Capítulo 67
1787palavras
2023-03-31 19:12
CAPÍTULO 67
Igor Smith
A minha vida simplesmente parou, no mesmo instante em que Luana me rejeitou. Se um dia eu sofri porque a bailarina fez isso comigo, então eu ainda não sabia o que era sofrimento... pois depois que a Luana me ignorou, eu senti na pele, o que é perder alguém de verdade.
Não sei se isso é um fato por eu também ter perdido o meu filho, e são duas coisas muito fortes na vida de um homem, ou se é apenas pelo sentimento que eu descobri tarde demais sentir por ela. Mas infelizmente essa é uma dor que apenas o tempo poderá curar, e eu penso que um dia... ela pelo menos me perdoe como um amigo, se eu puder ser apenas um amigo como Louis é, já seria o homem mais feliz do mundo.
A minha avó e a Edineide viraram as minhas conselheiras particulares. Logo depois que a Luana saiu do hospital, elas têm me passado todas as informações sobre ela... bom! Nem todas! Eu bem sei, que a Edineide é bem puxa saco dela, e se ela pedir para não contar ela não conta. Mas prefiro que seja assim, se ela não conta, é porque é de confiança, e é pessoas de confiança que eu quero perto da mulher que eu amo.
A minha avó não entra nessa brincadeira, pois apesar de amar a Luana, ela também me ama, e me contou logo depois que a Luana partiu com o Louis para o Washington. Precisei de muitos dias para me recuperar daquilo, eu ainda nem havia passado pelo luto de Souvenir e já precisei encarar que agora era oficial, e ela havia ido embora.
Percebi que já não estava mais conseguindo trabalhar, comecei a cometer erros simples, que não cometeria nem se fosse um principiante, e precisei contratar pessoas qualificadas para tomar o meu lugar por um tempo, na rede Smith.
A minha avó até me aconselhou a encontrar uma psicóloga, ou uma psiquiatra... eu até concordo com ela, porque acho que estou ficando maluco, mas naquele momento a única coisa que eu queria era poder ver ela, pelo menos todos os dias! Então, larguei tudo... e poucas semanas depois que ela se mudou, eu fui atrás dela.
A minha avó ficou cuidando das empresas do grupo Smith, e eu fiquei cuidando da Luana, claro que a minha avó me apoiou, e eu sou grato por isso, assim eu comecei a pelo menos, conseguir viver melhor, a cada vez que eu a via... um brilho de esperança gerava em mim, ao pensar que um dia ela me perdoaria.
Achei o máximo quando percebi que ela estava mesmo fazendo o curso de escultura, embora a maioria das vezes eu quisesse matar o Louis por isso... como eu gostaria de estar no lugar dele. Mas quem sou eu para dizer isso? Eu sou apenas o homem ruim, que estragou a vida dela e a fez perder o filho, então certamente eu não era mais indicado para estar ali, e ainda teria que agradecer o Louis por isso.
Logo descobri que ela procurava por emprego, então fiz questão de conversar com a minha avó e comprei uma galeria. Coloquei um gerente que entendesse do assunto no local, e dei ordens específicas para que ele a contratasse, e tratasse muito bem, e a ajudasse a progredir na sua área. Falei a ele que investiria tudo que tenho nela, que ele só deveria ensiná-la e ajudá-la por qual caminho ele vai seguir, que assim que ela estivesse pronta eu a faria voar.
E, assim se passaram os meses, e eu nunca tive coragem de me aproximar, então ele me mostrou as apresentações de próximas esculturas que seriam fabricados, e eu fiquei simplesmente encantado com o que a Luana propôs, era uma jovem muito parecida com ela, e com um bebê no colo, mas essa mulher erguia o seu bebê bem para o alto, como se eu tivesse entregando a alguém, e aquilo me emocionou muito. Eu pedi para que ele dissesse a ela que a obra estaria em exposição e depois entraria para o leilão. Mas é claro que eu faria o que fosse necessário para que fosse minha. Com certeza aquele representava o nosso bebê que foi morar com Deus, e ela o entregava ali.
Continuei cuidando de cada passo dela, e hoje fiquei muito apreensivo quando a vi saindo para jantar com o Louis. Ela estava linda, de forma muito diferente, ela estava usando uma roupa que provavelmente foi montagem própria dela, não era simples, e nem exagerada, era sofisticada e jovem! Um vestido curto, e colado ao corpo, na cor azul escura, com saltos delicados, e um casaquinho bem curto, e jovial combinando com as sandálias.
Mas, o jeito que ela conversava e olhava para o Louis, dizia que o meu tempo estava acabando, e eu precisava encarar os meus próprios pesadelos, se não iria a perder para sempre!
Quando as mãos deles se tocaram, eu não aguentei, e me levantei indo em direção ao banheiro, e fiquei no corredor, pensando em como faria aquilo, mas fui surpreendido quando ela cruzou o meu caminho.
— Igor? O que faz aqui? — perguntou.
— Eu não aguentava mais sem te ver, precisava ver de perto! Sinto muito a sua falta, Luana! — falei, e ela parecia assustada com o que ouviu.
— Então era você mesmo, que eu vi...
