Capítulo 64
939palavras
2023-06-01 00:02
Império Drakkon:
Com um sorriso estampado no rosto, o rei se virou para Armand e ergueu uma sobrancelha questionadora.
"Explique-se", ele exigiu severamente.
"Eu a encontrei no caminho de volta para o palácio e conversamos. Nós não começamos as coisas com o pé direito, mas eu me desculpei pelo incidente anterior e decidimos tentar nos dar uma chance", Armand respondeu com um sorriso, o qual o rei não confiou nem um pouco.
"Você se desculpou e ela o perdoou, simples assim. Olha, essa garota deve ter queimado alguns neurônios nesse passeio porque a filha que eu tenho poderia guardar rancor por décadas", comentou o rei, que não perdeu o ligeiro desconforto que atravessou o rosto de Armand ou a risada nervosa que escapou da jovem.
"Pai! As pessoas mudam e eu tive tempo o suficiente para pensar em tudo o que aconteceu. Esse casamento é para o bem do povo e, como Armand mesmo me fez perceber, está na hora de começar a colocar as necessidades das outras pessoas deste reino acima das minhas, independente de como eu me sinta sobre isso."
O rei forçou um sorriso de orelha a orelha antes de pegar sua filha novamente nos braços e aproveitar a oportunidade para verificar atrás de suas orelhas, onde sabia que havia uma pequena lua de fogo esculpida ali desde o dia em que nasceu. Entretanto, ele não ficou nem um pouco surpreso ao encontrar em seu lugar uma pele intocada.
"Estou tão orgulhoso de você. Não tem ideia do quanto essa mudança significa para mim. Achei que esse dia nunca chegaria, pelo menos não enquanto eu estivesse vivo" disse ele, afastando-se dela para colocar uma mão sobre o ombro de Armand.
"Não sei nem como agradecê-lo, Armand."
"Você pode me agradecer adiantando a cerimônia de casamento."
"Sem problemas, isso se Inara concordar, é claro. Aprendi do jeito mais difícil a não impor minhas decisões sobre ela."
"Eu estou de acordo, pai", ela respondeu de supetão e com uma empolgação que não era nada sútil.
"Então, está resolvido. Vocês se casam dentro de um mês aqui mesmo neste reino. Faremos uma cerimônia que nosso povo não se esquecerá tão cedo."
"Mas, meu rei, esperávamos fazer apenas uma pequena cerimônia o mais rápido possível", Armand o interrompeu.
"Deixe de bobagem. Estamos falando do casamento da minha única filha. Você não espera que eu permita uma cerimônia feita às pressas, como se ela não significasse nada para mim e eu mal pudesse esperar para me livrar dela, não é? O que as pessoas iriam pensar? O casamento acontecerá em um mês e ponto final. Isso dará a todos uma chance de se preparar."
Embora o rei pudesse ver claramente o descontentamento no rosto de Armand e sua filha impostora, ele se recusou a deixá-los perceber que ele estava ciente de sua armação.
"Agora, Armand, leve Inara de volta para os seus aposentos. Então, conte ao seu pai que o casamento está acertado, assim como nossa aliança."
"Sim, meu rei", Armand respondeu com certa relutância.
"Até mais tarde, pai", Inara se despediu conforme ambos se viravam para sair da sala de trono, cochichando baixinho sobre sabe-se lá o quê.
No momento em que as portas se fecharam atrás deles, o rei chamou seu guarda de maior confiança e pediu para que ele os seguisse. Os aposentos que escolheriam seria a prova concreta de que aquela mulher que Armand trouxera não era sua filha.
O rei não precisou esperar muito pela informação de que eles haviam ido para os antigos aposentos de Inara, os quais ela agora desprezava com todo o seu ser.
Isso o fez se questionar qual era o motivo de Armand estar desfilando por aí com uma impostora e querer realizar o casamento tão rapidamente. O pior era ver como a impostora havia sido feita para ser idêntica fisicamente à sua filha, embora seu jeito de falar não remetesse em nada ao da original.
O rei não conseguia parar de pensar onde estava sua Inara. Se Armand havia vindo até aqui com uma impostora, era óbvio que ele havia prendido sua filha em outro lugar. Ele precisava trazê-la de volta para casa em segurança antes que algo terrível acontecesse com ela de novo.
Ele já havia falhado com ela uma vez e não queria fazer disso um hábito.
O rei nem sabia a quem recorrer neste momento, pois ouvia os sussurros por aí sobre o quão fraco ele era como monarca. Surpreendentemente, foram alguns de seus conselheiros que começaram esses rumores. A princípio, isso não o incomodou muito, afinal, ele sabia que eles sempre pensaram isto por se acharem escolhas muito superiores para subirem ao trono. Só podia ser piada!
Ao mesmo tempo, havia algumas pessoas com quem ele podia contar. No entanto, esta era uma questão bastante delicada, pois a vida de sua filha poderia estar em perigo. Qualquer erro que ele cometesse seria fatal e isso o assustava para caramba.
Confiar na pessoa errada colocaria tudo a perder. Ele andava de um lado para o outro na sala do trono, tentando encontrar uma solução, quando Marleigh entrou às pressas.
"Desculpe incomodá-lo, meu rei, mas este é um assunto delicado e urgente. Será que poderíamos conversar em particular?" Ela murmurou apressadamente, olhando de soslaio à sua volta.
Algo em seu semblante deixou o rei curioso e desconfiado. Com um aceno de cabeça, ele a levou para o seu escritório particular, que ficava atrás das paredes de pedra da sala do trono.
Uma vez que as portas se fecharam, ele lhe ofereceu uma cadeira e ficou sentado, esperando que ela quebrasse o silêncio constrangedor que de repente os envolveu.