Capítulo 82
1029palavras
2023-06-19 00:01
Ponto de vista de Inara:
Depois da minha pequena discussão com Armand, ele parecia ter feito de sua missão de vida ficar de olho em mim, ou talvez ele só quisesse me fazer infeliz ao me mostrar o quanto minha situação era um caso perdido. Não vou nem comentar sobre como ele insistiu que eu desse minha opinião sobre os preparativos do casamento.
Argh! Que idiota sádico!
Na verdade, eu só o deixava lá falando enquanto fingia ouvir e comia até dizer chega. Demorou um pouco, mas precisei encarar os fatos e aceitar que estava realmente grávida dele. Por mais que isso partisse meu coração, não podia, nem faria nada a respeito desse assunto, até porque esse bebê também era uma parte de mim. Não era culpa dele que seu pai fosse alguém como Armand.
Dada as minhas circunstâncias, se tivesse qualquer dizer sobre a educação de meu filho, faria o possível para criá-lo corretamente e ensiná-lo todos os bons valores passados a mim. Com sorte e muita oração, ele não se tornaria como eu ou o seu pai.
Ele merecia o que havia de melhor. Também tentei evitar pensar na minha situação com Xavier e o que viria a acontecer.
O que ele pensaria de mim e da minha situação atual, ou pior, como Armand distorceria a história toda quando eles se encontrassem? No fundo, sabia que uma grande tempestade se aproximava e não estava preparada para enfrentá-la.
Como um relógio, o desgraçado entrou assim que o dia raiou com seu olhar presunçoso de sempre.
"Como estamos hoje?" Ele perguntou igual fazia todos os dias.
"Do mesmo jeito, Armand. Eu quero ir para casa", murmurei com um suspiro cansado.
"Bom, você já sabe a minha resposta. Você não vai a lugar nenhum. Nem agora, nem nunca. Portanto, é melhor começar a encarar esse lugar como sua casa, fará bem a você."
"Você tem coragem de chamar esta jaula de casa? Você me mantém trancada nessa lata de sardinha modernizada sem ter nenhum acesso ao mundo exterior. E nem me faça começar a falar sobre as câmeras, observando cada movimento meu o dia inteiro como se eu pudesse magicamente me teletransportar para fora daqui!"
"Já disse várias vezes que as coisas vão mudar depois que nos casarmos. Você terá permissão para sair deste quarto e dormir no andar de cima comigo."
"Será que preciso lembrá-lo de que não vamos nos casar? Você vai se casar com minha sósia. E você sabe que me deixar sair daqui e subir lá para cima não é o que estou pedindo! Eu tinha uma vida e planos antes de você virar tudo de cabeça para baixo. É para isso que quero voltar!"
A risada desagradável que escapou dos seus lábios fez um arrepio subir pela minha espinha, pois sabia que suas próximas palavras soariam tão cruéis quanto aquele som: "E será que preciso lembrá-la de que vamos nos casar sim e você ficará aqui, gostando disso ou não?
"Esta é a sua vida agora e, antes que comece com essa baboseira de que tinha algum plano, você não tinha porcaria nenhuma e não vai passar a ter agora. Nem amigos você tinha. Além do seu pai, com quem estava sempre discutindo, você também não tem nenhuma família!
"Você passou a vida inteira mal-humorada enquanto arrastava o nome do seu pai na lama! Você não tem uma vida para a qual voltar. Se quer saber de uma coisa, você deveria me agradecer por lhe dar algum propósito, a chance de fazer parte de algo tão grandioso como mudar o mundo, portanto, poupe-me dessa ladainha!"
"Eu realmente acho que sua mãe o deixou cair de cabeça no chão quando era criança, Armand. Independente de como acha que era minha vida, ela era minha para fazer dela o que bem entendesse. Eu não era nenhuma marionete para ser manipulada por um monstro igual a você! E meu companheiro..."
Ele me cortou com um sorriso de escárnio: "E lá vamos nós de novo com essa fantasia de companheiro. Você realmente acha que ele vai querê-la depois de tudo o que aconteceu entre nós? Nenhum homem vai te querer, muito menos o seu companheiro. O fato de você estar grávida de um filho meu só tornará tudo mais fácil."
"Você não sabe disso! Nem o conhece, não faz ideia do tipo de homem que ele é!" Defendi o meu ponto mais para mim mesma do que para ele. Afinal, suas palavras não só refletiam os meus maiores medos, como esmagava qualquer esperança que mantinha escondida.
"Posso não conhecê-lo, mas sou um homem e conheço o meu gênero..."
"Sabe, por um momento, você realmente me fez duvidar do meu valor, mas aí você usou a si mesmo para medir todos os outros homens e isso era tudo o que precisava ouvir." Soltei uma risada.
Então, prossegui: "O fato de você ser um homem não significa que conheça os outros ou saiba como eles são. Não pense por um instante que todos se comportariam como você. Eu sei que existem caras por aí que são muito melhores e que não são tão pervertidos ou imbecis quanto você. Agora, se não tem nada melhor para me dizer, gostaria que fosse embora e não voltasse mais."
"Você precisa parar de sonhar que a vida é um conto de fadas. Além disso, não pode me dizer o que fazer em meu próprio reino."
"Posso até não poder te dizer o que fazer em seu próprio reino, mas esta é a minha cela e eu quero você fora daqui! Você sabe que o estresse não é nada bom para o bebê e apenas olhar para a sua cara é um estresse em si, sem falar na sua presença sufocante. Então, por favor, se você se importa com esse bebê, me deixe em paz!" Gritei, cansada.
"Algum dia, quando parar de se iludir, vai apreciar o que fiz e estou fazendo por você e nosso filho", ele afirmou em uma última tentativa de me convencer.
"Duvido, Armand. Eu realmente duvido", respondi sinceramente.
Com um revirar de olhos e um suspiro exasperado, ele saiu da cela e sumiu da minha vista sem olhar para trás.
Finalmente!