Capítulo 47
1568palavras
2023-03-31 19:02
CAPÍTULO 47
Igor Smith
Já perdi as contas de quantas horas eu espero por Elisa... estou muito angustiado, as coisas não parecem ser como antes, fiquei o dia todo à espera dela para no final não receber nenhuma mensagem, nada!
Um lugar que antes parecia tão bonito, e sofisticado, hoje não passa de mesas com cadeiras normais, e paredes decoradas com peças caras, não passa de uma solidão sem fim, quando se olha para elas, durante horas seguidas sem motivo nenhum para sorrir.
Tudo aqui perdeu a graça para mim, não tem mais cor nem alegria... como eu queria que Elisa estivesse aqui comigo! Já estou cansado de olhar as horas no meu relógio e ver que os minutos se tornaram tão longos. O que ando fazendo da minha vida?
Seria tudo tão mais simples se eu simplesmente amasse a Luana! Uma moça linda, simpática, amável, tem um caráter bom, e vai ter um filho meu... porque não a amo? Eu sinto algo por ela, mas não como sinto pela bailarina, e ainda mais uma vez fui trocado pelo trabalho dela.
Nesse momento me pergunto, porque não segui o meu coração e fui comemorar o meu aniversário junto com a Luana? Provavelmente teria aproveitado muito mais... mas o meu coração é um traidor e vive me pregando peças, aonde eu sempre perco no final.
Olho para a taça de champanhe na minha mão, e a impressão que tenho é que estou tomando água, nem o gosto eu consigo sentir mais, já faz mais de uma hora que estou com a mesma taça e mal consigo engolir, nem bêbado eu consigo ficar... como eu gostaria de pelo menos encher a cara e esquecer que esse dia ocorreu.
Pela milésima vez abro o meu celular à procura de uma mensagem ou de uma ligação da Elisa, mais nada! Ela não me disse nada, então mais uma vez disco o seu número tentando ligar, mas como eu já imaginei... caixa postal.
Uma das atendentes se aproxima da mesa e vem com algo na mão, quando olho vejo uma caixa simples mas bonita de presente.
— Senhor! Uma pessoa pediu para lhe entregar! — falou, e me deu a caixa.
— Obrigada! — respondi por educação, pois estava sem ânimo algum.
Olhei na caixa, e o meu coração se partiu outra vez... “Com amor... Elisa!“ Ela só podia estar brincando comigo, não me dá satisfação nenhuma, e agora me envia um presente? Que parte que ela não entendeu que eu só queria que ela estivesse aqui? Será que é tão difícil vir me ver?
A minha vontade foi pegar aquela caixa e fazer voar pela janela, mas certamente me acharia um louco e me expulsariam daqui a ponta a pés, então respirei fundo e deixei aquela caixa ali do lado.
Uma música começou a tocar, e era bem relaxante, mas tinha um toquezinho diferente do tradicional, aqui de vez em quando eles fazem shows e apresentações simples durante o horário de atendimento do estabelecimento, e quando a dançarina saiu, ela me pareceu muito familiar...
Eu nunca vi uma apresentação como essa, a mulher estava vestida de boneca com umas roupas engraçadas, e uma máscara divertida e infantil, mas ela cobria apenas ao redor dos olhos, deixando visíveis parte do seu rosto e cabelos.
Os movimentos dela eram engraçados, mas eu não conseguia rir, devido a minha tristeza profunda... estranhamente a mulher veio se aproximando de mim e fazendo umas palhaçadas então quando ela se aproximou o suficiente ela puxou a máscara e sorri me sentindo aliviado quando eu vi quem era que estava ali...
— LUANA! — a abracei depressa, acho que estou muito carente.
— Feliz aniversário! — falou ela, preciso confessar que fiquei muito feliz em vê-la ali.
— Que bom que você veio! — ela não pareceu ter comprado muitas coisas, não vi nenhuma sacola com ela.
— Gostou da interpretação? Roubei a fantasia da moça, pois é bem parecida com a que uso no orfanato! — contou sorrindo.
— Foi engraçado! Pelo menos, eu melhorei com a sua chegada! — falei.
— Elisa não veio, né? — perguntou, e apenas neguei com a cabeça.
— Eu sinto muito...
— Não precisa! Eu já deveria ter me acostumado com o desprezo dela! Sofro por escolha minha! — falei chateado.
— As vezes ela teve um imprevisto, não é? Quem sabe não aconteceu algo? — comentou com jeitinho, mas eu sei que isso não é verdade.
— Acredita que ela teve coragem de me mandar apenas essa caixa? — peguei a caixa na mão com raiva para jogar fora, mas estranhamente a Luana colocou a mão em cima da minha.
