Capítulo 84
1023palavras
2023-06-21 00:01
Ponto de vista de Inara:
Mas eu deveria saber que meu amigo sorrateiro estava tramando algo. Ao me puxar para mais perto de seu peito, ele sussurrou:
"Aja naturalmente. Há escutas neste quarto também, mas a música abafará o que estamos dizendo. Eu só queria te contar que a ajuda está a caminho."
Antes que pudesse questioná-lo mais a respeito, ele me empurrou para me rodopiar.
"Dance!" Ele ordenou com um sorriso enorme enquanto olhava de soslaio para a câmera no teto.
Não era preciso ser um gênio para entender sobre o que ele estava tentando me alertar. Agora que não podiam nos ouvir, eles nos vigiariam como falcões para garantir que não estávamos fazendo nenhuma bobagem.
"O que você quer dizer com isso?" Sussurrei, exasperada.
"Recebi uma mensagem enquanto estava no reino humano. Ela dizia que a ajuda estava a caminho."
"Uma mensagem de quem?"
"Isso eu realmente não sei dizer, mas tenho certeza que era de um mago. Tentei rastrear sua magia, mas não era nada que eu já tivesse visto antes. Na mensagem, vi uma série de rostos e o seu foi o último a aparecer antes da conexão ser interrompida", contou Meissner em um tom maravilhado.
"Isso é estranho, mas se a ajuda estiver mesmo a caminho, não me oponho em receber um recado anônimo a qualquer hora", comentei. Apesar de não conhecer nenhum mago fora dali, quem quer que estivesse tentando me ajudar teria minha gratidão eterna.
"Eu também! Vamos celebrar!" Meissner gritou enquanto comemorávamos. Então, pulamos e dançamos até, ofegantes, precisarmos descansar para recuperar o fôlego.
Ao cairmos na minha cama, pela primeira vez em dias, o sorriso no meu rosto era genuíno. A ajuda estava finalmente chegando e eu simplesmente não conseguia conter minha ansiedade.
Meissner estava prestes a dizer algo quando ouvimos um carrinho se aproximar. Pensando que devia ser meu café da manhã, verifiquei as horas apenas parar perceber que estavam um pouco adiantados hoje.
Esperei ansiosamente para ver o chef mal-humorado, porém, bastante sensível de sempre, que costumava entregar minhas refeições, mas franzi a testa ao me deparar com os olhos frios do mago que tanto passei a abominar. Ele foi o primeiro que ajudou a me sequestrar e trazer para este lugar esquecido pelos deuses.
"Se não é o próprio diabo em pessoa! Quanto tempo não vejo essa sua cara fria", debochei.
"E se não é minha princesa mimada favorita", ele debochou de volta.
"Cara fria?" Meissner sussurrou com um ronco, seguido de uma risada que ele mal disfarçou. Entretanto, nós o ignoramos.
"O que está fazendo aqui? Não me diga que o rebaixaram a ser um mago de entregas agora?" Provoquei, erguendo o queixo.
"Nos seus sonhos, princesa. Ouvi um barulho aqui embaixo e desci para verificar o que era. Apenas trouxe sua comida porque já vinha para cá mesmo."
"Bom, como pode ver, eu estava me divertindo muito até ver sua cara e perder o apetite."
"Nós dois sabemos que você não perdeu coisa nenhuma! Está apenas sendo teimosa."
"Posso até estar com fome, mas prefiro morrer de inanição a comer uma comida trazida por você."
"O quê? Você precisa comer antes que Armand me esfole por matar o bebê dele de fome!"
"Você deveria ter pensado nisso antes de interceptar minha refeição. Agora, se puder nos dar licença, estávamos no meio de algo aqui."
"É inacreditável que uma pirralha como você é quem deve dar à luz a uma grande arma! Apenas coma a sua comida! Não quero desperdiçar minha vida por conta de algo assim."
Meu sangue ferveu ao ouvi-lo chamar meu filho de arma. Antes que pudesse me conter, minhas mãos atravessaram as barras da minha cela, puxando o mago desavisado na minha direção. Dei-lhe um puxão tão forte que sua cabeça e seu corpo se chocaram contra o aço.
"Você pode dizer ou fazer o que quiser comigo, mas não ouse falar do meu filho. Prefiro morrer com ele a deixar alguém como você transformá-lo em uma arma. Agora, exijo que saia e nunca mais apareça na minha frente. Não temos nenhum assunto a tratar, portanto, não há razão para vê-lo aqui outra vez. Se quiser ficar de olho em mim, faça isso pelas malditas câmeras!" Cuspi em seu rosto bastante confuso antes de soltá-lo.
Um bom tempo depois que o soltei, ele continuou me encarando de um jeito bem estranho até ouvirmos o som de outro carrinho sendo empurrado na nossa direção. Desta vez, era o chef mal-humorado de sempre.
Ignorando o Sr. Rosto Frio, ele abriu minha cela e empurrou o carrinho para dentro. Após resmungar baixinho um "bom apetite", ele se virou sem olhar para trás.
Escolhi seguir seu exemplo e também ignorei o intruso. Arrastando o carrinho de comida para onde Meissner estava sentado enquanto tentava reprimir uma risada, rapidamente tirei as tampas dos pratos, revelando a comida antes de me sentar.
"Pode se servir", disse eu.
"Sim, senhora", ele respondeu com um sorriso atrevido.
Comemos em silêncio, mas minha mente estava longe de ser um lugar quieto. As coisas aqui estavam ficando cada vez mais loucas e eu queria ir embora antes que piorassem.
Implorei para quem quer que tivesse enviado a mensagem de que a ajuda estava a caminho se apressasse.
Eu sabia que a única razão de eu estar aqui era para Armand e sua horda de magos ensandecidos colocarem as mãos no meu bebê, mas isso só aconteceria por cima do meu cadáver. Conhecendo bem Armand, ele não hesitaria em me matar para ficar com o meu filho se eu me tornasse uma ameaça ao poder que tanto almejava.
Mas enquanto eu respirasse, eles teriam que passar por cima de mim antes de transformar meu bebê em uma arma. Até lá, eu encontraria uma maneira de matá-los primeiro!
"Calma aí, não precisa assassinar a comida. Ela não fez nada contra você!" A risada alta de Meissner me tirou dos meus pensamentos. Quando olhei para o meu prato, percebi que havia estraçalhado boa parte do meu bife.
"Claro que não", concordei com um suspiro cansado antes de voltar a comer minha refeição da maneira mais adequada e pacífica possível.