Capítulo 31
1358palavras
2023-04-29 00:02
Ponto de vista de Alfa River:
Acordei com o sol batendo forte contra o meu rosto. Tinha tido um sonho estranho com a minha companheira. Sonhei que ela tinha morrido. Ao me levantar, espreguicei-me e olhei à minha volta. Estava no meu quarto.
Mas como foi que eu cheguei aqui?
Quem trocou minhas roupas?
O que aconteceu ontem?
De pé, no meu quarto, tremi com o frio repentino que pareceu tomar conta do meu corpo. Então, fui para o banheiro, tomei um merecido banho quente e, ao terminar, caminhei até o meu closet.
Depois de dar uma olhada rápida no espelho, foi aí que me dei conta. A minha marca de companheiro havia desaparecido. Imediatamente, meus joelhos vacilaram e eu caí no chão, incapaz de me sustentar em minhas duas pernas.
Aquelas lembranças não eram de um sonho estranho que tive, mas sim da minha dolorosa realidade. Permaneci de joelhos enquanto chorava até minhas lágrimas secarem. Ainda não conseguia acreditar que minha companheira havia partido. Minha Chaos.
Quando, enfim, minhas lágrimas pararam de rolar pelo meu rosto, eu me levantei e me vesti de maneira robótica, sentindo-me completamente entorpecido. A verdade era que estava com pressa de parecer no mínimo apresentável, pois precisava encontrar o assassino da minha companheira o quanto antes.
Eu havia prometido fazer justiça por ela e planejava cumprir isso.
Assim que deixei meu quarto, esbarrei na última pessoa que eu queria ver, Tricia.
"O que você quer, Tricia?" Perguntei friamente.
"Querido, eu ouvi sobre o que aconteceu com a sua companheira e vim correndo para consolá-lo", ela sussurrou enquanto acariciava meu braço.
Rapidamente, afastei a mão dela de mim e rosnei na sua cara: "Em primeiro lugar, eu não sou o seu querido, então, pare de me chamar assim. Segundo, eu não preciso de você para me consolar. Na verdade, olhar para o seu rosto só me faz lembrar da injustiça que cometi contra a minha companheira. Sendo assim, faça-me o favor de desaparecer da minha frente antes que eu perca a cabeça."
"Mas, querido..."
"Dê o fora!" Eu gritei.
Nossa discussão provavelmente chamou a atenção porque, quando dei por mim, ouvi vários passos subindo as escadas. Matthews foi o primeiro a aparecer, seguido pelo resto dos membros de alto escalão.
Virando-me para encará-los, apontei para Tricia e ordenei: "Tirem essa coisa da minha frente."
"Com prazer", Kiara respondeu, vindo na minha direção. Ao segurar com força o braço de Tricia, ela a puxou como se minha ex-amante não fosse nada além de um pedaço de papel, embora ela gritasse e se esperneasse pelo caminho.
Quando me virei para ir em direção ao meu escritório, Leone entrou na minha frente.
"O que foi agora?" Questionei com a mesma frieza com a qual havia tratado Tricia.
"Como você está?" Ele perguntou humildemente.
"Que di*bos de pergunta é essa? Minha companheira acabou de morrer, como acha que estou?"
"Eu sei, apenas queria saber como está se sentindo."
"Como estou me sentindo? Bom, já que você quer tanto saber, eu respondo. Estou com vontade de me matar e me juntar à minha companheira. Está feliz agora?"
Não esperei para ouvir mais uma de suas perguntas estúpidas. Eu sabia que Leone tinha boas intenções, mas não precisava disso agora.
Podia ver a pena e compaixão estampadas nos rostos de todos eles. Sabia muito bem que, depois de ter admitido que queria me matar, eles ficariam de olho em mim para prevenir qualquer tentativa de suícidio.
Como se eles realmente pudessem me impedir. No entanto, não era isso o que pretendia fazer agora. Primeiro, iria encontrar o assassino da minha companheira e, então, me certificar de deixar a alcateia em boas mãos antes de me juntar a Chaos.
Não havia mais nada para mim nesta vida agora que ela tinha partido.
Diziam que as pessoas só sabiam dar valor a algo quando o perdiam e era verdade.
Assim que entrei no meu escritório e me acomodei, houve uma batida forte à porta.
"Entre", rosnei.
