Capítulo 75
1016palavras
2023-06-12 00:02
Ponto de vista de Xavier:
Ao cair no sono, deparei-me com nada além de uma imensa escuridão, mas logo o cenário começou a mudar. Então, encontrei-me diante do que parecia ser uma floresta, porém, havia algo estranho com a energia deste lugar.
Os pelos do meu braço se arrepiaram. No entanto, olhei em volta e nada parecia fora do normal. Com cuidado, dei um passo à frente e me aventurei mais a fundo pela floresta. A bela vista que me aguardava não era nada do que podia ter antecipado.
Com suas árvores altas e folhas verdes, a floresta parecia quase nova e intocada, como se tivesse sido criada do dia para a noite. Até os grilos e os pássaros cantando pareciam fazer isso de forma sincronizada e em uma melodia desconhecida para os meus ouvidos.
O farfalhar das folhas secas no chão era tão suave que poderia fazer qualquer um cair no sono. Sentindo o cheiro forte de pinho e terra, eu só quis fechar os olhos e absorver tudo aquilo. Depois dos dias de cão que tive, isso era como um presente, pelo qual eu era enormemente grato e não poderia deixar passar.
Mas antes que pudesse me deitar e aproveitar a natureza à minha volta, ouvi o som de um galho de árvore se quebrando sob os pés de alguém que vinha vindo.
Virando-me rapidamente em direção ao som, agachei-me e me preparei para um ataque que nunca veio porque a pessoa que surgiu por trás das árvores tinha um rosto bastante familiar e que me deixou muito satisfeito por poder vê-lo novamente.
"Moira!" Gritei conforme encurtava a distância entre nós.
A sensação de poder envolvê-la em meus braços foi surreal. Então, deixei escapar um suspiro, que nem sabia que estava segurando, quando a senti me abraçar de volta e seu corpo relaxar contra o meu.
Ao beijar sua testa, perguntei: "O que está acontecendo? O que está fazendo aqui?"
Ela abriu a boca, mas antes que pudesse responder, a cabeça de um dragão apareceu por entre as árvores e, por aqueles olhos roxos e cautelosos que me encaravam, eu sabia que se tratava de Zya. Dei mais um beijo na testa de Moira antes de seguir até ela.
Por alguma razão, ela sempre me olhou com receio, portanto, não me surpreendi quando ela refletiu cada passo meu em sua direção. Enquanto eu dava um para frente, ela dava outro para trás.
Depois de alguns minutos brincando com ela, soltei um suspiro exasperado e joguei a toalha. Pelo alegria brilhando em seus olhos, ela adorou me irritar. Essa fedelha! Eu me virei para caminhar de volta até Moira quando senti algo cutucar as minhas costas, fazendo-me tropeçar em meus pés.
"Vai desistir assim tão rápido?" Ela provocou baixinho.
Com uma risada, eu retruquei ao me virar para encará-la: "Não, só vou procurar um canto para poder dar uns tapas na sua bunda, fedelha..."
Se dragões pudessem corar, seria algo parecido com a cena à minha frente. Zya olhava para qualquer lugar menos para o meu rosto enquanto se remexia nervosa.
"Ah... Não me diga que a pequena Zya é tímida?" Eu a provoquei quando ela se recusou a me responder.
"Eu não sou tímida!" Ela murmurou de forma petulante.
"Claro que não. Eu acredito em você", respondi com um rosto sério, mas o divertimento em meu tom era inegável, o que fez Moira cair na gargalhada atrás de nós. Zya apenas bufou.
Não pude evitar dar uma risada também. Então, estávamos todos gargalhando juntos, mas parei assim que percebi que havia algo errado. Quando conheci minhas companheiras, foi por meio de Inara. No entanto, aqui estavam duas delas sem a princesa. Um terço das minhas amadas estava faltando e eu não havia percebido até agora.
"Como isso é possível? Onde está Inara? O que vocês duas estão fazendo aqui? Como eu vim parar aqui?" Disparei uma série de perguntas a elas.
"Este lugar é algum tipo de prisão para nós. É bem estranho como você consegue tocar em nós duas, mas não podemos fazer o mesmo uma com a outra. Tentamos várias vezes, mas parece haver uma espécie de barreira nos separando. Acordamos aqui depois que fomos nocauteadas na região das montanhas.
"Tentamos entrar em contato com Inara, mas não obtivemos sucesso até ontem à noite. Ela está sendo mantida presa por Armand em uma mina abandonada em seu reino.
"Não sabemos qual mina exatamente, já que a apagaram enquanto a transportavam para a sua nova cela. Só sei disso porque fui forçada a sair por um dos magos durante a viagem, mas fui nocauteada antes que pudesse dar uma olhada à minha volta.
"Sei que o lugar foi reformado recentemente porque o quarto em que ela está sendo mantida tem apetrechos de última geração, sem falar que é constantemente vigiado por magos. Já sobre como você veio parar aqui, fui eu que o trouxe. Não sabia se funcionaria, mas ao vê-lo agora diante de nós, isso significa que deu certo", Moira revelou.
"Caramba! Mas como está Inara? Ela está bem?"
"Sim, está tudo bem com ela. Ela vem sendo bem cuidada porque está..." Moira parou no meio da frase, fazendo o meu estômago revirar. De repente, tive um mau pressentimento sobre o que ela iria me dizer. Sabia que não iria gostar nada daquilo.
"Porque ela está o quê?"
"Ela está... ela está grávida, Xavier."
"O QUÊ? COMO ISSO ACONTECEU? QUANDO ISSO ACONTECEU?" Eu berrei sem conseguir acreditar naquilo.
"Antes de você nos encontrar... Armand a estuprou", Zya respondeu de forma seca.
"E ELE AINDA ESTÁ RESPIRANDO? POR QUE NINGUÉM FEZ NADA?"
"Bom, é um pouco complicado... Eu só consegui me manifestar e me fundir à Inara após o incidente. Zya quase foi mandada de volta para a fonte por causa de uma pedra rara que Armand possui. Ela a impede de mudar de forma e eu de fazer qualquer coisa.
"Essa pedra basicamente torna Inara humana. Por isso, ele conseguiu tirar vantagem de nós", Moira explicou de forma solene, mas o brilho em seus olhos deixava clara a magnitude da sua raiva.