Capítulo 48
1680palavras
2023-03-31 19:02
CAPÍTULO 48
Igor Smith
Como é bom poder olhar para os olhos da Luana e ver que eles estão brilhando! Eu deveria lhe proporcionar alegrias mais vezes, mas nem sempre eu sou aquilo que eu gostaria de ser, e acabo sendo um idiota com ela.
No momento paramos um pouco com a dança, e a Luana já está descansando! Ela fica linda em pé, na beira do barco, com o vento batendo em seu rosto, e o seu vestido voando junto com seus cabelos para trás... ela tem uma beleza natural que me encanta, mas é como se houvesse uma barreira entre nós que eu nunca consigo entender, ao mesmo tempo que quero me aproximar e me agarrar a algum sentimento com ela, não consigo me desligar de Elisa e acaba que eu a deixo triste. Já falei para ela sentar, mas disse que está bem em pé.
Hoje não quero pensar em Elisa, quero apenas curtir o momento com a Luana, que é quem eu quero aproveitar a noite! Quero que ela fique alegre e aproveite o seu resto de aniversário, já que eu não dei o que ela queria, não cumpri com a minha promessa, e a deixei sozinha durante todo o dia.
O nosso barco foi parar em outro lado da Ilha, que é a área dos barcos privados, e ela estranhou.
— Nossa! É estranho estar deste lado! Desde pequena a minha mãe costumava dizer que essa área, é a área dos ricos, e que nós nunca viríamos parar aqui, e olha só... hoje vamos descer por este lugar! — falou ela.
— A partir de agora você só virá por aqui! Além de ser mais seguro, é uma área particular, então não precisará passar por nenhum alvoroço daqueles que enfrentamos quando os barcos encostam na Marina, pública. É todo seu!— expliquei.
— Aqui é mais iluminado! Moderno! Talvez até conseguiremos encontrar algum restaurante aberto, pois a minha barriga já está roncando. — Olhei para a sua barriga, e percebi que inchou um pouquinho.
— Engraçado... você está sem comer, e a sua barriga aumentou um pouquinho, acho que agora começa a crescer! Posso tocar? — perguntei.
— Pode tocar! Mas acredito que seja o meu corpo liberando espaço para o bebê, e daí incha! Pois ele mesmo ainda é bem pequeno! — falou ela, passei a mão por sua barriga.
— Senhor Smith! Já podem descer se quiserem! — avisou o marinheiro do barco.
— Vem! Vamos descer!
Por todos os lugares em frente a Marina, os restaurantes já estavam todos fechados, então precisamos dar uma volta grande à procura de um que estivesse aberto. Avistei um lugar que haviam luzes acesas, e então nos dirigimos até lá.
Fomos andando, e apenas um dos restaurantes estava aberto, então como parecia um lugar agradável, a gente entrou.
O local estava vazio, quando sentamos na mesa, veio um garçon nos atender.
— Boa noite, senhores! Me desculpem, mas já estamos fechando! — falou ele.
— Puxa! A minha esposa está grávida, e está com vontade de comer um prato específico de camarões, não tem como fazerem? Posso pagar muito bem! — falei.
— Até poderíamos ajudá-lo, mas o nosso chefe já saiu, e não podemos fazer nada!
Fiquei pensando por um momento, e eu não poderia deixar uma coisa dessas acontecer, pois eu sei que é muito importante para a Luana comer esse prato, e principalmente que seja aqui na ilha, então eu teria que ir para um plano “B”.
— Escuta... e se eu te disser que eu sou chefe? Eu poderia montar o prato dela? Posso pagar bem pelos ingredientes e o aluguel da cozinha... — Luana me olhou assustada, e fiquei com medo dela questionar.
— Tudo bem, então! Mas vai lhe custar 500 dólares, pois já é horário de fechar! — falou ele, e eu sorri satisfeito.
— Ótimo! Aonde está a cozinha, e também preciso que me mostre os ingredientes... você tem camarão não é? — fui perguntando, e me levantando, e a Luana estava de boca aberta, eu olhei pra ela e pisquei.
— Eu já volto, querida! Souvenir não nascerá com marcas de camarões! Não enquanto você tiver um marido cozinheiro... aliás... chef!
— Quero ver isso! — falou parecendo preocupada, mas conheço o prato, e darei um jeito de fazer, só preciso aproveitar um momento de descuido dele, e dar uma olhadinha no Google.
— Aqui estão as coisas senhor! Qual o nome do prato, e os ingredientes que usará? — perguntou.
— Camarão à Húngara do Rufinus, são camarões temperados com páprica, e grelhados na manteiga, com creme de leite fresco e batatas cozidas. — expliquei.
— Certo! Temos tudo, vou colocar na bancada! — falou ele, e fiquei observando.
— Enquanto você coloca, vou responder duas mensagens importantes do trabalho! — falei, e disfarcei procurando a receita no Google.
Como eu imaginei, era realmente um prato fácil de se fazer, comecei descascando as batatas e cortando em rodelas grossas, coloquei para cozinhar apenas com água e sal, e então comecei a temperar os Camarões com páprica limão e sal.
