Capítulo 80
1048palavras
2023-06-17 00:02
Ponto de vista de Xavier:
"Mas como... Dr*ga! É o maldito colar, não é?"
"Claro que sim. Ele se acendeu como um farol quando você nos chamou", ele confirmou, orgulhoso.
"Eu chamei vocês?" Estava muito confuso.
"Sim, na hora que teve aquele colapso nervoso... você nos chamou. Sabemos reconhecer um grito de socorro quando ouvimos um. É por isso que viemos. E antes que você comece a encher nossos ouvidos de que quer fazer tudo sozinho e não precisa de nós, continuaremos aqui e iremos ajudá-lo de qualquer maneira."
"Mas..." Eu tentei dizer.
"Mas nada, filho. Nós já estamos aqui e parece que, de um jeito ou de outro, qualquer problema que esteja o incomodando já está aqui", minha mãe falou pela primeira vez desde que entrou na sala enquanto lançava um olhar afiado em direção ao rei.
"Sua mãe está certa e, pelo jeito que você estava pronto para avançar na garganta do rei, diria que você estava prestes a perder a cabeça e destroçá-lo em mil pedaços irreconhecíveis."
"Estávamos apenas tendo uma conversa que já devíamos ter tido", retorqui com um revirar de olhos.
"Claro, claro", tio Luke respondeu sarcasticamente antes de se virar para Magnus que tinha um sorriso largo e esquisito estampado no rosto.
"Aí está o meu sanguessuga favorito", ele acrescentou.
"E aí está minha aberração demoníaca da natureza favorita", Magnus retrucou conforme se aproximava do meu tio.
Parados de frente um para o outro, ambos se entreolharam com sorrisos estranhos em seus rostos antes de finalmente caírem na gargalhada e se abraçarem.
"Ah... Eu senti sua falta, seu pirralho bunda mole."
"Argh, lá vamos nós de novo! Eu não sou um pirralho, seu velhote, mas também senti sua falta..."
Em seguida, olhei para o pequeno exército que eles trouxeram e meneei a cabeça, cumprimentando vários dos guerreiros com quem já lutei.
Para as garotas da minha mãe, eu apenas sorri ligeiramente. Embora eu as visse no reino do meu avô de tempos em tempos, eu sempre mantive uma certa distância delas, que faziam o mesmo.
Uma pequena parte de mim, a criança que ainda habitava no meu interior, via essas garotas como minhas substitutas. Afinal, minha mãe passou todo o tempo que poderia ter gasto me criando para treiná-las. Mesmo sabendo que não era culpa delas, eu não conseguia simplesmente me aproximar ou esquecer o que aconteceu.
A única que realmente não se importava com como eu pensava ou me sentia sobre isso era minha tia, Kiara, que não estava presente hoje. Antes que pudesse perguntar sobre ela, meu tio Luke respondeu:
"Ela está grávida de novo e as coisas vão ficar intensas por aqui. Não seria bom para ela ou para o bebê."
"Esses dois nunca descansam, sempre um em cima do outro como dois coelhos!" Magnus comentou com uma risada.
"Nem me fala!" Tio Luke acrescentou, rindo também.
Eu tentei conter um sorriso, sabendo muito bem que eles se referiam ao número de vezes que vimos Kiara e Matthews em situações comprometedoras, sem se importar com quem estava por perto, quem poderia vê-los ou onde estavam.
"Vou contar a ela que vocês estão falando mal dela na próxima vez que a vir..."
"Dedo duro!" Tio Luke rosnou.
"Nãããão! Por favor, aquela louca vai me atormentar por um ano inteiro! Ainda não me recuperei da última vez!"
"Falando nisso, você nunca me contou o que fez a ela. Eu poderia ler a sua mente para descobrir, mas isso arruinaria a diversão de ouvi-lo dizer por si mesmo. Então, o que foi que você fez?"
"Não é da sua conta! Agora, vamos nos concentrar no que realmente importa? Temos muito o que fazer!"
"Você sabe que vamos descobrir, não é?"
"Sim, eu sei... eu sei... Mas até lá, vamos focar no presente", Magnus respondeu com um sorriso presunçoso.
Babaca atrevido!
Esperei até que o restante dos guardas fossem dispensados pela minha mãe e meu tio antes de me virar para o rei, que nos observava com um olhar cansado.
"Rei Talon, peço desculpas por ter me exaltado com você mais cedo. Não que eu me arrependa de tudo o que falei, mas poderia ter feito isso de outra forma."
Limpando a garganta, o rei respondeu: "Tudo bem, eu teria agido da mesma forma, se não pior..."
"Estes são o meu tio Luke e minha mãe, Chaos", apresentei-os.
Eles se aproximaram do rei para um aperto de mãos. Só então o rei começou a juntar as peças em sua cabeça.
"Vocês são dois deles! Os filhos lobos mestiços do rei Chaos, sem ofensas! Não posso acreditar que estão mesmo aqui bem na minha frente, na minha sala do trono e no meu reino! Caramba!
"Por mais que quisesse que esta visita acontecesse sob circunstâncias melhores, teremos que nos contentar com o que temos. Espero que depois que isso tudo acabar, possamos nos sentar para nos conhecermos de verdade. Afinal, seremos uma família. Sentem-se, por favor! Fiquem à vontade", o rei tagarelou.
"O quê? O que você disse? Uma família? Como?" Minha mãe questionou, franzindo as sobrancelhas.
"A filha dele é minha companheira!" Respondi com um suspiro, pois já sabia o que viria pela frente.
"O quê? Não! Como isso é possível? Você ainda é muito jovem!" Ela gritou.
"Bom, é possível, mas nós dois sabemos que o fato de eu ser jovem não tem nada a ver com eu ter encontrado minha companheira ou com como você está agindo. Ela é minha e não vou desistir dela de jeito nenhum, principalmente porque minha mãe tem medo de se permitir sentir e ser amada outra vez."
"Não se atreva a falar comigo desse jeito!"
"Com todo o respeito, mãe, eu me atrevo e falarei como eu quiser. Alguém precisa lhe dizer a verdade. Todos nós sabemos o quanto se machucou, mas afastar as pessoas e reprimir seus sentimentos não vai ajudar em nada. Você não se sente sozinha às vezes? Acha mesmo que não notamos todas as vezes em que sai escondida para ir chorar em frente ao túmulo do meu irmão? Agora, eu preciso da minha mãe, não da Chaos, da alfa ou da general do exército. Será que pode fazer isso por mim?"
"Sim... eu posso", ela sussurrou.
"Obrigado e prometo que vou ficar bem!" Dei a ela um pequeno sorriso triste.