Capítulo 46
1553palavras
2023-03-31 19:01
CAPÍTULO 46
Luana Smith
Não consegui impedir as minhas lágrimas de saírem outra vez, nem eu mesma sei o que eu estou sentindo agora, mas de certa forma me senti enganada por ele, por me deixar falar dos meus planos e simplesmente fazer cara de paisagem como se tivesse tudo bem, me prometendo que eu teria um dia muito bom, um dia perfeito, sendo que era mentira! Pois, ele sabia muito bem, que ele passaria o dia perfeito dele, ao lado da sua amável bailarina!
Era patético pensar que ele acreditava mesmo que eu me divertiria sozinha! Eu devo fazer o quê agora? Ir me divertir, como? Indo a lugares legais, e restaurantes chiques, sozinha? Vou conversar com quem? Esse será um dos piores aniversários da minha vida, porquê nos outros eu não havia criado expectativa... acho que vou ficar aqui no carro, e não vou sair para lugar nenhum!
Mas eu olhei de dentro do carro e percebi que o Igor falava com alguém no celular, então percebi que se eu ficasse ali, ele perceberia que eu não saí, e isso se tornaria ainda mais chato para mim e humilhante.
Então acabei me lembrando que hoje eu vi uma exposição de esculturas aqui na cidade, e pedi para o motorista que me levasse até lá, pelo menos eu conseguiria me distrair um pouco.
— Me leve neste endereço! — mostrei a tela do celular.
— Certo, senhora Smith! — respondeu.
Fui enxugando as minhas lágrimas, e tentando não parecer uma pessoa tão triste como eu sou.
Quando eu entrei na exposição, comecei a esquecer um pouco dos problemas, e comecei a analisar tantas peças bonitas, que estavam ali naquele lugar. Era um museu muito grande, mas apenas um salão estava aberto hoje, que era para exposição de algumas peças específicas, lindas por sinal.
Fui caminhando por entre elas analisando a beleza e a delicadeza de cada uma, quando uma voz muito conhecida soou no meu ouvido...
— Mais uma coisa que eu não sabia sobre você! — virei para ter certeza, mas era ele...
— Louis! Que bom te ver! Faz um tempinho já que nos vimos! — falei, o abraçando.
— Sim! Eu não imaginei que você gostasse de esculturas, e eu adoro! — falou me surpreendendo.
— Nossa! Eu vim, na verdade me distrair, já que hoje é o meu aniversário...
— Ual! E, como eu não fiquei sabendo com antecedência? Agora terei que improvisar o meu presente! Parabéns! — falou ele, e me abraçou.
— De forma alguma! Não precisa! — falei, mais animada.
— Eu faço questão... vem comigo que vou te mostrar do que estou falando! — estendeu a mão, e eu segurei na mão dele.
A gente foi andando pela parte interna do museu, cada corredor era um mais bonito que o outro, e esculturas famosas estavam espalhadas por aquele lugar, guardadas nas cabines de vidro. Mas me surpreendi quando entramos em uma salinha bem pequena e com uma porta de madeira simples e ele pegou um molho de chaves, grande.
— O que vamos fazer? — perguntei.
— É surpresa! Venha!
Outra vez segurei na mão dele, e juntos fomos andando ao segundo andar do museu. Havia uma porta enorme e muito bonita, toda em ferro, detalhada com dourado, marrom, e alguns detalhes cromados, quando ele abriu fiquei de queixo caído, olhando para todas aquelas esculturas enormes que haviam ali.
Essas eram aquelas obras que dificilmente entram em exposição, elas ficam na área reservada do museu, e para entrar é apenas agendando horário, e tem que ser acompanhado por um agente, e eu nunca consegui chegar até um lugar desses, então fiquei maravilhada enquanto analisava tudo a minha volta.
— Como conseguiu essa chave? — perguntei.
— O meu amigo é o dono do museu, e disponibiliza essa chave para mim! Gostou?
— Amei, é lindo!
Foi um momento divertido, pude conhecer muitas obras que eu tinha curiosidade de ver de perto, passeamos por vários lugares dentro do museu, e conforme a gente ia saindo ele ia trancando cada porta, e penso que nunca conseguiria conhecer tantas obras em um dia só, e hoje o Louis conseguiu realizar este sonho meu.
— Obrigada, Louis! Este presente de aniversário é o mais incrível que eu já ganhei em toda minha vida!
— Mas já vi que ainda está triste... está pensando no seu marido? Porquê ele não veio com você, já que este é um dia importante?
— Na verdade, hoje também é o aniversário dele, ima incrível coincidência, não é? Mas ele preferiu comemorar de outra forma, então eu acabei ficando sozinha hoje! — falei meia verdade.
