Capítulo 88
1142palavras
2023-06-25 00:01
Ponto de vista de Armand — um passo adiante em sua ganância:
Esperei até estarmos fora do alcance de ouvidos indiscretos antes de me voltar para a maga.
"Você parece um louco. Por favor, pare sorrir desse jeito", ela disparou, mas nada conseguiria arruinar o meu bom humor.
"Quem, de que espécie e de onde eles são?" Perguntei.
"Não faço ideia. Tudo o que sei é que eles vêm de uma linhagem nobre muito poderosa. Como a essência deles está sempre oscilando, é difícil dizer exatamente de que espécie são, mas às vezes sinto cheiro de lobisomem, vampiro e até enxofre e queimado. Sendo assim, não consigo determinar com certeza quem é o quê", ela respondeu com certa petulância.
"Que estranho. Também não consegui detectar muita coisa. Podia sentir algo diferente, mas não consegui identificar o que exatamente."
"De toda forma, por que você quer saber e por que decidiu vir hoje depois de tantos dias?"
"Por que eu quero saber? Ah, se você fosse mais esperta, já teria ligado os pontos e vim hoje para vê-la, é claro!"
"Você pode enganar todo mundo, mas não a mim, portanto, poupe-me da sua baboseira. Você veio por causa deles, não é?"
"Olha, agora ela entendeu! Eu sei que dragões são poderosos, mas meu pai me ensinou que existem incontáveis criaturas por aí que nunca vimos ou ouvimos falar com poderes imensuráveis e se uma dessas criaturas desconhecidas estiver aqui neste momento, encararei isso como uma benção da fonte para essa guerra que se aproxima. Jamais conheci nenhum ser que fosse maior do que um dragão da realeza e mesmo o menor daqueles convidados era do tamanho do rei. Há algo sobre eles que eu só não consigo deixar para lá."
"Sua ganância será o seu fim, Armand! Você não tem ideia do que ou quem eles são, sem falar do que são capazes!"
"Vi o suficiente para saber que eles são capazes de coisas grandiosas. Não preciso saber de mais nada além do fato de que eles estão em conflito com aquele rei inútil!"
"Armand, Armand, Armand... Por que você odeia tanto o rei? O que ele te fez?"
"Isso não é da sua conta! Por acaso, você descobriu o nome da mulher que veio com eles? A mãe do príncipe."
"Não, quando cheguei lá eles já estavam no meio de uma discussão acalorada. Ninguém se preocupou em nos apresentar. Na verdade, eles só se apresentaram depois que você chegou. No entanto, o príncipe tinha se oferecido para me acompanhar na saída, talvez quisesse conversar ou me conhecer melhor? Enfim, nunca iremos saber porque você decidiu aparecer bem na hora."
"Isso realmente é uma lástima, mas você sempre pode encontrar uma outra maneira de se reaproximar dele e obter o máximo de informação sobre ele e sua família para mim."
"Vou tentar, Armand, mas não posso garantir que encontrarei algo de útil. A propósito, por que quer saber sobre a mãe do príncipe?"
"Nada de mais! Ela é só alguém que eu gostaria de conhecer melhor..."
A risada que escapou da megera me fez travar o maxilar. "O que há de tão engraçado para você rir desse jeito hediondo?"
"Você, Armand! Não posso acreditar que está cobiçando alguém que você não conhece nada a respeito. Bom, cada um sabe de si, mas se tenho certeza de uma coisa é que aquela mulher devora homens como você no café da manhã! Ela me fez uma pergunta assim que entrei na sala do trono e o arrepio que correu pela minha espinha foi assustador. Se eu fosse você, ficaria longe dela!"
"Não me diga quem eu devo cobiçar ou não. Além do mais, ela parece ser exatamente o meu tipo de mulher. Pode apostar que ela ainda será minha!" Afirmei sem esconder meu deleite. Era inacreditável a forma como as coisas estavam finalmente se encaixando para mim. Mostrarei a todos que me subestimaram do que era capaz, especialmente meu pai e esse bando de reis inúteis!
"Você entende que ela deve ter idade o suficiente para ser sua mãe, não é? Quero dizer, você já viu o filho dela? O homem não parece só a droga de uma torre, mas uma fera. Embora ele seja bonito, ele é bastante intimidador!"
"Isso não muda nada. Será que não consegue ver o mesmo que eu? Olhe para o filho dela! Ela deu à luz aquele homem bestial! Imagine os tipos de filhos que ela poderia gerar para mim também, todos guerreiros e conquistadores. Seríamos imbatíveis!"
"Então, esse é o único valor que uma mulher tem para você, sua habilidade em gerar armas e guerreiros. Você tem mesmo muito a aprender, Armand. Meu conselho é que você tome cuidado com a mãe do príncipe, ela não me parece ser do tipo com quem você iria querer mexer."
"Cabe apenas a mim me preocupar com isso, maga. Só faça a sua parte e reúna o máximo de informação que puder hoje à noite. Então, alguém virá até você com um prato de costelas, embaixo da bandeja haverá um envelope com uma folha em branco. Escreva tudo o que descobrir no papel e certifique-se de lacrar o envelope antes de devolvê-lo ao empregado." Essa garota era curiosa demais e não queria que ela soubesse mais do que já havia lhe dito.
Sem esperar por uma resposta, eu me virei e saí, não podendo evitar colocar um ritmo mais animado nos meus passos. Por anos, eu tramei e planejei, então, finalmente ver meus planos se concretizarem me trazia uma alegria imensa. Eu não esperava que tudo saísse de maneira tão simples. Talvez a fonte não tenha me abandonado como meu pai vinha martelando na minha cabeça o tempo todo.
De última hora, decidi usar a rota mais longa que me faria passar outra vez em frente a sala do trono na esperança de ver aquela mulher ou até mesmo ter a sorte de conversar um pouco com ela.
Entretanto, estava contando demais com a sorte por um dia, e provavelmente perdendo o juízo por conta disso, pois, ao passar pela sala do trono, não encontrei ninguém no corredor, nem mesmo os guardas. Aproveitei a oportunidade para espiar dentro da sala, que estava vazia, exceto por uma pessoa, o tio. Ele não parecia surpreso em me ver. O sorriso assustador no seu rosto nunca vacilou.
"Desculpe incomodá-lo. Eu só queria avisar ao rei que estava de partida", murmurei.
"Ele foi dar um passeio com a minha irmã. Darei seu recado assim que eles voltarem", ele respondeu. Então, pude jurar que estava vendo coisas, pois seu sorriso pareceu mais largo naquele instante.
Com um aceno de cabeça, eu me virei e saí, sentindo meu sangue ferver. Era melhor que esse tal passeio não fosse o que estava pensando. O rei não iria cortejá-la antes de mim, muito menos pegar o que era meu.