— Não faça isso! É apenas um presente! Você abriu? — perguntou.
— Nem abri! Ela não entendeu! Eu queria que ela estivesse aqui, e não, que tivesse me mandado um presente, eu não quero um presente! — reclamei.
— Apenas guarde! Depois você decide o que fazer, pode ter sido algo especial, né? — falou.
— Que seja! — empurrei a caixa para o meio da mesa, de qualquer jeito.
— Bom! Vamos esquecer isto! O que você quer de presente? — perguntei.
— Na verdade, eu estou com fome! Tudo o que queria era comer um prato típico lá da ilha...
— Qual?
— Camarão à Húngara do Rufinus, são camarões temperados com páprica, e grelhados na manteiga, com creme de leite fresco e batatas cozidas. — fez uns movimentos com a boca, que foi engraçado.
— Tenho uma ideia! Vamos sair daqui, quero que veja algo que comprei para você e o nosso bebê! — falei, e vi o brilho voltar aos seus olhos.
— Então tá! — falou, e se levantou pegando a caixa que eu pretendia deixar ali mesmo.
Luana entrou no meu carro, e eu a levei até o cais, o mesmo local aonde embarcamos para pegar o cruzeiro e então eu a levei em um grande barco.
— Vem? — estiquei a mão para que ela subisse, e ela segurou firme, entrando junto comigo.
— Que loucura é essa? Se o dono nos pegar aqui, teremos muitos problemas! — comentou.
— Então é melhor perguntar pra ele, espera aí... — Me abaixei até a barriga dela, e comecei a falar:
— Oi, bebê! A sua mãe quer saber se a gente pode ficar no barco de vocês! O que acha? — olhei pra ela. — ele disse que adoraria!
— Não vai me dizer que comprou este barco? — Perguntou com as duas mãos na boca.
— Sim! Comprei para vocês dois! — falei sorridente.
— Caramba! Deve ter custado uma fortuna! — Ela falou parecendo em pânico.
— Três milhões, para ser exato! — ela ficou ainda mais assustada.
— Você é maluco! Pra quê quis um barco? — perguntou.
— Porquê com ele, você poderá ir e voltar tranquilamente da Ilha, sem precisar esperar por barco no cais! — respondi, e os olhos dela brilhavam mais do que o normal.
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Luana Smith
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Eu fui fazer uma surpresa para o Igor, e acabei surpreendida! Eu nunca na vida pensei que ganharia um barco, acho que deve ser a última coisa que eu imaginaria ganhar, mas estou muito feliz com a iniciativa dele, e o meu coração parece querer saltar para fora do peito, de tanto que bate quando olho pra ele.
Fomos até o convés, e havia música. Eu já havia tirado aquelas roupas engraçadas de boneca dançarina, e estava novamente com o meu vestido florido, Igor me estendeu a mão.
— Me concede a primeira dança? — perguntou.
— E, se eu pisar no teu pé? Já fiz isso outras vezes! — o lembrei.
— Tudo, bem! É um risco, não é? — eu ri, mas fui com ele.
O barco começou a se movimentar, e eu e ele começamos a dançar, nos embalamos na dança, e vários ritmos vieram para nos alegrar.
A cada giro, um sorriso, e começou a me puxar de um lado para outro, e eu me senti em um filme de conto de fadas outra vez, tudo para mim parecia estar em câmera lenta, o rosto bonito do Igor sorrindo pra mim me fez ver que ele é muito mais importante pra mim, do que deveria ser... entreguei um presente em nome de outra, e mesmo depois de rejeitado não contei que era meu, isso apenas porque o amo!
Eu pensei amar o Hélio, mas nunca senti por ele o que eu sinto pelo Igor, chega a doer, me emociona, me deixa vulnerável... como eu queria que ele me amasse também... mas a sorte não bate na porta de todos, e eu nunca a carreguei comigo, provavelmente não seja agora que irei carregar...
E o pior de tudo é pensar que daqui a sete meses não seremos mais nada, além dos pais separados deste bebê, que está apenas com dois meses agora...
Por enquanto não quero sofrer com antecedência por isso! Vou aproveitar a minha noite aqui com ele, curtir o momento com ele, enquanto ainda posso.
— Aonde estamos indo? — perguntei por um momento.
— Na ilha! Vamos encontrar o prato com camarão que você deseja! Eu conheço, e também gosto bastante.
— Mas, já está bem tarde... será que ainda terá restaurante aberto? — perguntei.
— Não se preocupe! Não sairemos de lá enquanto você não comer o prato que deseja...