Capítulo 12
1982palavras
2023-04-14 18:09
Ponto de vista de Alfa River:
Assim que entrei no nosso quarto, deparei-me com as roupas da minha companheira espalhadas pelo chão. Com uma risada, agachei-me e peguei todas elas antes de jogá-las no cesto de roupa suja. Só então ouvi o barulho do chuveiro ligado.
Depois de pegar algumas roupas para mim e um par de sapatos, deixei o quarto e entrei no que havia ao lado do nosso para tomar um banho rápido. Ao terminar, vesti-me depressa e saí para falar com minha companheira. No entanto, encontrei Tricia no meio do caminho, sorrindo para mim.
Como ela era a única mulher com quem eu tinha ido para cama, ainda a queria por perto. Eu não só me importava com ela, como sabia que estava desenvolvendo sentimentos por ela também. Eu havia me dado um ano para encontrar minha parceira. Caso isso não acontecesse, eu ficaria com Tricia para sempre.
Entretanto, a sorte não estava do nosso lado. Quando fui àquela reunião para forjar uma aliança entre a alcateia da Alfa Celeste e a minha, acabei voltando para casa com uma companheira, a qual jamais poderia ter sonhado. Como senti o poder do nosso vínculo assim que nos tocamos, teria que encontrar uma solução para o meu problema.
Sorrindo para Tricia, puxei-a em meus braços. Então, depois de beijar sua testa, peguei sua mão e a puxei em direção à sala de jantar. Ao me sentar na cabeceira, permiti que ela se acomodasse no meu colo.
"Precisamos conversar", disse suavemente.
"Eu sei. Ouvi dizer que você encontrou sua companheira", comentou ela com o semblante triste.
"Sim, Tricia, eu a encontrei. Ela é filha da Alfa Celeste da alcateia Chaos da Meia-noite."
"Ah, eu ouvi dizerem que ela era uma garota mimada."
"É mentira, querida. Ela é o completo oposto disso, puxou à mãe. Ela é fria, implacável e feroz."
"Sério?"
"Sim, e te aconselho a ficar longe dela. Por mais que sejamos importantes um para o outro, não se esqueça que ela é minha companheira e será sua luna."
"Eu sei... Na verdade, não quero a posição dela. Eu só quero você."
"E você me tem, Tricia."
Ela abriu um sorriso, movendo-se em meu colo. Eu sabia que ela não tinha a intenção se se levantar tão cedo.
Então, lembrei-a seriamente: "Você sabe que vai precisar se levantar antes da minha companheira chegar, não é?"
"Mas nós sempre fizemos isso e você nunca reclamou, querido", retrucou ela com o cenho franzido.
"Eu sei e ainda não me incomodo com isso, mas minha companheira está aqui e não quero que ela nos veja, tá?"
"Tudo bem, eu entendo, mas você não vai parar de dormir comigo, vai? Já fomos longe demais para parar agora, amor."
Ao ouvir sua voz travessa, eu ri baixinho antes de tranquilizá-la: "Sim, eu sei, mas também nunca disse que iríamos parar, disse? Agora, me dê um beijo."
Estávamos no meio de um beijo apaixonado quando minha mãe entrou na sala. Não me incomodei com isso, pois ela já sabia sobre nós e amava Tricia como se ela fosse sua própria filha.
Com um sorriso discreto no rosto, ela comentou: "Vocês dois sempre me fazem sorrir. Quando esse caso de vocês vai acabar, hein? Tricia, você já sabe que a companheira dele está lá em cima, não é?"
"Sei sim, Sra. River, mas não pretendemos acabar com nada tão cedo. Seu filho acabou de me dizer isso, além do mais, contanto que a companheira dele não descubra sobre nós, ela não sofrerá", Tricia respondeu com um sorriso presunçoso no rosto.
Eu estava tentando conter uma risada quando, de repente, senti uma presença atrás de mim. Embora parecesse familiar, não soube identificar de onde a conhecia. Tentei detectá-la pelo cheiro, mas antes que pudesse encontrar algo concreto, ela já havia desaparecido.
Continuei sentado em meu assento enquanto tentava entender o que tinha acontecido, apenas para ser interrompido por Matthews chegando do corredor com uma cara assustada. Toda hora ele se virava para ver se tinha alguém atrás dele até que finalmente se sentou.
