Capítulo 13
2155palavras
2023-04-17 14:48
Ponto de vista de Alfa River:
Minha companheira respondeu em detalhes todas as perguntas que lhe foram feitas, sem interrupções, até nos informar que ela mesma iria treinar todo mundo e não pegaria leve com ninguém, assim como sua mãe fez com ela.
Neste instante, a bela jovem que havia entrado com ela na sala a cortou e a chamou de v*dia sádica. Eu estava prestes a rosnar em advertência pelo seu desrespeito quando minha companheira olhou para ela e soltou uma gargalhada antes de confirmar que ela não seria a Chaos que ela conhecia se agisse diferente.
Em seguida, ela continuou a repreender a jovem de brincadeira, insinuando que ela também não era nenhuma santa e não ficava muito atrás da própria Chaos. Meus homens e eu assistimos a cena com um misto de fascínio e preocupação. Estava claro que as duas eram próximas e se sentiam à vontade o suficiente para zombar uma da outra, mesmo na nossa frente.
Quando me cansei daquilo, perguntei à minha companheira quem era a mulher ao seu lado e talvez isso tivesse sido um erro meu. Chaos, então, olhou para a jovem em questão e assentiu, permitindo que ela tomasse à frente da conversa.
"Por que você não pergunta diretamente para mim, Sr. Alfa?" Ela questionou de forma rude.
"Cuidado com o jeito que você fala comigo, mulher!" Rosnei.
"Ou o quê? Antes de nos apresentarmos devidamente, quero deixar claro que, embora você seja um alfa, com certeza não é o meu.
"Chaos foi e sempre será minha alfa e isso não vai mudar. Antes que você venha para cima de mim, tenho uma última coisa a dizer.
"A verdade sempre aparece. Não importa o quanto tente escondê-la ou o quanto se sinta confortável nas sombras porque acha que seu segredo estará a salvo lá, saiba que outras coisas também habitam a escuridão", ela falou de um jeito enigmático, mas também consegui detectar um toque de deboche em seu tom.
Não pude deixar de olhar ao redor da sala. No fundo, eu sabia que um desastre estava prestes a acontecer. Então, vi como alguns dos meus homens de confiança se mexiam desconfortáveis em seu assento enquanto outros apenas pareciam nervosos. Estava claro que eles também haviam captado o quão profundas foram as palavras da mulher desconhecida.
Ao encarar minha companheira, deparei-me com sua expressão indiferente de sempre. Minha mente estava a mil por hora enquanto uma sensação horrível de que ela sabia exatamente do que estava falando tomava conta de mim.
Entretanto, eu não tinha como ter certeza absoluta. Afinal, assim como minha companheira, ela também tinha uma expressão indiferente no rosto, sem falar do seu olhar frio.
Respirando fundo, perguntei o mais calmamente que pude:
"Quem é você?"
"Agora que me perguntou, meu nome é Kiara Khorne, prima e amiga de Chaos. Isso é tudo o que você merece saber. Ah, já ia me esquecendo, também sou a companheira do seu beta", respondeu ela friamente.
Em um ato reflexo, todos nos viramos para o meu beta apenas para encontrá-lo com um sorriso arrogante no rosto, pois estávamos lhe devendo. Apostamos que ele não encontraria sua companheira tão cedo quando, outro dia, ele mencionou sentir que ela estava por perto.
Na hora, zombamos dele por acreditar que ele estava se iludindo só porque eu havia encontrado minha companheira. Diante disso, ele sorriu e propôs uma aposta. Cada um de nós teria que lhe pagar cem dólares se perdêssemos.
Como estávamos muito seguros, apostamos alto, mas aqui estávamos agora. Ao olhar para Kiara, senti uma inquietação crescer dentro de mim e lamentei não poder me livrar dela, pois esta mulher era companheira do meu beta e prima de Chaos.
Que sorte a dela! Eu ainda estava de olho em Kiara conforme ela interagia com os outros homens na sala em um tom mais leve e bem-humorado do que quando havia se dirigido a mim.
Não estava claro se ela tinha uma questão pessoal comigo ou só não foi com a minha cara. No momento seguinte, o som da porta da sala de conferências se abrindo e fechando novamente, tirou-me de meus devaneios.
Olhei rapidamente à minha volta apenas para ver que minha companheira havia saído. Na mesma hora, eu me levantei e fui atrás dela. Alcancei-a ainda no corredor, mas quando percebi o olhar de dor em seu rosto, não pude deixar de perguntar se ela estava bem.
