Capítulo 76
862palavras
2023-06-13 00:02
Ponto de vista de Xavier:
"Não... Não... Não", sussurrei enquanto andava de um lado para o outro.
Ao dar uma olhada nelas, vi como elas me observavam com cautela, mas não havia nada que pudesse fazer naquele momento.
Eu podia sentir o controle escapando pelos meus dedos. Santiago queria sangue enquanto uma imensa escuridão ameaçava tirar a minha sanidade. Eu conseguia literalmente sentir a minha fúria do sangue depois de tantos anos aprendendo a controlá-la.
Por que isso foi acontecer com a minha companheira?
Por que Armand achou que não havia problema deixar uma mulher indefesa para tirar vantagem dela?
Eu queria o sangue dele e jurava pela fonte que o teria.
Esse jogo de esperar o melhor momento para atacar havia durado tempo demais. Já era hora de parar de duvidar de mim mesmo e do que eu era capaz.
Afinal, eu não ganhei nenhuma guerra duvidando de mim mesmo e, embora tudo isso fosse novo para mim, eu iria me adaptar como sempre fazia e acertar as coisas de uma vez por todas.
Eu ainda estava pensando no que iria fazer a seguir quando Zya me chamou:
"Xavier, você precisa se acalmar... Por favor."
"Estou calmo, Zya. Vou tirar vocês dessa situação, prometo."
"E quanto ao bebê? Ele não é seu... O que vai fazer a respeito disso?" Zya perguntou, receosa.
"Eu sei que não é meu e não há nada que eu possa fazer sobre isso. Absolutamente nada! Mas esse bebê faz parte da minha companheira agora. Quanto mais rápido eu aceitá-lo, melhor para todos nós... Eu irei protegê-lo e a todas vocês", prometi ferozmente.
"Nós sabemos... Só não deixe a raiva cegá-lo a ponto de impedi-lo de ver o que precisa ser feito", Moira o aconselhou.
"Isso não vai acontecer."
Em seguida, caímos em um silêncio confortável conforme cada um de nós se via perdido em seus próprios pensamentos. Caminhando até Zya, esfreguei minhas mãos em seu focinho.
Depositei um beijo rápido ali e me virei para Moira. As lágrimas em seus olhos quase me fizeram desmoronar, mas eu precisava ser forte por todos nós.
Envolvendo meus braços ao redor dela, eu a abracei com força e dei um beijo em sua testa.
"Eu vou consertar tudo... Não se preocupe, meu amor. Irei buscá-las em breve", prometi mais uma vez antes de andar em direção ao caminho que havia feito antes.
Não esperei que qualquer força que tivesse me arrastado até ali me mandasse de volta. Simplesmente abri um portal para o palácio e me permiti ser sugado por ele.
Apareci no quarto que vinha dormindo nos últimos dias e só então deixei minha raiva sair.
Eu não conseguia aceitar o fato de que alguém foi capaz de tirar vantagem da minha companheira e eu nem sequer estava lá para ajudá-la.
Essa era uma dor diferente de qualquer outra que já senti e, no fundo, sabia que ela não iria embora tão cedo.
Eu precisava socar alguma coisa, já que não podia sair por aí, esmurrando os guardas sem levantar suspeitas.
Olhando à minha volta, extravasei minha fúria nos móveis até me acalmar e encontrar o quarto em uma completa desordem. Havia cadeiras e mesas quebradas por toda parte.
Assim que me encostei na parede mais próxima, Magnus entrou pela porta. Ao dar uma olhada rápida em mim e no estado do quarto, ele questionou:
"O que aconteceu?"
Quando recebeu apenas silêncio em resposta, ele insistiu:
"Fale comigo, irmão! O que aconteceu? Você descobriu mais alguma coisa?"
"Sim, Magnus, eu descobri... Mais do que estava preparado para saber", respondi com a voz rouca.
"Conte-me então... Esse mistério todo já está me matando, Xav", Magnus exigiu com um olhar cauteloso, sabendo muito bem que qualquer coisa que eu tivesse a dizer não seria nada bom.
"Ela está grávida, Magnus! O cretino a estuprou e agora a mantém trancada em algum lugar!" Eu contei de cabeça quente. A raiva fervendo dentro de mim saiu refletida em cada uma de minhas palavras.
"O quê? Você tem certeza? Onde ouviu isso?"
"Queria que fosse tudo mentira, Magnus, mas Moira e Zya me confirmaram. Foi por isso que o cretino a sequestrou."
"Então, o que faremos agora?"
"Nós iremos salvá-las, então, eu acabarei com aquele desgraçado. Esse absurdo acaba hoje à noite! Não vou parar até encontrá-lo e arrancar seu coração podre de dentro do peito."
Com um suspiro, Magnus disse: "Entendo que você esteja chateado e com sede de sangue, mas este foi um dia difícil e já está anoitecendo. Sugiro que descansemos um pouco e deixemos para ir atrás desse canalha amanhã bem cedo."
"Mas…"
"Mas nada, Xavier. O canalha não irá a lugar nenhum até amanhã e mesmo que vá, não há onde ele possa se esconder neste reino que não o encontraremos."
"Sentar aqui sem fazer nada está me matando, Magnus", resmunguei. Podia sentir meus instintos me mandando levantar o traseiro, sair em busca da minha companheira e não descansar até tê-la em meus braços. Meu irmão e nossa outra parte também não estavam tornando as coisas muito fáceis para mim.
"É só por esta noite. Amanhã acabamos com isso de uma vez por todas!" Magnus prometeu com determinação.