Não tirei meus olhos de Kiara conforme ela entrava na sala e se sentava confortavelmente à minha frente.
"O que você quer?" Perguntei em um tom neutro.
"Nada. Só queria compartilhar uma informação que descobri."
"Que informação?"
"Alguém fez um acordo com outro deus e negociou a vida de Chaos. Essa pessoa colocou um alvo na cabeça dela e pagou o preço exigido pela outra parte."
"Como é que é? Quem fez isso?"
"Não sei dizer ainda, mas vou continuar investigando. De toda forma, você pode esperar até a próxima lua minguante. Minha família e meus ancestrais estarão aqui para realizar alguns ritos de acordo com a nossa tradição, então, você poderá pedir algumas respostas."
"Mas a próxima lua minguante é só daqui a três semanas! Três malditas semanas. Não posso esperar tanto... E se eu perguntar e eles se recusarem a me responder? O que eu farei então?"
"Bom, eu não tenho como ir até a lua e forçá-la a se tornar minguante da noite para o dia. Nossa única opção é aguardar agora. Quanto a sua outra questão, eles não vão se recusar a respondê-lo. Confie em mim."
"Tudo bem, mas por que você está me ajudando?"
"Não estou. Estou fazendo isso pela Chaos."
Depois de um momento de silêncio, reuni minhas forças para perguntar o que andava rondando minha mente desde que ela entrou no escritório.
"O que aconteceu ontem? Quem a encontrou?" Perguntei baixinho
"Stephanie a encontrou. Parece que ela foi atacada dentro de casa. Estavam esperando por ela", Kiara explicou monotonamente.
"Por que ela não se defendeu? Eu sei que ela era perfeitamente capaz disso. Então, por quê?"
"É aí que a coisa fica complicada porque eu não sei. Ela nem sequer pediu ajuda."
"Isso pode significar muitas coisas. Talvez ela conhecesse quem a atacou ou estava tão distraída que foi pega de surpresa."
Kiara me observou com um olhar estranho no rosto antes de piscar e fazê-lo desaparecer. Ela estava prestes a dizer algo quando Matthews entrou no escritório sem se anunciar.
"O que vocês dois estão discutindo?" Ele questionou, olhando de mim para a sua companheira.
"Algumas coisas", ela respondeu vagamente.
"Que coisas?" Matthews pressionou.
Eu assisti fascinado conforme um sorriso aparecia no rosto de Kiara antes de respondê-lo.
"Coisas ué"
Aquela parecia ser uma piada interna deles, pois Matthews revirou os olhos, rindo.
"Deixa para lá, querida. Agora, diga-me qual era o assunto. Todo mundo sabe que vocês dois não são melhores amigos, então, é no mínimo suspeito encontrá-los aqui conversando a sós. Se tem algo grave rolando, eu quero saber", ele argumentou seriamente.
Deixando escapar um suspiro pesado, respondi: "Alguém colocou um alvo na cabeça da minha companheira. Negociaram a vida dela como se não valesse nada."
"Que absurdo! Onde você ouviu isso, querida? Você tem certeza?" Matthews questionou Kiara enquanto andava de um lado para o outro na sala com um olhar perplexo no rosto.
"Tenho 110 por cento de certeza. Soube de uma fonte muito confiável e contei tudo para minha família depois do funeral. Agora, estou contando a vocês", Kiara rebateu.
"Quase sinto pena do culpado. Se sua família fez o que fez comigo, essa pessoa já pode se considerar morta. A propósito, o que aconteceu com as cinzas de Chaos?" Indaguei com um suspiro resignado.
"O pai de Chaos as levou para casa para alguns rituais, mas ele as trará de volta a qualquer dia após a lua minguante", Kiara respondeu solenemente.
Como alguns minutos atrás, ela tinha um olhar estranho no rosto de novo, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele havia desaparecido, fazendo-me questionar se estava vendo coisas. No entanto, sabia que não era o caso.
Ainda assim, não me preocupei em perguntá-la a respeito, pois sabia que ela se recusaria a me dar uma resposta.
Discutimos mais um pouco sobre Chaos e as questões da alcateia até que não consegui mais suportar a presença deles e pedi para que se retirassem do meu escritório.
Estava tendo dificuldades para respirar e até conter meu temperamento na presença deles. Eu sabia sem a menor sombra de dúvida que estes eram sinais claros de que meu lobo estava perdendo o controle.