Capítulo 79
1039palavras
2023-06-16 00:02
Ponto de vista de Xavier:
Não sei que horas consegui adormecer ontem à noite, mas acordei com o som da minha porta se abrindo e fechando. Pelo arrastar de pés que percebi vindo em minha direção, sabia que era Magnus que havia entrado para me acordar.
"Deixe-me em paz Magnus", murmurei antes que ele me tocasse.
"Já é de manhã e há muito o que fazer", ele retrucou.
"Por que já está acordado de qualquer maneira? Você costuma ser o último a se levantar e, mesmo assim, preciso literalmente arrastá-lo para fora da cama à base de ameaças."
"Bom, eu não consegui pregar o olho a noite toda e, se eu não consegui dormir, você também deveria ter ficado acordado... É o justo!"
"Não, não é e você sabe disso. Sabe que quando eu acordo, não consigo voltar a dormir, mas você resolveu me acordar de qualquer maneira!"
"Eu poderia até me desculpar, mas não me arrependo de nada. Precisamos dar início a este dia para que possamos terminá-lo o quanto antes. Toda essa antecipação do que pode acontecer hoje está me deixando nervoso!"
"Sei como se sente. Acabei de acordar e já não consigo mais pensar em outra coisa. Vamos acabar logo com isso", comentei, saindo da cama.
Depois de um banho rápido, em pouco tempo estávamos a caminho da sala do trono, onde fomos informados que o rei estaria a nossa espera.
Ao entrar, encontrei o rei acompanhado de uma mulher. Eles pareciam estar no meio de uma discussão bastante tensa, no entanto, pararam de falar assim que ela me notou. Embora não a conhecesse, havia algo familiar em sua aura. Uma parte dela estava ligada a da minha companheira.
"Por que você está ligada à minha companheira? Quem é você?" Indaguei, impaciente.
"Sua companheira? Eu que pergunto, quem diabos é você? Como sabe que estou ligada à Inara?" Marleigh berrou.
"Quem eu sou não interessa! O que importa é que vi sua aura e não gostei nada dela, portanto, não quero que tenha nenhuma ligação com a minha companheira!"
"Talon, você ouviu isso? Quem é este? Mas se quer tanto saber, estranho, eu sou tia dela."
"Até parece!" O rei vociferou pela primeira vez desde que começamos a discutir. "Ela não é tia dela coisa nenhuma. Marleigh é apenas mais uma das muitas pessoas que se aproveitaram de Inara e da minha Sapphire quando ainda era viva."
"Mas, Talon..." Marleigh começou a dizer em um tom angustiado.
"Sapphire?" Magnus perguntou, rezando para que essa não fosse mais uma vítima com a qual eles precisariam lidar.
"A mãe de Inara... minha companheira. Esta mulher deveria ser sua melhor amiga e querer apenas o seu melhor, mas não!" O rei respondeu enquanto ignorava Marleigh propositalmente.
"Talon!" Marleigh gritou, finalmente atraindo a atenção de todos para si.
"De agora em diante, só me chame de rei Talon. E não se atreva a falar nesse tom comigo na minha sala do trono. Inclusive, acho que você já abusou da sua estadia. Saia antes que os guardas a escoltem para fora."
"Eu sei que está chateado, mas voltarei quando estiver mais calmo", Marleigh comunicou antes de sair às pressas da sala.
Assim que ela se foi, virei-me para o rei.
"Então, quer dizer que ela foi estuprada? E pelo mesmo desgraçado com quem você quer que ela se case! Será que pode me explicar isso, sua majestade?" Meu tom estava cheio de escárnio.
Embora o rei não parecesse muito surpreso por eu ter descoberto esse fato, ele perguntou mesmo assim: "Quem te falou isso?"
"Não importa quem me falou. A questão é que você não parece se importar de casar sua filha com ele! Por que Armand ainda está vivo e sem nenhum arranhão?"
"É mais complicado do que parece, Xavier! Não pense por um segundo que eu gosto da ideia de ter minha única filha casada com o seu estuprador. Se a vida dela não tivesse sido ameaçada, aquele demônio já estaria morto."
"Então, é melhor você começar a descomplicar porque a coisa piora. Agora, o desgraçado a mantém trancada a sete chaves e está empenhado em arruiná-la e o mundo todo!"
Estávamos tão imersos em nossa pequena discussão que não ouvimos as portas da sala do trono se abrirem, tampouco percebemos Magnus encarar algo, ou melhor, algumas pessoas atrás de nós.
Enquanto isso, eu travava uma batalha comigo mesmo, tentando ao máximo fazer com que Santiago e nosso outro terço se acalmassem. Como sempre, senti que estava perdendo a luta antes mesmo de começá-la, mas não permitiria que isso acontecesse. Passei anos da minha vida aprendendo a controlá-los e torná-los submissos a mim. Já havia passado da hora de acabarmos com essa picuinha sobre quem mandava mais, que parecia ter se iniciado no momento em que nossas companheiras entraram em cena.
Deixando escapar um grunhido de advertência, estava prestes a arremessar uma cadeira para longe do meu caminho quando senti um toque muito familiar no meu ombro.
Não podia ser!
Virei-me tão rapidamente, que alguém poderia ter pensado que levei uma chicotada. A cena diante dos meus olhos era uma que não poderia ter imaginado nem em um milhão de anos.
"Tio Luke? Mãe?" Sussurrei, sem conseguir acreditar. Qualquer batalha interna havia sido completamente esquecida naquele momento, até porque estávamos os três em choque. Ao dar uma olhada rápida no pequeno exército que ambos trouxeram consigo, percebi que eles vieram prontos para uma luta.
"Sim, sobrinho", tio Luke respondeu em um tom presunçoso enquanto minha mãe nos observa com uma expressão ilegível no rosto.
"O que estão fazendo aqui? Como me acharam?" Eu perguntei, curioso.
"Você não achou que eu ia deixá-lo sumir por aí sem me certificar de que poderia ter notícias suas, achou?"
"Mas como... Dr*ga! É o maldito colar, não é?"
"Claro que sim. Ele se acendeu como um farol quando você nos chamou", ele confirmou, orgulhoso.
"Eu chamei vocês?" Estava muito confuso.
"Sim, na hora que teve aquele colapso nervoso... você nos chamou. Sabemos reconhecer um grito de socorro quando ouvimos um. É por isso que viemos. E antes que você comece a encher nossos ouvidos de que quer fazer tudo sozinho e não precisa de nós, continuaremos aqui e iremos ajudá-lo de qualquer maneira."