— Preocupe-se com você! Por exemplo... O que quer fazer hoje, o que a deixaria melhor? — perguntou.
— Na verdade, eu gostaria de comprar um presente para ele... e entregá-lo lhe desejando um feliz aniversário! Mas não acho que você tenha gostado muito de ouvir isso, não depois do que o Igor aprontou no último dia em que nos viu juntos, mas... eu não posso mandar nos meus sentimentos, não é?
— Seu pedido é uma ordem, moça! Faço tudo o que quiser hoje, o dia é seu! — falou.
— Você é demais, Louis! Obrigada!
— E, quanto a aquele dia, eu não percebi nada! — levantou as mãos.
O dia estava bem bonito, e o Louis disse que faria tudo que eu quisesse, então me levou para almoçar em um restaurante ali perto do orfanato, era um restaurante simples, mas serve uma comida maravilhosa... eu nem me lembrei que estava sentindo enjoo e comi bastante ali com ele.
— Esse bebezinho, parou de te fazer vomitar? — perguntou sorridente.
— Ainda não, padrinho! Souvenir, ainda dá trabalho para a mamãe! — sorri brincando.
— Souvenir? De onde tirou esse nome? — perguntou, confuso.
— É um apelido que o Igor deu para ele, significa lembrança, e diz ele que ele lembra o nosso cruzeiro, então eu até já me acostumei de chamá-lo assim.
— Caramba! Vamos rezar então... para que não seja uma menina, pois a coitada já crescerá traumatizada com um apelido desses! (Gargalhou)
Foi um momento agradável que passamos ali juntos, e depois que eu comi muito bem, ainda tomei o meu sorvete preferido.
O Louis me levou a uma loja que eu já havia reparado antes, e que percebi que o Igor gostava de um estilo único de caneta. Era uma caneta caríssima então eu não quis utilizar o cartão de créditos que o Igor me emprestou, e retirei um colar que ganhei da minha mãe de presente e vendi na loja ao lado, para poder comprar a caneta.
— Ele não te deixou dinheiro? — perguntou.
— Deixou sim! Mas eu não usarei para comprar um presente pra ele! — falei.
— Você é tão especial, Luana! Tem um coração bom! — falou.
— Não sou nada... (risos)
— Para onde vamos agora? — perguntou.
— Vamos esperar dar o horário... ele disse que as onze, nos encontraríamos no restaurante, o motorista viria me buscar!
— Então farei companhia a você! Venha no meu carro, e a gente segue o motorista, e depois eu vou pra casa, quando já estiver segura com ele! — Falou.
— Já está tarde! Tem certeza? Você já me acompanhou o dia todo, não quer ir descansar? — perguntei.
— Já falei que hoje o dia é seu, e ele ainda não acabou! Vamos dar uma volta nas lojas? — Perguntou.
— Claro!
Ficamos por mais um tempo passeando por entre as lojas, e gostei muito da companhia do Louis, não sei se é porque hoje ele decidiu fazer tudo que eu quero, mas posso dizer que tive um aniversário muito legal, e não posso reclamar!
Conversamos com o motorista e explicamos a situação, ele disse que hoje estaria disponível apenas para cumprir as minhas ordens, conforme o patrão lhe explicou, então tudo bem se eu fosse no outro carro, mas ele ficaria de olho para saber se estava tudo bem.
Fui no carro do Louis, e quando já era onze horas ele me levou até a porta e se despediu com um beijo no rosto, eu agradeci e ele foi para casa.
Eu esperava ver o Igor muito feliz e radiante, e já estava até me preparando para conhecer a Elisa, a sua bailarina... mas a cena que eu vi quando entrei foi de cortar o coração... ele estava sentado em uma das mesas do canto, sozinho e desanimado, não precisava ser muito esperto para saber o que tinha acontecido ali... A bailarina deu um novo bolo nele, e o deixou sozinho no dia do seu aniversário.
Eu peguei a minha caixa de presente simples e delicada com um laço dourado em cima, pedi uma caneta a atendente, e escrevi no bilhete:
“Com amor... Elisa”...
— Senhorita! Você pode entregar este presente para aquele senhor que está na mesa de trás? — perguntei a atendente.
— Claro!
— Só não diga que fui eu, tá? É uma surpresa, vou esperar ali fora...
— Tudo bem, senhorita!
— Obrigada...
Eu não consegui evitar, foi demais para mim, não quis que ele sofresse outra vez por causa da Elisa, então eu lhe entreguei o presente em nome dela... quem sabe assim, eu ainda não veria um sorriso?