Capítulo 3
1098palavras
2023-04-10 14:05
Após fazer as malas, aproveitei o tempo que me restava para dar uma volta.
Queria me despedir dos poucos membros da alcateia que considerava meus amigos e parte da minha família.
Agora que iria partir, sabia que sentiria falta dos meus treinos com os guerreiros.
E com meus irmãos também...
Sem falar da minha mãe.
Embora quisesse poder ficar um pouco mais antes de me juntar a alcateia do meu companheiro, sabia que nem nos meus melhores sonhos, isso seria possível. Alfa River jamais concordaria e provavelmente faria uma cena, isso se não recorresse a outros meios mais baixos para me forçar a ir embora com ele. Entretanto, nada disso seria necessário, pois eu iria com ele pacificamente para evitar todo esse estresse.
Mas se ele pensava que havia conseguido uma companheira frágil e dócil, ele não fazia ideia de onde tinha se metido. Por mais que não fosse de falar muito, meu silêncio e temperamento eram bastante transparentes.
Eu tinha acabado de recolher minhas armas pessoais que consistiam em uma espada de prata, um arco com dezenas de flechas e minha caixa de adagas da sala de armas quando senti alguém querer invadir a barreira ao redor da minha mente.
Com um suspiro suave, abaixei minhas defesas apenas para ouvir minha mãe me chamar pelo nosso vínculo mental.
'O que foi, mãe?' Perguntei.
'Está na hora querida', disse ela solenemente.
'Tá, já vou', respondi antes de reerguer as barreiras em volta da minha mente.
Dando uma última olhada ao redor da sala, levantei o saco com minhas armas e saí.
Assim que atravessei a porta principal da minha casa, encontrei minhas malas prontas perto da entrada enquanto minha família se encontrava em uma conversa animada com o beta esquisito. Alfa River, por sua vez, estava perto da janela, olhando à distância com um semblante pensativo.
Limpei minha garganta alto o suficiente para que todos notassem a minha presença. Minha mãe foi a primeira a se aproximar de mim e me envolver em um abraço. Através do nosso vínculo mental, ela voltou a falar comigo.
'Eu te amo, querida. Cuide-se quando partir e saiba que pode me ligar a qualquer hora que irei atendê-la!'
'Eu também te amo, mãe.'
'Nós também te amamos, irmãzinha', meus irmãos invadiram nossa conversa.
'Eu te amo mais, idiotas!'
Assim que minha mãe se afastou, meus irmãos vieram me abraçar também. Por um instante, achei que eles iam me esmagar até os ossos, mas antes que eles tivessem sucesso, o possessivo Sr. Alfa rapidamente os puxou para trás, aconchegando-me em seu peito quente e formigante, que me fez sentir um delicioso arrepio na espinha.
Enterrei meu rosto ainda mais em seu peito para tentar obter uma dose maior daquela sensação quente e gostosa, esquecendo-me completamente de que tínhamos uma plateia. Ao mesmo tempo, eu podia sentir o vínculo de companheiro florescer e se fortalecer entre nós apenas com esse carinho.
Como um cobertor quentinho, fui envolvida por esse sentimento e tive a certeza de que meu companheiro sentia o mesmo, pois ele envolveu seus braços ao meu redor e enterrou seu rosto no meu pescoço.
Inalando meu cheiro, ele tentou me apertar ainda mais em seus braços, mas o meu saco cheio de armas entre nós o impediu.
Confuso, ele se afastou para ver o que me mantinha longe dele. Com uma das mãos ainda na minha cintura, ele puxou meu saco.
"O que é isso?" Ele perguntou baixinho
"Hum... Minhas armas", sussurrei de volta em um tom suave, não querendo acabar com aquele momento.
"Armas? Você treina?" Ele parecia maravilhado ao ouvir isso.
"Sim", respondi, orgulhosa.
Ele estava prestes a dizer alguma coisa quando minha mãe pigarreou bem alto a fim de nos lembrar que não estávamos a sós. Não pude deixar corar com o rosto colado no peito do Alfa River.
Para evitar maiores constrangimentos, coloquei uma máscara em branco no rosto antes de me virar para minha família e o beta esquisito, que tinha um sorriso presunçoso no rosto enquanto erguia suas sobrancelhas de forma debochada. Revirei os olhos para ele e joguei meu saco de armas em sua direção. Ele o apanhou com um grunhido.
"O que di*bos tem neste saco? Pedras ou o quê?"
"Seu cretino preguiçoso. São cabeças humanas", respondi sarcasticamente. Então, virei-me em direção à porta com Alfa River, que ainda tinha uma mão em volta da minha cintura.
Após deixarmos a casa, fomos direto para o carro dele. Ele abriu a porta do lado do carona para mim e me ajudou a me acomodar enquanto se inclinava para afivelar o cinto de segurança para mim. Antes de se afastar, ele me deu um beijo suave na testa.
Por fim, ele contornou o carro e se sentou no banco do motorista. Depois de colocar seu cinto de segurança, ele girou a chave na ignição.
Assim que minha família e o resto da alcateia veio para o lado de fora, eu me despedi deles pela última vez antes do Alfa River deixar o nosso complexo, seguido pelo restante de sua comitiva.
A viagem até sua alcateia foi bastante confortável, embora tivéssemos ficado em silêncio o tempo todo. Eu provavelmente havia cochilado em algum ponto do caminho, pois acordei com uma leve sacudida quando estávamos na fronteira da alcateia de meu companheiro. Não pude deixar de sorrir ao perceber que mesmo que nos conhecêssemos há tão pouco tempo, ele não queria que eu entrasse em seu território pela primeira vez enquanto estava dormindo.
Com um sorriso leve nos lábios, ele balançou a cabeça como se pudesse ler minha mente. Revirando os olhos, eu me endireitei rapidamente e, após me olhar no espelho lateral e me certificar que estava tudo certo com a minha aparência, dei-lhe um breve aceno cabeça para indicar que podíamos seguir em frente.
Conforme dirigíamos até o complexo, podia ver as pessoas reunidas à nossa espera, inclusive o beta esquisito, que estava parado com o restante da comitiva. Então, ele veio até mim com um de seus sorrisos presunçosos.
Naquele instante, jurei a mim mesma que qualquer dia desses iria forçá-lo a se submeter a mim. Por mais que fosse uma mulher, eu tinha sangue de alfa correndo em minhas veias. Mesmo que ele quisesse ignorar isso, eu ainda seria sua Luna.
Portanto, ele devia me mostrar algum respeito, mas não. No pouco tempo em que nos conhecemos, ele já tinha o hábito de sorrir presunçosamente e me provocar sempre que podia com suas caretas e atitudes. Não podia deixar de me perguntar que tipo de coisas ele diria uma vez que abrisse sua boca.