"Na verdade, não... Estou com um pouco de dor de cabeça e gostaria de me deitar um pouco." Foi a resposta que ela me deu.
Insisti até ter certeza de que ela só estava mesmo com dor de cabeça, mas, no final das contas, seu nervosismo parecia ter a ver com o grande evento que seria nossa cerimônia de amanhã. Não pude deixar de perguntar se era isso mesmo que ela queria.
Com a lua cheia já tão próxima, eu estava em êxtase por ela ainda querer a cerimônia. Depois de lhe dar um beijo na testa, deixei que ela fosse descansar enquanto refletia sobre os últimos acontecimentos.
Para ser honesto, as palavras de Kiara ainda me assombrava. Algo dentro de mim me alertava que ela sabia do que estava falando. No entanto, não perdi muito tempo pensando nisso ao me lembrar que a cerimônia para selar a relação de companheiros entre mim e Chaos seria amanhã.
Sorrindo, fui procurar minha mãe e meu pai para dar a boa notícia a eles.
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Encontrei minha mãe e meu pai na sala de estar, assistindo televisão um nos braços do outro. Sempre que os via assim, meu coração se enchia de desejo. Eu queria o que eles tinham e, agora que havia encontrado minha companheira, finalmente isso seria possível. Além disso, eu ainda tinha Tricia, o que me fazia duplamente sortudo.
Ao caminhar até eles, baguncei o cabelo do meu pai só para irritá-lo e dei um beijo na testa da minha mãe antes de me sentar de frente para eles.
Percebendo meu bom humor, minha mãe perguntou: "O que te deixou tão alegre?"
"Bom, Chaos acabou de me perguntar se podíamos fazer nossa cerimônia amanhã e eu concedi. Ela também compartilhou algumas técnicas de treinamento para os lobisomens que não gostam de combate físico ou tem horror a sangue", revelei, orgulhoso.
"Ah, isso é ótimo! Vou dar início aos preparativos para amanhã", minha mãe gritou de emoção antes de correr para fora.
Eu a observei sair de casa com um sorriso no rosto, mas ao me virar para o meu pai, notei que ele olhava para o nada com o cenho franzido.
"O que há de errado, pai?" Perguntei, preocupado.
"E quanto a Tricia, meu filho? Está claro que sua companheira foi feita para ser luna e possui um grande potencial, então, vou logo avisando que não irei ficar de braços cruzados, vendo você a trair", reprovou meu pai em um tom severo.
"Pai, eu gosto de Tricia e não vou descartá-la só porque encontrei minha companheira. Levará algum tempo, mas um dia, vou me separar dela. Além do mais, contanto que Chaos não saiba de nada, ela não irá sofrer."
"Você me decepciona às vezes. Sua mãe também porque ela continua o encorajando a agir de forma tola. Eu te aconselho a terminar com Tricia antes que isso arruine sua vida com sua companheira, que mal começou."
"O que poderia dar errado, pai? A cerimônia será amanhã, então, poderei marcá-la e acasalar com ela. O acasalamento da lua cheia será no dia seguinte, selando nossa união de uma vez por todas. Ela será minha."
"Você pode ser o alfa agora, mas acho que está dando importância demais para o seu caso com Tricia. Há tantas coisas que podem dar errado após o acasalamento, e são sempre essas que fazem mais estrago."
"Mas…."
"Mas nada. Pare de fazer sua companheira de idiota e dê a ela o respeito que merece. Termine seu caso com Tricia antes da cerimônia de amanhã ou arruinará sua vida. Você pode ser meu filho, mas não vou tolerar essa insanidade", ele avisou antes de sair da sala.
Não fazia ideia do porquê meu pai dava tanta importância a esse assunto. Eu não iria me separar de Tricia e estava decidido. Amanhã, realizaria minha cerimônia, então, iria provar a ele que estava enganado. Era só esperar para ver.
Embora tivesse pensado que ele ficaria feliz por mim, aqui estava eu, ouvindo-o dar palpite em minha vida. Bom, pelo menos minha mãe estava contente por mim e eu sabia que a alcateia também ficaria. Contudo, ainda bem que havia mantido meu relacionamento com Tricia longe dos holofotes, ou então isso já teria chegado aos ouvidos de Chaos.
