Capítulo 32
1105palavras
2023-04-30 00:02
Ponto de vista de Tricia:
Não podia acreditar que meu River me expulsou. Ele agiu como se a minha mera presença o incomodasse. Por mais que entendesse que ele estava chateado com a morte de sua companheira, eu só queria consolá-lo da melhor maneira possível
Embora a v*dia já estivesse morta, ela ainda exercia seu domínio sobre ele. Para piorar as coisas, ela havia deixado em seu lugar a cretina da Kiara, que parecia saber de alguma coisa que eu desconhecia. Talvez eu devesse tê-la matado junto com sua suposta alfa.
Eu tinha apenas dado dois passos em direção à minha casinha quando me deparei com Felecia, que parecia estar chorando há dias sem parar.
"O que há de errado?" Eu a questionei.
"Está tudo errado, minha querida. Tudo", ela responde com a voz rouca.
"O que quer dizer com tudo? A luna desta alcateia morreu. É horrível, eu entendo, mas isso não significa que temos que morrer com ela. Quero dizer, sempre pode haver uma nova luna."
"Não fale assim, Tricia! Isso é uma blasfêmia. O que deu em você, criança?"
"O quê? Eu só estava comentando um fato."
"Um fato? Você fala sobre a morte dela como se não fosse nada... Espere um minuto, Tricia... O que foi que você fez?"
"Não sei do que está falando."
"Não ouse tentar me enganar. Seu coração está disparado. O que você fez, Tricia? Por favor, não me diga que é o que estou pensando!"
"Na verdade, é sim. Você mesma me disse que eu tinha que lutar pelo que queria e fazer o que fosse preciso para ter seu filho só para mim outra vez. Então, eu fiz isso."
"Não... não... não foi isso que eu quis dizer. Não, não, isso... Você foi longe demais. Você passou de todos os limites, Tricia!"
"Não passei de tantos limites quanto você. Não se esqueça que eu sei o que você fez, Felecia, então, não venha bancar a santa comigo. Você é muito pior do que eu. Você é desprezível, portanto, guarde o sermão e essa cara de inocente para outra pessoa."
"Como você se atreve? Ainda sou a luna desta alcateia e não vou aceitar que me desrespeite dessa maneira."
"Você era a luna, mas eu serei a próxima. Não se esqueça disso."
"Eu contarei tudo ao meu filho se você ousar chegar perto dele, sua cobra!"
Deixei escapar uma risada, mostrando meus caninos a ela. "Gostaria de ver você tentar. Só se lembre que se eu cair, eu te levo junto comigo, sogrinha."
"Você é tão atrevida quanto uma barata moribunda. É melhor você tomar cuidado, querida Tricia, porque eu não vou descansar até vê-la morta.
"O sentimento é mútuo, Felecia. Que comecem os jogos e que sobreviva a melhor."
Dito isto, eu passei por ela e entrei na minha casa, fechando a porta atrás de mim com um estrondo. Aquela mulher era inacreditável. Ela agia como se o que eu fiz fosse pior do que ela aprontou no passado.
Se ao menos a família dela soubesse o tipo de verme que ela é, com certeza eu seria tratada como uma rainha pelo que fiz.
Embora eu tivesse agido de forma corajosa lá fora, estava morrendo de medo. Mas se fui capaz de matar minha luna, a famosa herdeira do submundo, então, poderia acabar com Felecia também.
Ao deitar na cama, fechei os olhos para dormir um pouco apenas para abri-los novamente. A bruxa havia morrido, mas sua maldição ainda estava viva e mais cruel do que antes. Não precisava dormir à noite inteira para receber aquelas chicoteadas infernais, bastava que eu fechasse os olhos por um segundo.
Que tipo de vida era essa?
Nada estava saindo do jeito que planejei, mas eu faria dar certo. As coisas só precisavam de um empurrãozinho na direção certa.
Sim, na direção certa...
Com isso em mente, sentei-me na cama e planejei meus próximos passos.
Ponto de vista de Kiara:
Escondida, eu caminhava pelas sombras quando me deparei com esta interessante troca de farpas entre Tricia e Felecia. Ao que parecia, havia problemas no paraíso, sem falar que a mãe de River estava escondendo bem mais do que imaginávamos.
Para mim, todo esse absurdo só estava acontecendo porque baixamos a guarda. Ficamos muito confortáveis nesta alcateia cheia de vermes, porém, corrigiríamos esse erro em breve. Antes mesmo do esperado.
Fui até o pátio de Chaos, onde nossas guerreiras davam tudo de si em seu treinamento. Elas tinham feito isso desde a morte da nossa alfa. Talvez fosse a maneira delas de lidarem com o luto.
Então, andei até o portal e suspirei ao entrar no meu reino natal. A sensação de estar lá nunca envelhecia. Com um sorriso, acenei para o nosso povo enquanto me dirigia ao palácio.
Os ânimos lá estavam tão tensos que quase podia me sentir sufocando.
O guarda à postos na entrada fez uma reverência antes de se endireitar para abrir a porta. Em seguida, encontrei meu pai e vários dos meus tios e tias em uma discussão acalorada. Não era necessário dizer que o assunto era Chaos.
Metade deles queria que a alcateia e seus habitantes fossem todos erradicados, independentemente do gênero ou idade deles, como maneira de retribuição. Já os demais preferiam seguir o plano que Chaos idealizou antes de morrer.
No entanto, o plano dela tinha algumas brechas, pois certas revelações só vieram à tona no dia da sua morte, mas elas seriam mantidas em sigilo até segunda ordem.
Ao caminhar até o meio da minha família, limpei a garganta para chamar a atenção de todos. Assim que consegui isso, fui direto ao ponto e compartilhei as informações que acabara de ouvir.
Foi inevitável não notar a careta de nojo em alguns de seus rostos no momento em que mencionei o nome de Felecia River. Ao que parecia, minha família sabia mais sobre esse assunto do que deixaram transparecer à principio. Para o bem deles, esperava que soubessem que eu não iria descansar até descobrir todos os segredos sujos dessa história.
Não importava o quão pequeno ou irrelevante, eu iria descobrir tudo. Parecia que eu teria que usar minhas habilidades normalmente inativas com mais frequência do que havia feito em anos.
Era necessário fazer isso, pois não permitiria que minhas sobrinhas e sobrinhos nascessem em uma alcateia infestada de vermes, onde seus membros matavam sem pensar duas vezes.
Mal podia esperar quando chegasse a lua minguante para acabar com aquela falsa paz na alcateia, que já estava ficando cansativa. Esse dia marcaria a vida de muitos. Era o início de uma nova era. Os membros da alcateia apenas não sabiam disso ainda.