— Me perdoa, Luana! Eu não sei mais o que fazer da minha vida sem você por perto! Eu nem trabalho mais no grupo Smith, faço poucas coisas por telefone...
— Para, Igor! Você não tem o direito de voltar agora e me falar mentiras! Não precisa mais, nada nos une!
— E, o que sentimos? Não nos une? — peguei a sua mão com delicadeza e coloquei sobre o meu peito, no local do coração. — Isso só acontece por você! — ela me olhou por alguns segundos, e pensei que fosse ceder, mas ela virou as costas, e saiu apressada, mas então eu me toquei que ela não havia tirado a aliança, eu a senti na minha mão, ela a usava, e isso me dizia que eu ainda tinha uma chance, e só isso já me ajudaria a dormir um pouco.
Esperei por um tempo, e fui para o hotel que me hospedei, amanhã seria um grande dia, e eu encontraria com ela na exposição.
No dia seguinte...
Cheguei cedo para o evento, e me arrumei a altura dela. Ultimamente nem pareço com a sombra do que já fui, e estou bem mais magro, mas nada que um bom smoking não resolva, encontrei um local para cortar os cabelos e redesenhar a minha barba, passei bastante perfume, e hoje começarei a minha batalha! Louis que se prepare, e que vença o melhor.
Quando ela entrou no salão, parecia uma artista de Hollywood! Estava um espetáculo, com um vestido vinho, justo, com poucos detalhes e com uma fenda aberta bem no meio das coxas. O cabelo levemente preso, e uma maquiagem perfeita, deixando qualquer uma daquelas mulheres daquela, sala no chinelo.
Eu fiquei observando as obras da galeria, e fiquei feliz que a minha avó e a Edineide vieram para a exposição.
— Há, meu filho! Coitado de você! Ainda bem que eu vim te ajudar! Aquela mulher parece feita de porcelana, mas tem um toque sensual perfeito... você terá muita concorrência, terá que ser rápido! — falou a dona Olga.
— Será que eu ainda tenho chances, vó? — Perguntei, mas a Edineide foi a primeira a responder:
— Com a nossa ajuda, sim! Mas, terá que se comportar! Vamos montar um esquema pra vocês conversarem!
— Mas, já? — perguntei, e o Louis enganchou no braço dela, então... — Melhor, agora mesmo! — falei, e elas sorriram.
Ela olhou espantada para nós três, e cumprimentou apenas as duas, enquanto o Louis se afastava...
— Que saudade de vocês! O que fazem aqui? — Perguntou.
— Vim conhecer a obra da mais jovem e bela escultora que ouvi falar! — a minha avó falou.
— Obrigada, vocês são incríveis!
— Não vai cumprimentar o dono da galeria? — A minha avó falou, e vi o seu semblante de espanto.
— Quem?
— O Igor! Ele comprou pra você, assim que estiver apta poderá assumir! — Falou a minha avó, e o meu coração acelerou.
— Porquê fez isso? — ela agora me olhou para me perguntar.
— Filhos, com licença que a Edineide quer ir ao banheiro! — vó Olga falou, e Edineide questionou.
— Eu?
— Sim, Edineide! Já esqueceu? Saiu empurrando a coitada, e nós dois rimos.
— Ainda está tranquilo, vem aqui no canto, quero conversar com você! — falei pra ela, que acenou que sim, e me acompanhou, e o Louis ficava nos cuidando do outro lado.
— Você está mais linda a cada dia! Como vou resistir assim? — eu disse sem pensar, pois estava de boca aberta por ela.
— Era isso que queria falar? Eu tenho mais o que fazer! — reclamou, e fiquei feliz que aprendeu a se posicionar.
— Não! Eu na verdade queria te pedir perdão outra vez... eu nunca quis que o nosso filho... bom, você sabe... eu o amava muito, e sofro todos os dias por isso...
— Não seja cínico! Você mesmo me obrigou a assinar um papel com um acordo de aborto, ou agora esqueceu? — perguntou, me deixando pasmo.
— Eu nunca faria isso! De onde tirou essa ideia? Eu sempre protegi o Souvenir, até mesmo do seu próprio desespero, como eu faria isto? — perguntei espantado.
— Elisa me entregou o acordo! Eu falei com você por telefone, e você disse que eu deveria assinar, e que não via outra opção melhor! Foi por isso que eu fugi! — aquilo não podia ser verdade...
— Luana, pelo amor de Deus, acredita em mim! Eu nunca fiz esse acordo, e nem muito menos entreguei qualquer acordo nosso nas mãos da Elisa! O que aconteceu foi que naquele dia que você sumiu, eu modifiquei o acordo, e te deixei milionária! Te dei muito dinheiro, propriedades, e a casa... enfim... eu nunca pensei em um aborto! Eu não posso acreditar que a Elisa era tão falsa e cruel! Ela deve ter armado isso! — falei, e ela ficou sem reação, espantada.
— Isso é verdade? Céus... — colocou as mãos na boca.
— Eu ainda vou tirar satisfação disso com ela! Nunca fui vê-la depois que foi presa, mas as duas bagunceiras andaram aprontando lá na cadeia com ela, e nem sei o que...
Ela me olhava sem reação, acho que ficou em choque... essa seria a minha oportunidade?