Coloquei os Camarões para fritar na manteiga, e deixei até dourar com três dentes de alho esmagados, então acrescentei uma colher razoável de farinha de trigo, e deixei dourar por mais dois minutos, conforme eu li na receita.
Retirei as batatas da água, sem deixá-las cozinhar muito, apenas o necessário, então as temperei com páprica defumada também e coloquei junto com os camarões e uma quantidade de creme de leite, deixei ferver por mais alguns minutos e colocando no refratário levei ao forno para dourar, com mais um pouco de páprica defumada em cima.
— Caramba! Você é bom! Se estiver precisando de emprego, vou te contratar! — ele falou.
— Espero que o gosto esteja bom! Vou colocar um pouco para você provar aqui neste prato! Você é o dono? — perguntei.
— Sim! Todos me abandonaram mais cedo, hoje! — falou, e vi que me enganei, ele não era garçon.
— Não desanime! Gostei deste lugar! Vou enviar um chef amigo meu para lhe propor uma parceria, este lugar vai crescer bastante! — falei.
— Na verdade o povo está um pouco desanimado em arrumar emprego aqui, já que o dono da Ilha vai vender!
— Eu sou o dono da Ilha, e não vou vendê-la! Pode confiar! Na verdade estou com planos de investir aqui...
— Caramba! Você é da família Smith! Prazer em conhecê-lo, o senhor não é nada parecido com o que ouvi falar!
— Tomara que não! Agora vou servir a minha grávida que está com fome! — nos dirigimos a mesa.
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Luana Smith
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Eu nem acreditei quando ouvi da boca do Igor que ele mesmo faria o prato que eu queria. Só estou na dúvida ainda se ele realmente entende daquilo ou não, pois chef eu sei que ele não é.
Quando ele foi para cozinhar, eu acho que ele não sabia, mas o lugar onde ele estava, era transparente, e quem estava nas mesas podia ver o chefe trabalhando, e eu parecia uma boba ou admirando o tempo todo, enquanto ele preparava os ingredientes do prato.
Por um momento senti que o meu conto de fadas havia se tornado realidade, e uma garota comum poderia sim, atrair a atenção do príncipe encantado com trabalho duro, e posso dizer que estou apaixonada por ele, e esse é o melhor aniversário que já tive na vida!
Quando vi ele vindo da cozinha com um avental amarrado e um chapéu engraçado, sorri feliz em vê-lo ali comigo.
— Seu jantar, madame! Espero que goste! — Fez até pose para colocar sobre a mesa, e até o homem que nos acompanhava se divertiu.
— Vou deixá-los a vontade, se precisarem é só chamar! — falou o homem e se retirou.
— Nossa, mas isto está com uma cara ótima! — Falei, e pensei em me servir, mas ele se adiantou e pegou o meu prato e colocou pra mim.
— Obrigada! — falei.
Ele começou a servir o prato dele, e tirou o chapéu engraçado.
— Você não é mesmo, chefe, não é? — cochichei no seu ouvido.
— Não! Mas, isso é um segredo! — falou cochichando e piscou outra vez.
— Nossa! E, como conseguiu fazer isso sozinho? Hum... ficou ótimo! — falei ao sentir o gosto.
— Meu amigo Google me ajudou! Mas, na verdade eu já nasci com alguns dotes! E cozinhar é um deles! — falou com o nariz empinado, e eu ri.
Ele começou a me contar várias coisas que aprontou quando era pequeno, e eu caí na gargalhada.
— Tomara que o Souvenir não ouça isso! Vai ficar sapeca como o pai, vai me dar trabalho. — brinquei.
— Eu não ligo! Desde que seja saudável, pode ser sapeca a vontade, eu fui e sobrevivi! — rimos juntos.
O prato estava uma delícia, então quando terminamos, precisávamos voltar para a Marina, e voltar para casa, e posso dizer que já adorei o fato de não ter que ficar esperando por um barco, e poder ir logo, embora.
Não senti enjoo na volta, como pensei que sentiria pelo balanço no barco, ainda mais comendo como eu comi, e então voltamos pra casa.
Quando cheguei não acreditei quando vi a dona Olga dormindo no sofá, e a Edineide do outro lado.
— Ela cumpriu a promessa e ficou te esperando! — falou o Igor, e foi cutucar a Edineide.
— Tadinha... — resmunguei.
— Precisamos acordá-las! A minha avó vai ficar dolorida assim!
Edineide acordou, e falou:
— A dona Olga, falou para não incomodá-la, deixou o presente na mesa, e falou que dormiria aí!
— Edineide... você trás coberta e travesseiro para ela? Eu vou abrir o presente, e vou descansar!
— Claro, menina! Vai descansar!
Abri o presente, e era lindo... um conjunto de colar com brincos, e só de olhar deve ter custado uma fortuna...
— Amanhã eu agradeço a ela! — falei e fui descansar, o Igor veio junto comigo, certamente dormiria comigo...