixar de me perguntar de que espécie e de onde eles eram. Ainda assim, ninguém chamava mais a atenção do que o bando de mulheres que lutavam ferozmente contra um grande número de magos. O mais impressionante era que elas os derrotavam sem parecer fazer o menor esforço.
Elas se moviam todas juntas em uma espécie de formação que quase parecia uma dança. A mulher bem na frente do derramamento de sangue foi quem mais prendeu a minha atenção.
Seu traje de batalha parecia ter sido costurado à sua própria pele. Seus cabelos brancos como a neve e a expressão feroz em seu rosto, lembraram-me de um certo homem alto e bonito que tinha conhecido há pouco tempo.
Ao me virar para Xavier, percebi que ele também a encarava com os olhos cheios de orgulho, amor e respeito. Não demorei muito para me tocar de que eles eram da mesma família.
"Vejo que você já avistou minha mãe, não é?"
"Mã... mãe? Por um momento, achei que ela fosse sua irmã."
"Ela ficaria lisonjeada em ouvir isso, mas, na verdade, ela é minha mãe. No entanto, eu também tenho uma irmã mais nova, Claire. Você vai conhecê-la em breve."
"Uau! Ela parece tão jovem e durona. Eu detestaria estar no lugar daqueles magos agora e mal posso esperar para conhecer sua irmãzinha."
"Ah, isso eu te garanto, não é nada legal estar no lugar deles. Falo por experiência própria porque foi ela mesma que me treinou."
"Ela o treinou? Por que você precisaria de treinamento?"
"Eu venho de um reino e uma família diferente da qual está acostumada, Inara. As coisas são feitas de outro jeito por lá, um que você viria a entender com o passar do tempo, mas, sim, na minha família todos começam a ser treinados assim que aprendem a andar e falar."
"Nossa... No reino do meu pai, quando um filhote nasce, dependendo do tipo de dragão, deixamos que eles aproveitem sua infância até terem idade suficiente para decidir se querem ser guerreiros ou qualquer outra coisa."
"Por mais divertido que isso pareça ser, honestamente, não acho que esse tipo de criação teria sido bom para mim ou para qualquer um em meu reino."
"Por quê?"
"Essa é uma história para outro dia."
"Bom, já que a princesa vai ganhar uma história, será que você poderia me apresentar àquelas mulheres lutando ao lado da sua mãe?" Meissner perguntou de repente. Por um momento, eu tinha me esquecido de que ele estava conosco. Eu devia saber melhor.
Xavier, então, caiu na gargalhada, fazendo-me questionar o que havia de tão engraçado em sua pergunta.
"Essas mulheres iriam mastigá-lo vivo e depois cuspi-lo!"
Xavier conseguiu dizer entre uma risada e outra.
"Ah, qual é! Você não tem como saber disso!" Meissner insistiu.
"Tenho sim. Eu vivi e treinei com elas durante boa parte da minha vida. Agora, chega de papo. Vamos em frente."
Em seguida, estávamos em movimento outra vez. As atividades, e com isso quero dizer as pessoas lutando, pareciam estar por toda parte, portanto, tivemos que passar por todo mundo depressa e sem parar.
Assim que saímos da mina, encontramos outro homem bonito, preguiçosamente encostado contra uma pedra.
"Vocês demoraram bastante, hein", ele provocou, movimentando as sobrancelhas.
"Vá se ferrar", Xavier respondeu com um sorriso.
"Ah! Nem acredito que finalmente vou conhecê-la. Você deve ser Inara. Meu nome é Magnus, irmão mais velho do seu companheiro", ele se apresentou antes de pegar minha mão e beijá-la.
Não pude conter o suspiro que escapou dos meus lábios.
"Pare com isso, seu idiota", Xavier disparou com uma risada, o que me pegou de surpresa, pois estava esperando mais um de seus rosnados.
"E quem poderia ser esse belo cavalheiro?" Ele questionou ao voltar sua atenção para Meissner.
"Meissner, o magnífico", o pirralho retrucou enquanto avaliava Magnus de cima a baixo.
"Acho que vamos nos dar muito bem Meissner, o magnífico."
"Ninguém o chama assim além dele mesmo", eu intervim e os dois reviraram os olhos para mim. Agora entendi porque eles se dariam tão bem.
Que a fonte tivesse piedade de nós ou estaríamos todos condenados!
"Meros mortais como esses subalternos são incapazes de entender seres magníficos como nós", Magnus sussurrou, embora todos pudéssemos ouvi-lo alto e bom som.
"Tsc! Nem me fale!" O pirralho concordou.
Ao olhar para o meu companheiro, vi que ele tinha uma careta no rosto. Pelo visto, ele havia se dado conta do mesmo que eu. Esses dois nos dariam mais dor de cabeça do que esperávamos.
"Vocês podem ser esquisitos o quanto quiserem depois, mas agora precisam ir. Só tentem não enlouquecer minha companheira antes que eu possa construir uma vida ao lado dela."
"Céus, como pode pensar algo tão terrível de mim? Vou me comportar da melhor maneira possível e tenho certeza que Meissner também", Magnus se defendeu, bancando o falso inocente.