Capítulo 96
850palavras
2023-07-03 00:01
Ponto de vista de Inara:
"Precisamos fazer a troca agora", Inara impostora interveio de repente com um tom urgente.
"Por quê? O que está acontecendo? Você viu alguma coisa?" Perguntei, receosa.
"Na verdade, não. Nós só precisamos agilizar as coisas e tirá-la daqui", ela respondeu antes de lançar um olhar bastante expressivo na direção de Xavier. Naquele momento, soube que havia mais coisa acontecendo do que eles estavam me contando, mas antes que pudesse refletir sobre o assunto, fui arrastada para dentro da minha cela novamente.
Com algumas palavras sussurradas, um escudo negro nos separou dos olhares alheios, então, a maga começou a se despir.
"Não temos o dia todo, Inara", ela disse quando notou que eu ainda estava ali parada.
Rapidamente, eu me movimentei e em pouco tempo trocamos de roupa e ajeitamos uma a outra. Ainda me surpreendia com o quanto éramos parecidas e mesmo assim indivíduos diferentes. Depois de nos entreolharmos uma última vez, com um aceno de cabeça, saímos de trás do escudo negro, que imediatamente evaporou.
"Ainda não consigo dizer quem é quem", murmurou Meissner. Aquele garoto não sabia a hora de ficar de boca fechada.
"Bom, eu consigo", Xavier retrucou com os olhos fixos em mim. Então, ele caminhou na minha direção e me abraçou suavemente.
"Eu... eu..." Tentei dizer algo.
"Shh... Está tudo bem. Conversaremos depois que isso tudo acabar. Agora, só preciso levá-la para um lugar seguro."
"Promete que vai voltar para mim?"
"Prometo, pequenina..."
"Eu não sou pequenina!" Reclamei com um beicinho que fez ele e os demais caírem na gargalhada.
"Claro, claro, sabemos disso. Com esse homem bestial do lado de uma coisinha fofa e pequena, dá para ver o quão alta você é, Inara", o pirralho grasnou sem conseguir esconder o riso em seu tom.
"Cale a boca, pirralho!" Dissemos eu e a maga ao mesmo tempo. O olhar de horror que se espalhou pelo seu rosto fez tudo valer a pena.
"É melhor esse pesadelo acabar logo. Já é difícil aturar uma Inara, mas duas não vou dar conta!" Ele resmungou, fazendo beicinho e batendo os pés. Embora essa fosse uma cena estranhamente fofa, jamais diria isso a ele, que daria um jeito de me irritar só para se vingar.
"Vai acabar logo. Já estou começando a enlouquecer com isso também", Xavier admitiu baixinho enquanto eu me virava para encará-lo.
"Ah, tá vendo!" Meissner exclamou ao fundo.
"Por favor, fique bem", sussurrei para Xavier, lutando contra as lágrimas que se acumulavam nos meus olhos.
"Sempre... eu amo..." Eu não o deixei terminar sua declaração. Então, fiquei na ponta dos pés para encostar meus lábios suavemente nos seus. Eu não queria que ele dissesse aquelas palavras apenas para retirá-las depois de ouvir tudo o que tinha para lhe contar. Afinal, ainda existia uma pequena possibilidade de ele ficar com nojo de mim e não querer nada comigo, mas até lá eu iria me agarrar ao que conseguisse neste momento e a este beijo.
Ele congelou apenas por uma fração de segundo antes de me beijar de volta com um fervor que me deixou de pernas bambas. Em seguida, minhas mãos encontraram o caminho para o seu peito e logo ele estava me levantando em seus braços.
Derreti com nosso beijo. Parecia que havia pequenas faíscas de eletricidade percorrendo todo o meu corpo.
Quando mordi seu lábio inferior, o rosnado que escapou dele fez um arrepio correr minha espinha. Não pude deixar de me aproximar ainda mais do seu corpo, pressionando o meu contra o seu. Ao que parecia, tivemos a mesma ideia porque suas mãos me apertaram com ainda mais força se isso era possível.
"Por mais interessante que seja assistir isso, odeio ser estraga-prazeres, mas vocês precisam ir agora", disse a maga com um toque de tristeza na voz.
"Vamos terminar isso mais tarde", Xavier rosnou, fazendo-me voltar a olhar para ele, e o que vi me deixou hipnotizada. Seus belos olhos heterocromáticos tinham manchas vermelhas e douradas brilhantes em cada um deles, mas o que ainda não havia notado era o preto entrelaçado em cada íris. Eu queria perguntar o porquê daquilo, mas sabia que não era hora, nem lugar para isso. Após depositar um último beijo em seus lábios, tentei deixar os seus braços. O rosnado que escapou dele deixou clara sua insatisfação.
"Xavier..." Eu comecei.
"Eu sei... Só me dê um minuto."
Ficamos nos braços um do outro até aquele minuto acabar. Então, Xavier me soltou, ajudando-me a me equilibrar em meus pés. Mesmo assim, ele manteve um braço em volta de mim.
Lançando um último olhar para a maga, meneei minha cabeça para ela antes de Xavier agarrar minha mão e me puxar pelo caminho por onde entrou.
"Você também, Meissner", ele ordenou atrás dele.
Prevendo que o jovem mago retrucaria, Xavier acrescentou: "E não discuta. Você não irá lutar, muito menos ficar aqui!"
"Mas eu quero ficar e ajudar..."
"Você poderá ajudar cuidando de Inara. Ela vai ser transferida para alguns locais longe daqui e será bom ter um rosto familiar por perto até eu voltar."
"Bom, sendo assim, acho que eu vou..."