Após vê-lo cumprimentar a todos, perguntei-lhe o que havia de errado.
"Hum... Sua companheira está descendo", respondeu ele com a voz trêmula.
"Dr*ga!" Xinguei antes de tirar Tricia de cima de mim e correr para pegar alguns documentos que havia deixado em minha mesa ontem à noite.
Ao voltar para a sala de jantar, encontrei Tricia parada na porta da cozinha e minha mãe arrumando a mesa. Quando olhei para Matthews, ele estava entretido em seu celular. Então, respirei fundo e me recostei na cadeira, espalhando os documentos à minha frente.
Alguns minutos se passaram até eu sentir o cheiro da minha companheira. Enquanto ela entrava na sala de jantar, concentrei-me nos documentos e pude senti-la vindo na minha direção antes de, de repente, desviar para a cozinha.
Olhei de soslaio para ela e vi Tricia enrijecer, então, relaxar quando percebeu que minha companheira não queria nada com ela. Apurando meus ouvidos, franzi a testa ao ouvir minha companheira pedir que lhe servissem seu café da manhã na cozinha. Não gostei nada também da forma como respondeu à minha mãe, que perguntou porque ela estava comendo lá sozinha.
Minha cara ficou ainda mais feia quando ela a pediu para chamar Matthews, que pareceu tão confuso quanto eu no instante em que minha mãe veio buscá-lo. Não pude deixar de me perguntar porque Chaos estava tão fria de repente.
Julguei que não podia ser por causa de mim e Tricia, pois pelo pouco que a conhecia, sabia que ela teria feito um inferno da vida de todo mundo assim que descobrisse. Depois de pensar um pouco mais, levantei-me e fui até a cozinha.
Ao entrar, perguntei aonde ela estava indo com Matthews e porque ela não me pediu para levá-la. Ela respondeu de forma fria e direta que iria até a cidade e não quis me incomodar quando viu que eu estava ocupado.
Quando ela acrescentou que os deveres da alcateia deviam ser nossa principal prioridade, fiquei tenso pelo duplo sentido da frase. Minha mãe e Tricia deviam ter escutado o mesmo, pois também enrijeceram em seus lugares. Meu choque foi tão grande que nem consegui respondê-la.
Felizmente, minha mãe falou por mim, mas antes que pudesse me recuperar completamente, minha companheira já havia deixado a cozinha com Matthews atrás dela.
Ficamos os três em silêncio até ouvirmos o carro do meu beta deixar o complexo. Com um suspiro, voltei para a sala de jantar e me joguei em minha cadeira.
"Você acha que ela sabe?" Perguntou minha mãe, receosa.
"Acho que sim", Tricia respondeu baixinho.
"Ela não sabe de nada." Não sabia quem eu estava tentando tranquilizar mais, se era eu ou elas.
"Tem certeza?" Tricia indagou com a voz trêmula.
"Claro... Se ela soubesse você estaria ferida ou morta agora." Não tentei amenizar a verdade.
"Nossa, obrigada pelas palavras reconfortantes!" Tricia respondeu sarcasticamente.
"Estou apenas sendo sincero, Tricia. Precisamos ter mais cuidado da próxima vez. Não fomos pego por muito pouco hoje."
"Eu sei, querido. Você está certo. Ela não parece o tipo de pessoa com quem se deve mexer. Por mais legais que as tatuagens no braço dela pareçam, o olhar morto em seu rosto e sua voz fria vão me dar pesadelos por um bom tempo."
"Sim, ela é mesmo diferente das outras."
"E também linda."
"Não banque a insegura comigo agora, Tricia. Ela está aqui, mas você continua sendo a mesma para mim... Não fique se comparando com ela. Não vai te fazer bem."
"Tá... Eu vou ajudar lá fora agora. Vejo você mais tarde."
"Claro. Cuide-se."
Tricia deixou a sala como se algo, ou melhor, alguém a tivesse na mira. Eu sabia que conhecer Chaos havia lhe dado calafrios.
Embora eu tivesse dito a todos que Chaos não sabia de nada, quanto mais eu pensava no assunto, menos certeza tinha. No entanto, eu só podia esperar para descobrir.
