Capítulo 68
1597palavras
2023-03-31 19:12
CAPÍTULO 68
Luana Davis
Eu sabia que era ele que estava ali, naquele restaurante. Por um momento até pensei que estaria alucinando, mas não... O meu coração é realmente um traidor, covarde! Hoje por pouco, eu não caio na conversa dele, precisei sair de lá apressada para não fazer nenhuma besteira.
“Acorda, Luana... não faça besteira!“ Disse mentalmente para mim mesma.
— Está tudo bem? — o Louis perguntou, quando eu voltei do banheiro, e eu queria segurar, mas...
— O Igor voltou, e eu precisei fugir de lá... — falei muito rápido, e percebi que não era pra ter falado assim.
— Está tudo bem, Luana! Você o ama ainda! Só tome cuidado, não caia na conversa dele outra vez! Se ele veio até você é porque talvez ele sinta falta... mas se certifique de que seja verdadeiro! — Louis falou, ele é tão fofo.
— Eu não vou cair! — afirmei.
— Vamos pra casa... você precisa descansar para amanhã...
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“Na exposição”...
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Eu estava pasma com tudo que acabei de ouvir, isso seria mesmo verdade? Até que ponto, eu poderia confiar no Igor? Ele já me fez sofrer tantas vezes... sem contar que foi culpa dele a Elisa ter feito tudo isso comigo.
— Luana, você tá bem? — colocou a mão no meu rosto, e eu fiquei tão perdida que não sabia o que responder.
— Eu não sei... você está falando a verdade? A Elisa teria coragem de fazer isso? Ela falou que nem sabia do conteúdo do envelope, pediu para ler, inclusive! — contei indignada.
— Eu juro, Luana! Nunca quis isso, e se falei besteiras no dia que ela chegou, era porque estava cego, eu nem sabia do que estava falando, estava iludido, pensando que amava Elisa, mas na verdade... — parou para me olhar, e deu um passo para mais perto de mim. — Eu amo você, Luana! — fiquei paralisada com o que ele disse, o meu coração acelerou, me senti estranha, parecia que tudo a minha volta havia sumido, e só restava eu e ele ali.
Quem me conhece desde pequena, sabe que o meu sonho sempre foi ouvir isso de alguém, pois a única pessoa que já disse que me amava foi o meu pai, e ele já não estava mais entre nós. Então criei uma ilusão de que existia um conto de fadas, e errei por muitas vezes na vida esperando esse meu príncipe chegar, e hoje ao ouvir o Igor falando essas coisas, ao mesmo tempo que fico emocionada, tenho medo... pois não posso me deixar levar por sentimentos antigos, preciso ter certeza de que ele fala a verdade.
— Luana! Luana! — Quando caí em si, vi que era o Louis me chamando, e então o olhei.
— O que foi? — perguntei.
— Estão perguntando pela artista da obra principal! Você pode vir aqui um pouquinho? — Perguntou.
— Claro! — respondi ainda com o pensamento longe.
— Luana! Deixa eu te levar pra casa depois? A gente ainda não terminou a conversa... bom, se você quiser... — falou o Igor, segurando na minha mão, e no mesmo instante a textura dele me fez queimar de saudades.
— Tá bem! — eu nem acredito que eu aceitei, será que ainda sou a mesma boba, apaixonada por ele?
Voltei para o salão e mal tive tempo para pensar no assunto, pois começaram a aparecer vários interessados na minha escultura. Eu já começava até a ouvir comentários sobre por quanto seria lançado o meu trabalho no leilão, e fiquei abismada com os altos valores que mencionaram.
Conversei um pouco com a dona Olga e com a Edineide, elas são muito bacanas e uma das coisas que sinto falta de Nova York.
Conforme a exposição foi chegando ao fim, ficou apenas eu, o Louis, os seguranças do local, e o Igor.
— Louis... eu...
— Vai com ele, não é? Eu te desejaria sorte, mas ela não te ajudou muito da outra vez, então te desejo que Deus te abençoe! E ilumine a sua vida, e as suas escolhas! — me cortou falando, e me abraçou. Vi que o Igor abaixou a cabeça.
— Obrigada! Você é tão especial! — Falei, e fui saindo de costas pra ele...
— Luana! — me puxou pela mão. — Essa marca nas suas costas? Sabe do que se trata? — Perguntou, e só agora me toquei que o meu vestido era bem aberto nas costas.
— Essa grande, no lado direito?
— Sim! — respondeu.
— O meu pai dizia que eu subi no berço com o ferro quente lá, quando era pequena! Mas nunca sumiu totalmente, na verdade já me acostumei com ela! — falei, e ele parecia estranho, apenas acenou com a cabeça e saiu.
— Vamos? — fui desperta com a voz do Igor.
