Capítulo 62
1715palavras
2023-03-31 19:10
CAPÍTULO 62
Igor Smith
Saí muito apressado do meu apartamento, e nem peguei tudo que ia pegar, apenas foquei em pegar o celular, alguns documentos e a chave do carro. Preferi descer pelas escadas pois o elevador estava ocupado, e quando cheguei no último degrau deixei a chave cair, e ela foi parar lá em baixo, no esgoto. Tentei pegar de todas as maneiras mas já estava atrasado, então acabei ligando para o seguro resolver enquanto eu saía em um carro de aplicativo.
Um senhorzinho muito bacana que me levou, mas quando estávamos chegando deixei cair um documento importante para baixo do banco, e pedi para que ele parasse.
— É rapidinho! Eu o pego! — falei, e ele não se importou, então quando eu peguei, ele falou.
— Caramba! Tá certo que a rua é meio parada, mas aquele casal está na flor da pele né? Um fogo absurdo! — Olhei para lá e aquela mulher quase engolindo o homem no volante, com a bunda quase apertando a buzina, parecia muito com a Elisa, mas deveria ser coisa da minha cabeça, o mesmo tom de rosa que ela gosta de usar, cabelo preso em um coque como de costume por causa do balé.
— Pois é...
Ele seguiu com o carro, e em menos de uma quadra eu parei em frente à casa e desci. Mas aquilo estava me incomodando bastante, então decidi entrar, e fiquei parado perto dos arbustos do jardim observando se aquele carro passaria por ali.
Eu não acreditei quando vi a Elisa vindo andando sozinha, com a mesma roupa daquela puta, desgraçada que estava se comendo com o cara no carro.
Ela estava tentando entrar na minha casa, enquanto eu observava os detalhes... o cabelo levemente bagunçado, o vestido levemente amassado, e a boca inchada... que desgraçada!
— O que faz aqui, Elisa? — perguntei tentando me manter calmo.
— Eu vim pra ficar com você, amor! Eu acho que estava muito nervoso ontem! Podemos tomar um vinho e descansar... — Eu a segurei pelo pescoço, e comecei a apertar.
— Sua puta, desgraçada! A quanto tempo você faz isso? Pois eu já reparei algumas vezes aquele carro de aplicativo que você usa! — Ela começou a se espernear, e os seguranças interviram...
— Senhor, pare! Isso pode te causar problemas! — Um deles falou, e eu soltei o pescoço, nas não deixaria que ela partisse sem me explicar direitinho!
— Você vai me contar tudo, Elisa! Desde quando, fazia isso pelas minhas costas? O idiota aqui, morrendo de amores por você, implorando por um casamento mesmo depois de ser tantas vezes rejeitado... pra levar um belo par de chifres? Você é ridícula! Fala, Elisa!
— Eu conheço o Fred antes de você! — Quando ela falou, eu fiquei com tanta raiva de ser enganado, que dei um murro no arbusto, bem perto da cara dela, que gritou, e fui puxado pelo segurança.
— Se acalma, senhor! Essa mulher não vale a pena! — disse ele.
— Eu quero que suma da minha frente, e da minha vida, Elisa! Tem até amanhã para tirar as suas coisas de lá, depois disso vou mandar trocar a fechadura, e impedir a sua entrada, no prédio! Você me dá nojo! Ainda bem que estou sofrendo por despeito, por ter sido enganado na minha cara, pois não sinto mais nada por você, nem mesmo a amizade, agora! Pois vejo o quanto já fui cego, e esse relacionamento nunca existiu! — Ela me olhava assustada, e também chorava, eu não sei se eu teria coragem de machucar uma mulher, mas foi bom que os seguranças me seguraram.
— Eu posso levar as coisas que comprei...
— Leve tudo o que quiser! Desde que suma da minha vida, tá valendo! — virei as costas, e caminhei mais um pouco.
— Esta mulher está proibida de se aproximar de qualquer um da minha família, inclusive da minha esposa! E o mesmo serve para as residências e empresas do grupo Smith!
— Sim, senhor! Vem senhorita!
Nem me dei ao trabalho de olhar para trás, nesse momento eu só queria esfriar a minha cabeça e encontrar a Luana, que já estou preocupado também, e faz tempo. Ela desligou aquela ligação muito alterada, e aquilo não faz bem para o bebê e nem para ela, então eu preciso explicar e esclarecer as coisas todas certinhas, e também saber se posso voltar a morar aqui, pois passei tudo pra ela.
Avistei um carro diferente na residência, e me lembrei de quem era, e isso já me deu um embrulho no estômago, tudo que eu não preciso hoje é presenciar a Luana com o Louis! Isso eu provavelmente não conseguirei aguentar.
Mas o meu desespero em falar com ela é bem maior, então precisei abaixar a minha cabeça, e tentar agir com a razão. Eu a perdi, e isso é fato, mas não vou abandonar ela, mesmo que ela prefira ele do que eu, e que isso signifique sentir o meu coração ser esmagado por um guindaste.
Respirei fundo, contei até dez, e entrei...
