Capítulo 94
952palavras
2023-07-01 00:02
Ponto de vista de Xavier:
Após repassarmos o plano mais uma vez, abri alguns portais para um local próximo de onde achávamos que ficava a tal mina. No entanto, todas as nossas tentativas de evitar que alguém estivesse esperando por nós do outro lado foram por água abaixo.
Não me surpreendeu em nada encontrar aquele lugar infestado com mais magos do que havíamos estimado. Armand devia ter algum trunfo na manga para ter todos aqueles magos no bolso.
Ao que parecia, eles sabiam que estávamos chegando e poderia apostar minha última vida de que a descrença estampada em seus rostos tinha a ver com a nossa aparência. Pela maneira como seus olhos continuaram saltando entre mim, minha mãe e meu tio, eu diria que a sorte ainda estava a nosso favor.
Embora eu tenha notado vários deles lançando olhares furtivos para as guerreiras que vieram conosco, pela forma como alguns deles se mexiam nervosos ou engoliam em seco, diria que estavam muito interessados nelas, não que elas tivessem dado qualquer indício de sentir o mesmo por eles, considerando o olhar vazio em seus rostos.
Mas o espanto dos magos durou apenas alguns minutos antes de recuperarem a compostura e se posicionarem para nos confrontar. Eles pareciam até mais firmes do que quando os encontramos. Dava para sentir um toque de luxúria no ar, embora o clima estivesse tão pesado, que era possível cortar a tensão com uma faca.
No entanto, bastou um olhar do tio Luke para descobrir o plano deles. E antes que ele terminasse de compartilhá-lo conosco, já estávamos avançando uns nos outros.
Não pude deixar de ficar um pouco preocupado, afinal, mal tínhamos chegado aqui e o plano já estava dando errado. Pelo lado positivo, o tio Luke conseguiu ver toda a extensão de seus planos e podemos trabalhar a partir daí.
Ainda assim, precisava admitir que os magos lutaram muito bem. Eles se utilizaram mais de suas armas e seus golpes antes de recorrer a truques de mágica quando perceberam que estávamos páreo a páreo com eles.
Em determinado ponto, precisei recuar para aproveitar a chance de fazer a troca das Inaras. Eu tinha acabado de me afastar para apanhar a Inara impostora por trás da barricada de nossas guerreiras quando um mago bem jovem entrou em meu caminho.
"Oi, eu sei que está aqui por Inara. Posso te levar até ela", ele disse, olhando o tempo todo para a luta que acontecia ao nosso redor. Então, ele passou um minuto inteiro me analisando de cima a baixo.
"Meissner", murmurei assim que toquei em seu ombro.
"Como... como sabe meu nome? Eu... eu..." Ele gaguejou, dando alguns passos para trás.
"Não quero te fazer mal e como sei tanto a seu respeito é algo que terei que deixar para explicar mais tarde. Agora, realmente preciso que me leve até Inara", eu o tranquilizei.
"Claro... claro... você nem parece intimidador ou nada assim. Apenas me siga depressa", ele instruiu enquanto se virava para ir embora.
Com um aceno de cabeça para as guardas, elas abriram uma pequena brecha para que eu pudesse apanhar a Inara impostora. Em seguida, corremos atrás do jovem mago. Eu esperava que ele entrasse pela porta da frente, mas ele passou por ela rumo a uma abertura no final da parede. Ele se virou uma vez para ter certeza de que eu o acompanhava, então, voltou sua atenção para a mulher ao meu lado.
"Caramba! Inara? Mas... mas... como você chegou aqui? A última vez que te vi estava em sua cela..."
"Esta não é Inara. Quero dizer, se parece com ela, mas não é ela de verdade."
"Como? Você pode me explicar, por favor?"
"Quando tudo isso acabar, eu vou. Agora, vamos continuar o show. Temos que trocá-las de lugar antes que Armand venha buscá-la."
"Trocar? Trocar quem? Como você sabe que Armand vai descer para pegá-la? Eu não vejo esse babaca há dias! O que diabos está acontecendo?" Ele tagarelou enquanto nos conduzia por uma série de portas.
"Alguém já lhe disse que você fala demais e faz muitas perguntas?" A Inara impostora indagou, fazendo-o parar para encará-la com o cenho franzido.
"Você fala igualzinho a ela também. Argh, é o mesmo tom autoritário e irritante!" Meissner reclamou, exasperado.
"Pensei que vocês fossem amigos", comentei, curioso.
"Nós somos, mas não disse nenhuma mentira. Inclusive, digo isso a ela o tempo todo. Ela sabe que é uma criança mimada."
"Acho que é preciso um para conhecer o outro, hein."
"Ah, não! De jeito nenhum vou deixar você zombar de mim como ela faz o tempo todo!" Ele disse ao apontar um dedo para a mulher ao meu lado com os olhos semicerrados. Ele era engraçado demais e estranhamente fofo para ser intimidador. Não pude evitar a risada que deixou os meus lábios.
"Vejo que vocês têm uma amizade bem interessante", provoquei.
"Mas é claro, até porque eu sou um poço de sabedoria e emoção. Ela não sabe viver sem mim", ele respondeu descaradamente.
"Ah, não minta para eles, Meissner. Nós dois sabemos o terror que você é!" A voz que tanto esperei ouvir novamente ecoou pelas paredes, fazendo-me acelerar meu passos para encontrá-la.
Ao virar a última esquina, lá estava ela, de pé no meio da sua cela com a mão na cintura, esperando por Meissner. No entanto, assim coloquei meus olhos nela e nossos olhares se encontraram, senti nosso vínculo se encaixar. Simplesmente não pude evitar o suspiro que escapou dos meus lábios, pois sabia que ela havia sentido o mesmo.
"Xavier..." Ela sussurrou sem acreditar em seus olhos.
"Inara", murmurei de volta enquanto me aproximava dela.
"Você conhece esse cara?" Meissner se intrometeu, não que algum de nós tivesse lhe dado atenção.