Capítulo 85
976palavras
2023-06-22 00:01
Ponto de vista de Armand:
Eu a vejo dançar com um sorriso que nunca vi ou consegui colocar em seu rosto antes. Uma música estrangeira havia a cativado com mais facilidade do que eu. Nos últimos dias, vinha tentando construir algum tipo de relacionamento com ela porque, gostando ou não, iríamos ficar juntos por um bom tempo e isso apenas pioraria depois que nosso bebê nascesse.
Só queria que ela conseguisse ver as coisas do meu ponto de vista. Às vezes, para que grandes feitos pudessem ser alcançados, enormes sacrifícios e riscos deveriam ser assumidos. Era necessário alguém com grandeza de espírito para dar passos ousados como eu dei.
Eu ainda os observava quando vi Bernard se aproximar da cela. Ao que parecia, ele estava em uma discussão acalorada com nossa hóspede. Foi tudo muito rápido, pois quando me dei conta, ele estava sendo puxado violentamente contra as barras de aço, o que me fez cair na gargalhada.
Para um mago que se orgulhava tanto de ser durão, ele com certeza recebeu uma lição de uma princesa delicada e, pelas risadinhas à minha volta, iria demorar muito para que alguém se esquecesse disso.
Eu ainda curtia o espetáculo quando minha informante do império Drakkon chegou.
"Vejo que as coisas estão indo bem por aqui..." ela ironizou.
"Claro que estão", retruquei. "Alguma novidade para mim?"
"Como sempre, nada tão empolgante. Recebemos mais alguns convidados para o casamento no palácio. Eles parecem importantes, pois trouxeram vários guardas mal-encarados consigo, sem falar nas inúmeras mercenárias. Você precisava vê-los. Tanto os convidados quanto os guardas eram algo de outro mundo", ela relatou.
"Você sabe quem são essas pessoas?" Perguntei, pois era estranho que tantos convidados tivessem chegado tão cedo e, da última vez que falei com o rei, ele não mencionou nada sobre esse assunto.
"Não, o rei não fez apresentações, mas parece que eles vieram com outro objetivo além do casamento."
"Ah, e você realmente não faz ideia do que esse objetivo possa ser?"
"Não exatamente, mas sei que eles têm tido uma série de discussões acaloradas com o rei desde que chegaram."
"Esta não é apenas uma boa notícia, mas uma bem empolgante!"
"Como outras pessoas discutindo pode ser uma notícia empolgante?"
"Porque isso significa que há mais gente insatisfeita com aquele rei covarde e que posso ganhar mais aliados poderosos se souber jogar bem minhas cartas."
"Argh, você ama se dar bem às custas dos outros, hein."
"E a maga? Como ela está se saindo?"
"Ela joga como uma profissional. Além de cair nas graças do rei, conquistou alguns dos homens dos convidados recém-chegados. Eu os vi dando um passeio antes de eu sair."
"Ah, isso é bom. Muito bom. Ela pode ser minha ponte com esses convidados. Acho que está na hora de eu dar uma passada no palácio para checar como andam os preparativos", comentei, esfregando minhas mãos uma na outra.
"Como se você se importasse. Mas por que está fazendo tudo isso? Por que fazer todos esses planos e arrumar tanto problema para si?" Ela perguntou, curiosa.
Eu teria lhe dito se confiasse nela, mas como não era o caso, respondi: "Minhas razões são complexas demais para sua mente débil compreender. Tudo o que precisa se preocupar são com as pedras preciosas que te darei e nada mais."
"Tá... Vejo que esse é um assunto delicado. Não perguntarei mais e ficarei de boca fechada."
"Ótimo. Agora, e quanto a ela? Ela disse alguma coisa? Você conseguiu encontrar algo mais?"
"Não, não desde a sua discussão com o rei. Eu tentei fazer com que ela se abrisse, mas caramba! Aquela mulher tem um pavio bem curto, além de ser extremamente desagradável. Ela ameaçou me demitir se eu tentasse me intrometer em seus assuntos", minha informante murmurou, irritada.
"Apenas a deixe em paz então. Se ela está em conflito com o rei, isso significa que ela não é mais uma aliada dele. Ela deveria ter aceitado minha oferta quando teve a chance. O mundo é implacável e essa busca dela por redenção não vai dar em nada."
"Algum dia você vai me dizer o que foi que ela fez de tão irredimível? Ela parece tão cansada. Muitas vezes, eu a encontro chorando em seus aposentos enquanto pensa não haver ninguém por perto."
"Não é meu papel expor os pecados dela, mas vamos deixá-la em paz", concluí com um suspiro.
"Tá, chefe. Vou me retirar agora, mas você sabe onde me encontrar caso precise de mais alguma coisa", ela disse em um tom sedutor que escolhi ignorar.
"Claro. Agora, saia", ordenei antes de voltar a focar no monitor à minha frente para encontrar nossa convidada comendo com Meissner. Não havia mais nenhum sinal de Bernard por lá, porém, não precisei esperar muito para ter notícias suas. Alguns minutos depois, ele entrou na sala e as risadinhas ao seu redor não lhe passaram despercebidas.
Decidi ficar de fora dessa, pois estes magos eram imprevisíveis. Eles só eram verdadeiramente leais uns aos outros. Não havia joias ou o mundo melhor que tinha lhes prometido que pudesse comprar isso. Eles só estavam aqui me ajudando por causa de Bernard e seus superiores, portanto, bastava um movimento errado da minha parte para todos se virarem contra mim sem pensar duas vezes.
Estava prestes a perguntar a Bernard sobre sua briga com nossa hóspede quando meu irmão mais novo invadiu a sala. As palavras que saíram de sua boca me deixaram imediatamente tenso.
"Papai quer vê-lo e disse que é melhor você trazer boas notícias para ele", murmurou meu irmão.
"Como está o humor dele hoje?" Eu questionei, encolhendo meus ombros.
"Mais irritado do que o normal... algo deve ter o provocado. Ele teve uma reunião com seu pessoal e está de péssimo humor desde então."
"Não há nenhuma novidade nisso. Vamos lá, você na frente", eu disse com um suspiro cansado.