Capítulo 93
972palavras
2023-06-30 00:01
Ponto de vista de Xavier:
Ao mesmo tempo que os dias pareciam andar mais rápido, eles ainda passavam mais devagar do que eu gostaria. Fizemos planos e os revisamos tantas vezes que eu poderia repeti-los de cor e salteado. Por fim, fiquei muito feliz quando a espera acabou. Não sabia dizer quanto tempo mais eu conseguiria esperar ou como reagiria se me pedissem mais um tempo.
Nosso dia de sorte havia chegado. Todas as nossas principais peças estavam em seu devido lugar. Armand se encontrava exatamente onde queríamos. Só faltava a Inara impostora. Ela havia nos pedido alguns dias sozinha fora dos muros do palácio para ir se preparar e processar tudo. Como o que estávamos pedindo dela era muito, concordei imediatamente em deixá-la partir.
Para o que ou como ela iria se preparar, ela não nos contou. Agora, faltava apenas ela para colocar nosso plano em prática, porém, alguns dias se passaram e ela ainda não havia voltado.
Já estava amanhecendo quando deixei o subsolo, onde nossas tropas e as do rei estavam reunidas. No fim das contas, havíamos conseguido que parte do exército do meu avô viesse com o restante da garotas da minha mãe e precisava admitir que elas realmente aprimoraram o treinamento dos homens ao gritar com eles, fazendo-os treinar mais.
Logo percebi que um dragão macho alfa treinando duro não era nada comparado a um que fazia o mesmo depois de levar uma surra de uma mulher que era metade do seu tamanho.
Sabia que eles tinham muitas perguntas, já que todas essas mulheres lutavam extraordinariamente bem. Graças a comida que minha mãe lhes preparava, elas eram mais letais do que aparentavam e sabiam usar isso a seu favor fosse aqui ou no nosso reino, o que me deixava muito feliz por elas. Ah, e antes que alguém pergunte, as tropas do meu avô vieram porque ele mesmo as enviou.
Devíamos ter desconfiado que não conseguiríamos nos esconder dele por muito mais tempo. No entanto, apesar de ter enviado suas tropas, não o vimos ou ouvimos falar dele. Talvez essa fosse sua maneira silenciosa de nos informar que ele sabia de tudo e estava surpreendentemente bem com isso.
Desde que chegaram, os homens do meu avô permaneceram escondidos, pois não queríamos que a notícia chegasse aos ouvidos de Armand e até agora estávamos sendo bem sucedidos. Ao me virar em direção ao jardim secreto do rei, encontrei alguém me esperando pacientemente.
A Inara impostora.
"Você voltou", sussurrei com um certo espanto.
"Sim! Exatamente como eu disse que faria. Gosto de cumprir minhas promessas", ela respondeu com um pequeno sorriso.
"Fico feliz em vê-la. Sinto muito por termos que seguir com o plano apesar de você ter acabado de voltar, mas..." Eu comecei a dizer.
"Eu sei, Xavier, e entendo. Eu consigo ver as memórias dela, lembra? Mas fico contente que ela tenha alguém como você. Alguém que a ame de todo o coração, independente de... você sabe."
"Ela não tem culpa do que lhe aconteceu."
"Sim e é preciso alguém de coração puro como você para perceber isso. Espero encontrar um companheiro como você algum dia, Xavier."
"Ah, você vai... Mais cedo do que imagina, maga."
"Você sabe de alguma coisa que eu não sei?"
"Na verdade, não, mas sei que ser fiel a si mesma irá facilitá-la a encontrar a pessoa que busca."
"Agora sei que você definitivamente sabe de algo, mas não vai me dizer. Tudo bem, vou apenas manter isso em mente."
"Ótimo. Agora vamos dar início ao show."
Em seguida, fizemos o caminho de volta para o campo de treinamento, onde nos juntamos aos demais para vestirmos nossos trajes de batalha. Uma atmosfera tensa pairava no ar, afinal, estávamos todos muito preocupados com o que poderia acontecer em Sallsynt Guld enquanto torcíamos silenciosamente para o melhor desfecho.
O plano era dividir as equipes em cinco grupos liderados por mim, minha mãe, tio Luke e Magnus. Decidimos que o rei ficaria de fora com o quinto grupo, pois, além de não ser seguro deixar o trono desprotegido, não podíamos garantir que Armand não se lançaria de alguma manobra sorrateira para se livrar de nós.
Minha equipe iria direto para a extração. Iríamos trocar a Inara verdadeira pela sua impostora, então, levá-la para o lugar mais distante possível. Depois, eu voltaria e, se o destino não decidisse estragar tudo, chamando a atenção de Armand para a troca, eu resgataria a maga antes de ir pessoalmente até o cretino quebrar todos os seus dentes.
As outras duas equipes lideradas por Magnus e tio Luke cobrirão a entrada e a saída das minas. A última equipe seria nosso plano B caso algo saísse errado durante a extração. Depois que todos nos vestimos, minha mãe fez sua mágica, estabelecendo um vínculo temporário entre nós para evitar surpresas e facilitar nossa comunicação.
Antes que os dragões pudessem perguntar ou desdenhar dela por ser uma maga, fui rápido em calar suas bocas e garanti-los de que minha mãe era algo muito mais perigoso do que uma maldita maga. Os reis e o povo desse lugar precisavam entender de uma vez que essa coisa de odiar magos à primeira vista estava muito ultrapassado.
Após repassarmos o plano mais uma vez, abri alguns portais para um local próximo de onde achávamos que ficava a tal mina. No entanto, todas as nossas tentativas de evitar que alguém estivesse esperando por nós do outro lado foram por água abaixo. Não me surpreendeu em nada encontrar aquele lugar infestado com mais magos do que havíamos estimado. Armand devia ter algum trunfo na manga para ter todos aqueles magos no bolso.
Ao que parecia, eles sabiam que estávamos chegando, mas bastou um olhar do tio Luke para descobrir o plano deles. E antes que ele terminasse de compartilhá-lo conosco, já estávamos avançando uns nos outros.
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