Capítulo 48
1508palavras
2023-05-16 00:02
Ponto de vista de Xavier:
Sentamos ao redor de uma grande mesa com Callidora e o resto dos irmãos de Magnus enquanto fazíamos uma última refeição antes de partirmos para atender a um pedido de Darrick. Sim, Darrick. Que surpresa!
Eu ficava espantado como todos os irmãos sempre apareciam para jantar, não importava o quão longe ou ocupados estivessem. Esta era uma tradição que tinha o prazer de compartilhar com eles. Assistia com um misto de desejo e divertimento como eles implicavam um com o outro de um jeito bastante lúdico, bem como o faziam com Magnus. O pirralho mimado, no entanto, parecia gostar disso, pois seus três irmãos mais velhos, Armani Jnr, Dietrich e Alaric nunca deixavam de defendê-lo.
Esses três o mimavam mais do que Callidora e isso dizia muito. Magnus da Casa de Venandi era um pirralho totalmente mimado que adorava ser tratado assim.
Após o jantar, arrumamos nossas malas, terminamos de nos despedir de todos e nos teletransportamos para fora de seu reino. Afinal, não queríamos que ninguém tentasse nos seguir ou desperdiçasse seus esforços com tal bobagem.
Meu plano era nos levar direto para o reino humano, onde poderíamos montar acampamento e decidir nosso próximo passo. Entretanto, assim que entramos no limbo, senti uma vontade repentina de ir para o reino das fadas e foi isso o que fiz. Após redefinir nosso destino, abrimos um portal para lá.
No momento em que o portal se abriu, puxei Magnus comigo e o fechei depressa antes que alguém ou algo nos seguisse. Contudo, no instante em que pisamos em suas terras, os guardas se revelaram e desembainharam suas espadas tão rapidamente que Magnus deu um pulo para trás. Argh... Mais um grupo de espécies paranóicas e extremamente sorrateiras. Esses caras conseguiam ser ainda piores do que os vampiros sanguessugas.
"Digam quais são suas intenções em nosso reino, intrusos", eles exigiram em uníssono.
"Estou aqui para ver o rei", respondi.
"Não fomos informados de nenhuma visita ao rei hoje", um deles retrucou, bufando.
"Da mesma forma que vocês não foram informados quando fui chamado para lutar ao lado dele na Batalha das Sete Ilhas", disparei, sentindo uma súbita inquietação no ar que só me fez querer ver o rei ainda mais.
Esperei por uma resposta, mas quando percebi que não receberia nenhuma, apenas passei pelos guardas e fui direto para o palácio com Magnus no meu encalço.
"O que é a Batalha das Sete Ilhas? Como é que ninguém ouviu falar disso?" Magnus indagou.
"Foi uma batalha que aconteceu entre os reinos feéricos quando meu avô pediu que todos se unissem sob uma única liderança. Eles cometiam cada atrocidade uns contra os outros em nome de seus reinos, raça ou tribos. Crimes de ódio e genocídios aconteciam regularmente.
"Somente o Senhor deste Reino concordou com a unificação e, como recompensa, lutamos ao lado dele e o coroamos rei após o fim da guerra. Nos últimos vinte anos, as fadas prosperaram e cresceram mais do que nunca em toda sua história. Embora ainda existam alguns poucos crimes aqui e ali, o seu número reduziu significativamente. E você só não ouviu falar sobre isso porque elas não quiseram divulgar. As fadas não são conhecidas como o povo mais sigiloso por nada. Mesmo algumas das pessoas que lutaram na guerra não se lembram de metade dela, que dirá os outros reinos."
"Isso é perturbador..." Magnus murmurou.
Apesar de ouvir os guardas correndo atrás de nós e gritando para que parássemos, eu simplesmente os ignorei. Não podia deixar de me perguntar o que havia acontecido com os guardas de antigamente. Eles eram mais experientes e eficientes do que esse bando de idiotas que tinham acabado de deixar o portal sem supervisão apenas para perseguir dois intrusos.
Só então me dei conta de que havia algo estranho. O lugar parecia vazio, coisa que não acontecia em hipótese nenhuma no reino das fadas, onde tudo era vivo e respirava. Com isso, parei por um momento e senti a terra. A frequência sob meus pés, embora sutis, foi a única resposta que obtive.
Havia algo de errado aqui.
Então, chamei as dríades que habitavam as árvores. Por mais que pudesse senti-las tentando atender ao meu chamado, ficou claro que tinha algo no seu caminho.
Realmente, havia algo de muito errado acontecendo neste lugar.
Além dos elfos que normalmente ficavam ao redor das entradas do portal, as dríades e ninfas também eram as principais guardiãs do reino das fadas.
