Capítulo 66
1003palavras
2023-06-03 00:02
Ponto de vista de Inara:
Continuei chorando em silêncio por sabe-se lá quanto tempo quando, de repente, uma voz familiar alcançou os meus ouvidos.
"Por que as lágrimas, princesa? Não está satisfeita com os seus aposentos? O quarto é seu para fazer o que quiser. Basta nos dizer o que precisa que será entregue a você", disse Armand.
Saltei da cama tão rápido quanto um raio. Ao me virar, encontrei o príncipe parado do outro lado da porta que agora estava repleta de barras de aço que não existiam antes. Esta porta era mais complexa do que eu imaginava. Tentei olhar atrás de Armand em busca de uma pista de onde ele poderia estar me mantendo, mas tudo o que encontrei foi uma escuridão infinita. Sem Moira ou Zya, eu era como uma humana qualquer, incapaz de ver no escuro.
"Você sabe muito bem que não estou chorando por causa do quarto! Por que está fazendo isso? Me deixe ir!" Eu exigi com seriedade.
"Eu gostaria de poder, mas não posso!"
"Por quê?"
"Por causa do seu blodsvreden! Juntos, poderíamos conquistar o mundo, mas você está obcecada demais em encontrar seu companheiro para perceber a dádiva que lhe foi concedida e o quão rara ela é para ser desperdiçada dessa maneira!" Ele cuspiu com raiva.
"Não vou desperdiçar coisa alguma, isso eu posso te prometer. Apenas me deixe sair daqui. Por favor!"
"Não enquanto você pode estar esperando o meu herdeiro."
"O quê? Não estou grávida. Se estivesse, eu saberia!"
"E que experiência você tem nesse assunto, hein? Você nunca esteve grávida antes. Caramba, você deu sua virgindade para mim. Como poderia saber se está esperando um filho ou não?"
"Seu cretino maldito! Eu não te dei nada. Você a tirou de mim sem o meu consentimento! Você a roubou! E, mais uma vez, eu repito, não estou grávida. Eu saberia", respondi, furiosa.
"Eu... saberia... Uma mãe sempre sabe", sussurrei para mim mesma.
"Isso é apenas uma questão de semântica. Como o bebê foi concebido não tem importância. O fato é que você pode estar grávida, mas como ainda é muito cedo para dizer, você ficará aqui até que isso se confirme", ele comentou indiferentemente.
"E se eu não estiver grávida?"
"Bom... vou continuar tentando te engravidar até ter meu próprio exército de blodsvredens."
Olhei para ele, horrorizada, sem saber o que dizer, quando as peças finalmente se encaixaram na minha cabeça. Era por isso que ele sempre esteve atrás dos blodsvreden. Afinal, o que poderia ser mais interessante do que gerar filhos do seu próprio sangue com uma blodsvreden? Que pesadelo deve ser ter como pai e ser criado por um monstro igual Armand.
"Finalmente, você entendeu, não é?" Ele murmurou.
"Você tem que me deixar ir Armand."
"Não posso fazer isso. O que pretendemos alcançar aqui é muito maior e mais importante do que nossos desejos e motivações pessoais."
"Meu pai..."
"Seu pai não fará nada porque está tão alheio a tudo quanto sempre esteve, principalmente depois da morte de sua mãe. Se ele já era fraco antes, está muito mais agora que seu reinado está chegando ao fim. Ele não saberá o que o atingiu até ser tarde demais!"
"Deixe meu pai fora disso! Você já me tem, deixe-o em paz..."
"Você só pode estar louca se acha que seu blodsvreden é tudo o que eu quero do seu reino! Eu quero tudo, Inara! Tudo e mais um pouco."
"Mas você já tem o seu próprio reino..."
"A história remonta aos dragões sendo a espécie dominante. Nós éramos temidos e reverenciados por sermos conquistadores. Tínhamos uma vantagem sobre todas as outras espécies e sabíamos usá-la a nosso favor! Mas olhe para nós agora, escondidos em um mundo, onde vários seres se perguntam se estamos extintos ou somos apenas uma história de ninar. Isso acaba agora!"
Por alguma razão, seu discurso me fez querer cair na gargalhada. Este imbecil estava delirando. Até eu sabia que o mundo não era mais o mesmo, que as coisas mudaram. Além das outras espécies terem evoluído, existiam outros seres muito mais assustadores do que os dragões. Ele devia mesmo ser um tolo por pensar o contrário.
Pelo pouco que vi, e com isso me referia a Xavier, sabia que Armand estava para ter uma grande surpresa.
Com meus pensamentos em Xav, voltei para a cama e me sentei nela. Deixei que a lembrança daquele sonho com ele me servisse de consolo, pois era disso que precisava agora.
Xavier era algo de outro mundo e era uma pena que eu não tivesse o conhecido de verdade.
Comparado a ele, Armand não era nada. Xavier tinha o porte de mil dragões guerreiros e a aura de um milhão de reis enquanto Armand era só um príncipe herdeiro que trapaceou, mentiu e roubou tudo o que havia em seu caminho.
Uma batida nas grades da minha cela me trouxeram de volta à realidade.
"Você está me ouvindo?"
"Do que isso importa? Eu continuo querendo ir embora e você não me deixando ir."
"Você não só é incapaz de entender o panorama geral, como explicá-lo a você se provou inútil. Descanse um pouco e vá se acostumando com a ideia de que esta é sua nova casa agora. A história está prestes a mudar, quer você participe por vontade própria ou não."
"Então, prepare-se, Armand, pois uma guerra está chegando. Uma para a qual você nunca se preparou, mas que terá que enfrentar mesmo assim. A que custo, descobriremos quando o último homem sobreviver", sussurrei antes de me deitar de costas para ele.
"Do que diabos está falando? Você sabe de algo que eu não sei?" Ele perguntou, curioso, mas foi recebido com o meu silêncio.
"Dr*ga, responda! Inara! Inara!" Ele gritou.
Depois de esperar um bom tempo sem obter nenhuma resposta, ele deu as costas e saiu de repente. Eu me virei bem a tempo de ver as barras de aço desaparecerem no chão e a porta se fechar outra vez, deixando-me à sós com a minha ansiedade.