— Edineide, cadê a Luana... — era o Louis que estava bem ali... olhando para o outro lado do jardim pela janela, a minha janela!
— Ela não está, e eu já estou bem preocupado, agora ainda mais, pois pensei que estaria com você! E, vejo que está no mesmo barco que eu! — “Mesmo barco que eu... sei... de certo, então vão me jogar no mar, se depender deles! Estou é, muito longe dele agora...“
— Que estranho! — comentei.
— Ela combinou de sair comigo, falou que me ligaria... e nada! E, isso tudo foi depois que ela foi almoçar com a sua namorada, a Elisa! — Falou, e eu franzi o cenho.
— É minha ex! Não estou com ela! E, o que aquela mulher queria com a Luana? — estou com uma raiva tremenda dela!
— Eu esperava que você soubesse, pois eu não sei! — Passei a mão pelos cabelos, e andei sentido contrário, então avistei o envelope ainda fechado do novo acordo, e a minha caneta do lado, abri e não estava assinado, mas ela falou que assinou... quando fui pegar a caneta, fiquei com receio por ter ganhado da Elisa, e com raiva fui para colocar na mesa.
— Me dê isto! Você não merece essa caneta! — O Louis a tomou de mim com agilidade e raiva, e não entendi nada.
— Porquê fala isso? Foi a Elisa que me deu...
— Que, Elisa, o quê! Essa caneta foi o presente de aniversário da Luana para você! Passamos um tempão procurando, e ela não quis usar o seu cartão para comprar o seu presente, então eu mesmo vi quando ela vendeu um colar que ganhou da sua mãe para pagar o valor que era a caneta. Mandou embrulhar e levou com cuidado em uma caixinha e um laço até o restaurante aonde você estava, porque ela queria te ver feliz no seu aniversário. E sabe o que é o pior de tudo? Ao ver você triste desanimado, ela desistiu do seu presente e assinou o nome da Elisa, pois a única coisa que ela queria era te ver feliz naquele dia! Você é ingrato demais, olha o coração dessa mulher! — falou ele, e eu fiquei chocado.
— Que história é essa? Quando eu perguntei para Elisa, ela não negou que foi ela que me deu. Na verdade ela ficou em silêncio e eu achei estranho, então provavelmente ela não quis contar que não era ela! Isso é um absurdo! Eu deixei um cartão ilimitado com a Luana, e ela não usou nada? Meu Deus, bem que a minha avó havia me dito antes, que eu é quem teve sorte de ter encontrado a Luana no caminho, é uma pena eu não ter valorizado! — acabei falando demais perto do Louis, que apenas balançou a cabeça pra mim.
— Pra você ver, o quanto ela se importa com você! Ou talvez... se importava! — falou ele, e eu nem questionei, pois sei que tem razão!
— Vou ligar para a Elisa! Preciso saber o que ela conversou com a Luana...
— É melhor não! Não confio naquela mulher! Eu vou sair para procurar por ela, e...
— Nem precisa terminar! Eu também vou atrás dela! Diferente do que todos pensam, eu me importo com ela, sim! — decididi.
— Boa sorte, então!
Depois que ele saiu, eu peguei o outro carro na garagem e fui a procura da Luana, continuei tentando ligar, e o telefone só dava desligado.
Dei ordem à minha equipe colocando muitos homens a sua procura, só que anoiteceu, amanheceu e eu não a encontrei... procuramos por tudo, feito louco, nem dormi...
— Toma pelo menos um café, senhor Smith! Pelo visto não dormiu nada! — disse a Edineide, e eu até ergui a cabeça para olhar agora.
— Está com febre, Edineide? Eu ainda sou o mesmo idiota, não me ajude! — reclamei desanimado, e voltei a abaixar a cabeça.
— Você precisa ir atrás dela! Quem vai cuidar da menina? Nem eu consegui falar com ela... já verificou na ilha? — perguntou.
— Já!
— ENTÃO LEVANTA DAÍ! VAI TOMAR UM BANHO, E VAI COMER! SE QUER AJUDA, COMIGO FUNCIONA ASSIM! — Veio me puxando da cadeira, e me acompanhou até o quarto, mas quando passei pelos quartos as lembranças me invadiram, e comecei a chorar encostado na parede.
— Cadê eles, Edineide? Será que aconteceu alguma coisa? (choro)
— Calma, meu filho! Vai tomar um banho que já ajuda! Vou preparar algo para você comer, e depois vamos juntos procurar a menina, tá bom? — falou calma, e nem parecia a mesma mulher brava que conheço.
— Você não me odeia mais, Edineide? — Limpei as lágrimas e o nariz escorrendo.
— Eu nunca odiei! Apenas agora eu vejo que está sendo sincero! Mas, se voltar a ser idiota, eu mesma sumo com a menina, e te deixo sujo e sem comida! — Apontou o dedo pra mim, e agora sorri, a Edineide normal estava de volta.
— Tá certo, Edineide! Eu já estava ficando preocupado com tanta bondade! Aí! — Levei um tapa no braço, e fui empurrado para dentro do banheiro.