— Sim!
Fomos até o carro, e me lembro como se fosse hoje, a primeira vez que estive no carro dele, esse não era o mesmo carro, mas a sensação foi muito parecida. A diferença é que hoje muitas coisas já haviam acontecido, e eu estou num momento da minha vida, que já nem sei mais para onde seguir, então eu apenas entrei e esperei para ver o que aconteceria.
— Posso te levar para tomar um sorvete? — ele perguntou, e eu confirmei.
Nós dois fomos em silêncio no carro, logo depois ele colocou uma música baixa, e ficou um pouco menos constrangedor.
Quando chegamos na sorveteria, ele estava todo cuidadoso, puxou a cadeira, parecia ansioso, mexendo as mãos a todo momento, até estranhei. Então resolvi perguntar.
— Igor... porquê está fazendo tudo isso, de novo? Porque me procurou? A sua avó o ameaçou outra vez?
— Não! Você não vê? Sabe a quanto tempo eu estou aqui nessa cidade, cuidando de você, apoiando a sua carreira, e principalmente implorando para conseguir te ver um pouco mais, a cada dia? — neguei com a cabeça. — Mais de três meses, Luana! Eu descobri que te amo, tarde demais... se eu pudesse eu voltaria no tempo, lá no dia do cruzeiro, e jamais te deixaria ir! Voltaria lá na ilha... e casaria direito com você... não teria feito papel de idiota, sabe?
— Igor, espera aí! Você deve estar com remorso! Se for isso, eu te perdoo! Seja livre, Igor! Se você não foi culpado pela morte do Souvenir, te deixo paz...
Eu mal terminei de falar, e ele parecia um louco... subiu em cima da cadeira, e gritou bem alto, para que todos ouvissem:
— EU AMO VOCÊ, LUANA SMITH! EU TE AMO! — Ele gritou, e fiquei impressionada, mas...
— Porquê Luana Smith? Desce daí, seu louco! — Falei, fazendo sinais.
— Você ainda é minha esposa no papel! O único acordo assinado por você foi destruído quando fiz um novo, e nenhum entrou em vigor, então... somos casados...
— Eu não vou voltar para aquela casa com você! — Falei e ouvi um...
— “Ahhhh!“ — esqueci que todos agora, estavam ouvindo a nossa conversa, e ele ainda estava em pé, na cadeira.
— Viu? Estão torcendo por nós! — brincou, e há muito tempo eu não via aquele sorriso.
— As coisas não funcionam assim! Muita coisa quebrou! — falei.
— Ei... eu não quero te forçar a nada que não queira! Quero apenas uma nova chance de me aproximar de você, e começar tudo de novo! Não quero mais ser o idiota que só te fez chorar! Quero ser feliz com você! Me deixa tentar de novo?
— O que sente por Elisa, Igor? Já ouvi tantas vezes que a amava...
— Nada mais! Elisa foi um erro, e já aprendi com ele, só tem você na minha vida agora... mais, e o Louis, Luana? O que sente por ele? Eu sei que gostou de beijar ele...
— Como sabe disso? — perguntei, assustada, pois não contei a ninguém.
— Desculpe! Eu li no caderno do bebê! Eu não deveria...
— Ahhh! Não deveria mesmo! Eu vejo o Louis como um bom amigo, mas nunca o amei do mesmo jeito que... — parei quando vi que falei demais.
— Você também me ama, não é?
— Eu não quero falar sobre isso! — falei, pois ainda não me sinto segura.
— Tudo bem! Só me deixa tentar? — segurou na minha mão.
— Posso te dar outra chance, Igor, mas sem pressa, tá? Vai ser do meu jeito! — falei, e ele começou a sorrir.
— ELA ACEITOU! ELA ME DEU OUTRA CHANCE! — ele gritou para todos ouvirem.
— Heeee! BEIJA, BEIJA, BEIJA! — gritaram, e ele veio na minha direção, fazendo o meu coração gelar, será que ele vai me beijar? Caramba! E, agora? O que eu faço...
Ele me deu um beijo no rosto, encostando no canto da minha boca, e piscou pra mim.
— Eu te pego depois, lá no carro, aqui tem plateia demais! — falou no meu ouvido, como uma brincadeira, mas como toda a brincadeira tem um pouquinho de verdade, então já fiquei ligada na tomada.
Na verdade eu estava louca para ser beijada por ele, eu sei que sou uma boba e me deixei levar muito rápido, mas fazer o quê? Se bastam poucas palavras desse homem, para me desestabilizar, o que vou fazer? Se tudo que eu desejo nessa vida é que ele me roube daqui e cumpra com o que prometeu? O que faço, se ainda o amo? Eu não sei, só sei que vou aguentar até onde der, e quando não der mais foda-se!