Elas guardavam o reino de seus habitats naturais nas montanhas, nos corpos de água, árvores e terra. Na maioria das vezes, depois de passar pelos guardas do portal, era normal encontrá-las logo em seguida. Dependendo da forma como foi sua entrada, seu encontro com elas podia ser amigável ou extremamente hostil.
Esperei até os guardas nos alcaçar antes de me virar para eles. Ao dar uma boa olhada neles, percebi que pareciam muito mais jovens do que os de costume. Talvez ainda fossem crianças.
"Onde estão os guardas de sempre?"
"Quem é o senhor?"
"Desculpe-me por mais cedo. Meu nome é Xavier, sou herdeiro do trono do Rei Chaos, alto comando da fonte, Rei dos Reis e Senhor do submundo e de todos os outros reinos. Este ao meu lado é meu amigo Príncipe Venandi do clã de vampiros da Casa de Venandi."
"Peço desculpas, sua alteza... Nós não sabíamos disso", o mais jovem respondeu timidamente enquanto o outro se recusou a encontrar o meu olhar.
"Também lamentamos por invadir seu território sem dar nenhuma explicação. Agora, será que pode me dizer o que está acontecendo? Não consigo sentir as ninfas direito..."
"Você pode senti-las? Você tem permissão para fazer isso? O que você é?" O mais velho questionou com um brilho intrigado nos olhos.
"Sim, eu posso senti-las e não preciso da permissão de ninguém para fazer isto", respondi, ignorando sua última pergunta.
"Uau! Quem e o que você realmente é?" Eles questionaram juntos.
"Por mais que quisesse respondê-los, não posso. Agora, voltando à minha pergunta..."
"Nós realmente não sabemos. Nossos pais acabaram de nos dizer que os substituiríamos esta manhã antes de irem prestar esclarecimentos ao palácio do rei."
"Neste caso, terei que descobrir por mim mesmo e, por favor, voltem para seus postos. Da próxima vez, não os deixem sem supervisão para perseguir intrusos. Não importa quantos feitiços para despistar estranhos o portal tenha, há muitas criaturas astutas por aí."
"Sim, sua alteza!"
"Vejo vocês assim que terminar o que vim fazer aqui." Com essas palavras, virei-me para continuar meu percurso.
Quando já havíamos nos afastado o suficiente deles, Magnus voltou a falar.
"Por que você não deu meu nome a eles?"
"Lição número um, meu amigo, nunca dê a um elfo ou ninfa seu nome de batismo, mas também não minta para eles. Dê o máximo de informação que puder, sem revelar toda a verdade. Além do mais, você é um príncipe da Casa de Venandi, portanto, não contei nenhuma mentira."
"Certo, mas ainda assim..."
"Os nomes têm mais poder do que pensamos e esta espécie sabe se aproveitar desse conhecimento oculto. Dar seu nome a um elfo, ninfa ou dríade que não conhece ou estabeleceu um vínculo de confiança é como entregar um pedaço da sua alma a eles. Dessa forma, eles poderão fazer o que quiserem com você."
"Isso é bem bizarro."
"Não é mais bizarro do que um vampiro hipnotizando quem quer que seja..."
"Talvez, mas a questão é que ninguém sabe disso. Não há nada nos livros de história, nem mesmo o pouco que já foi descoberto."
"Cada espécie tem seus segredos e esse é apenas um deles."
"Caramba! Mas como vou conseguir tr*nsar direito se minha gata ficar gemendo o nome do meu clã?" Ele resmungou melancolicamente.
"De tudo o que acabei de dizer, essa é a sua maior preocupação?"
"Bom, nem todos são tão exigentes quanto você, sua alteza. Além do mais, este é um reino novo, portanto, há muita coisa para explorar e experimentar por aqui..."
"Por que será que tem algo me dizendo que tudo que você vai querer explorar e experimentar tem a ver com as mulheres deste reino? E a propósito, eu não sou exigente. Eu só tenho um gosto específico para mulheres e ainda não conheci nenhuma que se encaixe nele."
"Sei", ele respondeu sarcasticamente com os olhos semicerrados, o que me fez cair na gargalhada.
"Vamos, uma nova aventura nos espera."
"Ah, sim! Com certeza!" Magnus saltou de felicidade. Não pude deixar de rir outra vez com suas travessuras. Como eu já havia dito, ele me remetia as coisas alegres deste mundo.
Embora estivesse com um pouco de pressa, fiz questão de pegar o caminho mais longo para que Magnus pudesse apreciar as maravilhas deste reino. Foi muito gratificante ouvir todos os "ahs" e "ohs" que ele dava para quase tudo o que via.
Para um vampiro de 647 anos, ele realmente parecia uma criança em uma loja de doces e, por mais que houvesse algo adulterando a magia da terra, este lugar ainda era um espetáculo e tanto.