Capítulo 86
962palavras
2023-06-23 00:01
Ponto de vista de Xavier:
"Eu sei onde Inara está, onde Armand a mantém presa e o motivo", ela sussurrou.
Rapidamente, aproximei-me dela e coloquei minhas mãos em seu ombro para estudá-la. Então, invadi sua mente e o que descobri permitiu que todas as peças que faltavam se encaixassem. Apenas não esperava ver as memórias que ela compartilhava com minha Inara. Poder assistir de camarote o pesadelo e as experiências traumáticas pelas quais minha companheira havia passado nunca esteve nos meus planos.
Precisei engolir a bílis que ameaçou subir pela minha garganta, pois as coisas que vi tornava toda essa situação muito pior do que imaginava. Seu medo, seus gritos e sua agonia eram tão potentes que quase podia senti-los, mas assistir um filme de tudo o que havia acontecido na sua vida não era como planejava conhecê-la.
Todos tinham direito a um capítulo de suas vidas que não gostariam de ler em voz alta até que estivessem prontos e confortáveis para compartilhá-lo, portanto, ter acesso a essas informações através de sua impostora me fez me sentir um pouco culpado. Eu só queria ver onde ela estava presa e nada mais!
Respirando fundo, eu lentamente me desconectei de sua mente apenas para encontrar meu tio Luke me mantendo de pé. Pelo visto, eu não tinha tudo sob controle como imaginava. Ao olhar rapidamente para ele, pela expressão sombria que vi em seu rosto, ele também sabia.
"Você a encontrou?" O rei questionou, ansioso.
"Sim. Ela realmente está em uma mina abandonada nos limites do reino de Armand, que a sequestrou por causa de seu blodsvreden. Ele planeja explorar esse poder de um jeito nada convencional, portanto, precisamos detê-lo antes que seja tarde demais."
"Como você fez isso? Nenhum dragão ou mago jamais conseguiu fazer algo assim", A maga apontou, maravilhada. Dava para ver seus olhos brilhando de curiosidade.
"Bom, eu não sou mago, nem dragão", murmurei.
"Então, o que você é? Um híbrido? Alguma outra espécie?"
"Pode-se dizer que sim, mas a verdade é que sou tudo isso e nada disso ao mesmo tempo."
"Que resposta ambígua! Será que pode apenas dizer o que você é?"
"Vamos apenas dizer que sou pior do que o pior mago dos seus pesadelos", respondi com bastante seriedade. Pelo olhar atordoado e intrigado em seu rosto, sabia que ela queria continuar seu interrogatório. No entanto, deixei claro em meu tom que aquela conversa já estava acabada e fiquei aliviado ao perceber que ela havia entendido o recado.
"Então, o que estamos esperando? Podemos ir buscá-la agora?" O rei se intrometeu.
"Armand não é tão estúpido quanto parece. Um mago usou magia para amarrar o lugar a ele. Sendo assim, se ele for ferido, capturado ou morto, a mina e tudo dentro dela desmoronará com ele, o que significa que armar uma emboscada contra ele agora mataria Inara indiretamente. Não podemos deixar isso acontecer."
"Então, o que fazemos? Essa situação está se arrastando mais do que deveria", minha mãe murmurou, exasperada. Certas coisas jamais mudariam. Ela sempre será o tipo de pessoa que age primeiro e pergunta depois.
"Por ora, precisamos elaborar alguns planos infalíveis. Considerando o quão escorregadio Armand demonstrou ser, temos que ter um plano A, B, C e até um D. Não quero correr o risco de algo dar errado porque se alguma coisa acontecer com minha companheira é fim de jogo."
Ao me virar para a maga, eu pedi: "Venha, sente-se. Já que veio até aqui para contar a verdade ao rei e ajudá-lo a recuperar sua filha, você deve ter algum tipo de plano em mente. Então, vamos ouvir o que tem a dizer."
"Bom, eu esperava que o rei enviasse alguns de seus homens para invadir a mina e resgatar a princesa, mas tenho a sensação de que isso não será tão fácil assim."
"Realmente, essa não é uma má ideia, maga. Sem dúvidas, iremos invadir a mina, mas você terá que vir junto. Pelo que vi, a cela foi equipada com câmeras que monitoram cada movimento de Inara, portanto, apenas tirá-la de lá causaria um tumulto muito grande. Dificilmente iríamos conseguir sair em segurança. Proponho que você troque de lugar com ela por um tempo. Depois que a princesa estiver a salvo, eu irei libertá-la. Sei que é arriscado, mas prometo que vamos protegê-la e garantir que saia ilesa de tudo isso."
"E se Armand descobrir? E se ele me matar antes que você possa me resgatar?"
"Meu filho nunca deixa de cumprir uma promessa. Ele irá garantir que você saia viva, como prometido", minha mãe a assegurou para a minha surpresa.
"O que fazemos com Armand, então?" O rei questionou.
"Assim que Inara e a maga estiverem fora da mina, Armand não será mais intocável. Como rei, cabe a você decidir o que fazer com os magos, pois sua guerra com eles não tem nada a ver comigo, mas quero deixar claro a todos aqui que Armand é meu e da minha companheira! Ninguém irá matá-lo. Podem agredi-lo se quiserem, mas não o matem!"
"É justo" o rei concordou com um sorriso ensandecido no rosto.
Em seguida, passamos o restante do tempo planejando a invasão, sem nos esquecer das contramedidas, pois não queria que as coisas saíssem do controle ou que algo desse errado sem termos uma forma de consertar isso. Já era hora de colocar um basta nos absurdos que vinham acontecendo. Não ganhei tantas guerras duvidando de mim mesmo. Afinal, eu era o herdeiro do trono do rei Chaos por um motivo.
Somente no final do dia terminamos de fazer nossos planos. Depois de revisá-los e acertá-los várias vezes, ofereci-me para levar a maga de volta ao quarto. Assim que nos aproximamos da porta, ela se abriu para revelar o homem mais famoso do momento.
Maldito Armand!