Capítulo 98
899palavras
2023-07-05 00:02
Ponto de vista de Inara:
Ao olhar para o meu companheiro, vi que ele tinha uma careta no rosto. Pelo visto, ele havia se dado conta do mesmo que eu. Esses dois nos dariam mais dor de cabeça do que esperávamos.
"Vocês podem ser esquisitos o quanto quiserem depois, mas agora precisam ir. Só tentem não enlouquecer minha companheira antes que eu possa construir uma vida ao lado dela."
"Céus, como pode pensar algo tão terrível de mim? Vou me comportar da melhor maneira possível e tenho certeza que Meissner também", Magnus se defendeu, bancando o falso inocente.
Ponto de vista de Xavier:
Os dois idiotas trocaram um olhar que nem me dei ao trabalho de tentar adivinhar o que significava. Era óbvio que eles ainda nos colocariam em muita confusão, independente de estarmos preparados para isso ou não.
Ao me virar para encarar minha Inara, sem que ela esperasse, puxei-a para perto de mim outra vez e apenas aproveitei o breve contato.
A maneira como ela imediatamente relaxava seu corpo contra o meu me dava uma paz enorme, além de me fazer sentir como se pudesse conquistar o mundo.
Não queria parecer arrogante, mas quando se tratava dela, eu sentia mesmo que era capaz de qualquer coisa sem nem sequer suar a camisa. Era uma sensação emocionante.
Enquanto isso, os dois idiotas já estavam assobiando e fazendo comentários inapropriados como se não estivéssemos no meio de uma batalha e o início de uma guerra.
"Eles vão cuidar de você. Tente não se preocupar muito. Tudo isso vai acabar logo", garanti.
"Vou cobrá-lo disso."
Em seguida, fiz um gesto com a mão e prendi a respiração conforme um portal aparecia atrás dela.
"E ele ainda diz que não é um mago." Meissner deu uma risadinha.
"Ele não é mesmo", Magnus retrucou com uma gargalhada.
Agarrando a mão de Meissner, ele o puxou abruptamente em direção ao portal. Embora tivesse sido muito engraçada a forma como o grito do jovem mago ecoou pelo ar, não consegui rir naquele instante.
"Eu voltarei para você..."
"Eu sei", ela sussurrou enquanto me abraçava com ainda mais força.
Após deixar um beijo rápido em sua testa, eu a empurrei gentilmente na direção de Magnus, que nos observava com um sorriso afetuoso no rosto.
"Venha, querida, precisamos ir agora. Tenho tanta coisa para lhe mostrar. Nosso grandalhão sabe se cuidar e estará em casa antes que perceba", ele a tranquilizou enquanto a puxava através do portal.
Olhei uma última vez para ela, então, eu me virei e refiz meu caminho de volta. A luta parecia ainda mais intensa e sangrenta do que antes.
Pelo visto, esses magos estavam mesmo fazendo de tudo para defender e proteger aquele cretino. Embora eu pudesse respeitar seus esforços, era uma pena que estávamos em lados opostos no campo de batalha. Isto era guerra!
Por um instante, fiquei espantado ao ver que uma das guerreiras de minha mãe havia mudado de forma.
Havíamos estabelecido uma regra sobre não nos transformar para evitar outro motim ou guerra quando essa confusão acabasse. No entanto, talvez não desse para chamar o que ela fez de transformação, pois tudo o que se podia ver era um par de olhos vermelhos em uma criatura que mais parecia uma sombra.
Isso nunca deixava de ser esquisito ou assustador de se ver, embora já tivesse testemunhado essa cena inúmeras vezes. Foi isso o que quis dizer quando disse que minha mãe forjava guerreiras jamais vistas antes.
Ao mesmo tempo que eram aterrorizantes, havia algo de incrível nelas. Então, quando os gritos começaram a ecoar à nossa volta, não podia dizer que fiquei realmente chocado.
Surpreendentemente, essas mulheres amavam o que haviam se tornado. Na verdade, elas ostentavam suas habilidades como uma medalha de honra.
A lealdade delas para com minha mãe sempre foi algo inquestionável para mim enquanto crescia. E me deixava muito feliz saber que, depois de tudo o que aconteceu, ela tinha pessoas com quem podia contar sem pestanejar.
Conforme retornava para a antiga cela de minha companheira, um grupo de magos surgiu do nada e entrou no meu caminho.
"Que boa surpresa vê-los aqui!" Eu rosnei sarcasticamente.
"A luta é do lado fora, não lá dentro", um dos magos cuspiu.
"Bom, primeiro eu vou buscar algo que me pertence aí dentro", retruquei com as sobrancelhas erguidas.
"Ah, dane-se!" Um deles gritou. Não saberia dizer qual, pois, no momento seguinte, havia uma série de corpos se chocando e cabeças voando.
Ah... Precisava admitir que senti falta dessa adrenalina que corria pela minha corrente sanguínea durante a batalha. Era um tipo diferente de droga, deveria dizer.
Passei por eles o mais rápido possível e em pouco tempo estava diante da cela que havia acabado de deixar. Nem parecia que eu havia destruído as barras de ferro antes de resgatar Inara.
Quando vi a maga, ela estava de pé, andando de um lado para o outro com um olhar estranho no rosto. A verdade era que ainda me sentia muito desconfortável perto dela devido a sua semelhança com a minha companheira.
Ao me aproximar, limpei minha garganta para chamar sua atenção.
"Você voltou..." Ela sussurrou, aliviada.
"Eu disse que voltaria", respondi baixinho.
"Bom, dizer e fazer são duas coisas bem diferentes."
"Eu gosto de manter minha palavra. Agora, vamos tirar você daqui..."
"Ah... Ah... Ah... Não tão rápido, filho!" Uma voz bastante irritante cortou a atmosfera agradável.