Alguém como Cindy, por exemplo, que costumava delirar sobre ser minha companheira e luna desta alcateia, certamente teria usado essa informação na esperança de machucar Chaos. Ao me recostar no sofá para tirar uma soneca, senti aquela presença familiar de novo. Desta vez, detectei também um cheiro salgado no ar.
Quem quer que fosse, sabia que estava chorando. Imediatamente, levantei-me do sofá para tentar pegar quem me espionava, porém, apenas me deparei com o espaço vazio à minha frente. A presença não só havia desaparecido, como não havia nenhum cheiro no ar, nem mesmo um leve resíduo.
Quando voltei para o sofá e me acomodei novamente, fui surpreendido por uma forte batida na porta. Mais uma vez, eu me levantei para ir ver quem era, no entanto, Kiara passou à minha frente depressa.
Atrás dela, observei-a abrir a porta e gritar conforme se jogava nos braços de alguém. Ela já havia trocado de roupa desde a última vez que a vi e agora estava usando um top sem manga, calça jeans rasgada e um par de botas.
Tive que olhar para ela duas vezes, pois só então havia percebido que ela também tinha tatuagens. Enquanto algumas combinavam com as que haviam nos braços da minha companheira, outras eram imagens e inscrições em idiomas que não conhecia.
Não precisei esticar o pescoço para ver quem ela tinha abraçado, pois ela imediatamente puxou a pessoa para dentro de casa.
Meus olhos se arregalaram ao ver o homem gigantesco parado na minha sala. Por mais que não fosse muito bonito, ele tinha músculos nos lugares certos e suas tatuagens cobriam boa parte do seu corpo até onde pude notar.
Por que essa família gostava tanto de tatuagens?
Ao ver o braço forte do homem ao redor dos ombros de Kiara, fiquei surpreso por ele não tê-la esmagado.
Não que eu tivesse algo contra isso. Na verdade, ficaria feliz em fazer vista grossa. No momento seguinte, o homem se acomodou antes de olhar para o rosto sorridente de Kiara, que tagarelava sem parar em um idioma o qual eu não podia entender.
Então, o olhar dele pousou sobre mim, avaliando-me de cima a baixo.
"Eu sou Hefesto. Tio de Kiara e Chaos", apresentou-se ele.
"Ah... Seja bem-vindo, eu sou Alfa River. Eu não sabia que você viria", eu disse com um leve sorriso ao me sentar na frente dele.
"O plano era chegar só amanhã, mas como não estava ocupado, resolvi adiantar minha visita."
"Tudo bem. Você quer que eu chame a Chaos?"
"Não... Na verdade, eu vim ver você. Chaos sempre quis um arsenal próprio e um centro de treinamento, então, a mãe dela achou que seria uma boa ideia se eu construísse isso como um presente pela cerimônia para selar a união de vocês."
"Eu acho ótimo. Suponho que queira minha autorização para começar a construção?"
"Sim!"
"Bom, eu não vejo problema nenhum. Pode escolher qualquer lugar próximo à nossa casa e começar o quanto antes."
"Obrigado. Vou verificar o terreno hoje e começarei o trabalho o mais rápido possível com meus empregados."
"Eu que agradeço. Será uma grande surpresa para ela receber esse presente após a nossa cerimônia. Ela ficará muito feliz."
"Com certeza", Kiara me cortou com um sorriso presunçoso no rosto.
Fingindo não ouvi-la, perguntei ao visitante se ele gostaria de algo para beber e pedi desculpas por não ter oferecido nada quando chegou. Ao recusar, ele questionou se já podia ir inspecionar o terreno.
Eu me ofereci para levá-lo, mas ele disse que estava bem apenas com a companhia Kiara. Como havia tempo que não se viam, eles queriam colocar a conversa em dia. Forcei um sorriso para ele e meneei minha cabeça ao vê-lo se levantar para sair.
Depois que ele e Kiara partiram, sentei-me no sofá sem entender porque o visitante pareceu tão pouco simpático. Não pude deixar de sentir que ele não gostava de mim, tampouco estava impressionado comigo, mas não consegui compreender o motivo disso.
Primeiro Kiara, agora o tio delas com o nome esquisito do qual não me lembrava mais, embora ele tivesse acabado de dizer.
Passando a mão em meus cabelos, reprimi minha frustração. Afinal, amanhã seria minha cerimônia com Chaos e não iria deixar ninguém cortar o meu barato. Não mesmo.