**********************
Passei o resto do dia no meu escritório trabalhando até dar o horário da reunião diária com os membros de alto escalão da alcatéia. Contudo, Matthews e Chaos ainda não haviam chegado.
Ao entrar na sala de conferências, sorri quando encontrei todos conversando e tirando sarro um do outro. Meus amigos podiam ser bem infantis às vezes, mas era apenas o jeito deles.
Assim que me acomodei em meu assento, meu gama, Richard Davidson, quis saber o paradeiro de Matthews, atraindo a atenção de todos na sala.
"Ele levou minha companheira até a cidade", respondi.
"Sua companheira?" Indagou ele, surpreso
"Sim, Richard. Eu a encontrei no dia em que você partiu para a alcateia Lua Azul."
"Como é que ninguém me contou isso?" Ele estava indignado. Para um homem, ele com certeza sabia fazer drama.
Jeremiah revirou os olhos ao intervir: "Você acabou de chegar, seu idiota. Antes que pudéssemos dizer qualquer coisa, você estava aí falando sem parar sobre todas as mulheres que você f*deu na alcateia Lua Azul."
O restante dos homens riram enquanto Richard se esforçava ao máximo para não corar de vergonha. Eles ainda caçoavam um do outro quando a porta da sala de conferências se abriu e minha companheira entrou com toda a sua frieza magnânima.
No entanto, o que me chamou mais atenção foi a moça que entrou atrás dela. Embora se tratasse de uma jovem bonita, ela tinha a mesma expressão fria no rosto que Chaos. Observei silenciosamente conforme elas entravam com Matthews no seu encalço.
Minha companheira caminhou até a outra extremidade da mesa. Ao mesmo tempo, Matthews agarrou a mão da outra jovem e puxou uma cadeira para ela se sentar antes de se acomodar ao seu lado. Neste momento, eu me virei para Chaos, apenas para encontrá-la já com os olhos fixos em mim.
Eu a encarei de volta, tentando ler o que se passava dentro dela, mas como sempre, seu rosto em branco não revelou nada. Enquanto a observava, não pude deixar de me perguntar se ela sabia sobre Tricia.
Por algum motivo, eu tinha a sensação de que ela havia descoberto tudo. Kaeden, por sua vez, estava quieto desde de manhã, e eu sabia que era por conta da culpa que ele carregava por se importar com Tricia tanto quanto eu.
Apesar de a princípio ele tê-la rejeitado, com o tempo, ele passou a gostar dela, assim como eu. Entretanto, agora que nossa companheira estava conosco, ele se sentia muito culpado.
Nossa troca de olhares foi interrompida pela própria Chaos ao limpar sua garganta. Respirando fundo, ela parecia querer dizer algo e, de fato, as palavras que saíram de sua boca me deixaram de queixo caído.
Se eu permitisse, ela queria que nossa cerimônia para selar nossa relação de companheiros fosse amanhã. Céus, mas é claro que eu permitiria! Não pude deixar de rir quando meus amigos imaturos começaram a gritar, entusiasmados.
Então, olhei para ela para ver se ela estava tirando onda com a minha cara. Todavia, ela apenas me deu um leve sorriso em resposta, que fez minhas calças ficarem mais apertadas.
Depois de lhe dar minha aprovação, ela passou a falar sobre os assuntos da alcateia. Eu não podia estar mais orgulhoso por ela já se considerar parte dela.
Eu escutei atentamente enquanto ela propunha novas técnicas de treinamento para os lobisomens que não se davam bem nos combates físicos ou não se sentiam confortáveis com o derramamento de sangue, mas ainda queriam ser úteis e aprender a se defender em tempos de guerra.
Fiquei um pouco surpreso quando ela revelou que sua mãe a ensinou esgrima, tiro com arco e flecha e arremesso de adagas. Minhas companheira era bem mais perigosa do que imaginava.
No entanto, estava feliz por ela ter decidido compartilhar seu conhecimento para melhorar o desempenho da nossa alcateia. Ela será uma ótima luna e tinha certeza que meus homens concordavam com isso pelo respeito e orgulho que vi brilhando em seus olhos.