Capítulo 26
1730palavras
2023-04-12 00:02
Uma mulher de meia-idade saiu em silêncio do quarto do hospital, já passava da meia-noite e Scarlett acabara de fazer um check-up completo, eles estavam no hospital de Rafael. Os dois Alfas viraram para a mulher, a tensão evidente no rosto de ambos, Elijah contou a Rafael quem era Scarlett e como Zidane a marcou.
“Como ela está? Eu posso vê-la?” Elijah perguntou ansioso ao se levantar. Seu cabelo estava desgrenhado de tanto ele passar os dedos por ele repetidas vezes.
“Alfa... por favor, se acalme.” A médica responsável lhe disse com um olhar severo. “Primeiro, a quantidade de acônito deve ter sido mínima, quase não havia vestígios dele no sangue.”
Elijah não disse nada, pois sabia o que a médica disse já significava muito, mas tinha a sensação de que aquilo tinha a ver com as habilidades especiais de Scarlett.
“Para ser honesto, na verdade, ela se curou com mais rapidez do que um Alfa.” Ela relatou, sem esconder o quanto estava intrigada, mas ela apenas suspirou.
“Então, isso é uma boa notícia, certo?” Rafael perguntou.
“Receio que também haja más notícias. A marca no pescoço dela... está envenenando-a, não tenho certeza de como isso é possível, mas nunca deveria ter acontecido.”
“Martha... Como assim ela está sendo envenenada?” Rafael perguntou ao ver Elijah parado ali, sem qualquer reação. Mas, ele viu o leve tremor nas mãos de Elijah.
“Algo sobre a natureza da marca vai contra a nossa abençoada Deusa, por isso, nunca deveria ter sido colocado nela. Seu corpo está lutando contra a marca, de maneira impressionante devo dizer, se ela fosse uma loba comum, eu presumiria que já estaria morta.” Martha concluiu, Elijah rosnou ameaçadoramente e Rafael pousou a mão em seu ombro, tentando acalmá-lo.
“Ela está viva e continua lutando.” Ele disse finalmente com uma voz tranquila.
“Ela está em risco?” Elijah perguntou, com uma voz áspera e tensa. A mulher olhou para ele com simpatia.
“Por enquanto... sim. Todas as suas feridas estão curadas e seu corpo ainda está lutando, porém não sei se isso causará algum efeito adverso. Só o tempo irá dizer. No entanto, se seu companheiro puder marcá-la, a marca irá sumir, pois o verdadeiro companheiro irá tomar seu lugar de direto. Alfa, eu diria para marca-la quando ela despertar. Ela disse a Elijah inclinando a cabeça educadamente.
Elijah sentiu uma pontada no estômago, como ele odiava estar naquela situação. “Eu... não sabemos se somos companheiros...” Ele disse desejando que a lua de sangue estivesse próxima.
A médica ficou visivelmente chocada, mas se apressou em responder: “Oh, eu entendo...”
“Se... se eu a marcasse... não ajudaria, certo?” Elijah perguntou, com certo desespero e dor em seus olhos.
A mulher sacudiu a cabeça. “Se você for o verdadeiro companheiro, isso pode funcionar, mas o risco é muito alto. Duas marcas no pescoço dela e nenhuma for do seu companheiro, isso pode matá-la, acho que você não gostaria de correr esse risco...”
Elijah se virou lambendo os lábios frustrado, então cruzou as mãos na nuca e encarou o teto fechando os olhos. Não, de fato não era um risco que ele gostaria de correr.
“E se eu matasse esse bast*rdo?” Ele disse olhando para a mulher e ela suspirou.
“Diga-me Alfa, quando um lobo morre, a marca desaparece de seu companheiro?”
“Não.” Elijah respondeu, seus olhos brilhavam a luz de azul-cobalto escuro. A médica se encolheu ao sentir a aura Alfa emanando dele.
“Ei… Elijah… se acalme.”
“E-então, essa é a sua resposta, sinto muito Alfa... não há mais nada que eu possa oferecer.” Ela se desculpou de maneira genuinamente se sentindo mal pelo Alfa, que sofria visivelmente pela mulher no quarto. “Você pode vê-la.”
Elijah não disse mais nada, então andou até a porta e entrou no quarto. Seu coração batia forte dentro de seu peito, a dor era inexprimível. O quarto estava com uma iluminação mais escura, ela estava lá, como se estivesse em um sono tranquilo. Um fino vestido de hospital azul claro sóbria o corpo de Scarlett, um lençol de linho a cobria até a cintura. Seu peito subia e descia regularmente com a respiração.
Ele se aproximou lentamente, cada passo parecia mais pesado do que o anterior, como se caminhasse sobre areia movediça. A culpa por não ter sido capaz de protegê-la o consumia por dentro.
Ele caiu de joelhos perto da cama, seus olhos se fixaram na marca no pescoço de Scarlett, que agora estava completa. Ele já tinha visto aquela marca antes, no lobo com um talho no olho esquerdo que rugiu. A mesma marca que estava no pescoço de Jessica, antes que ela a encobrisse com várias tatuagens, mesmo assim a marca brilhava no tom mais escuro de preto.
A única diferença era que a marca de Scarlett estava cercada por veias negras pulsantes. Elijah ficou furioso por outro ter tido a coragem de marcá-la, de machucá-la. Seus olhos faiscaram de fúria, ele nunca odiou ninguém como odiava Zidane Malone e ele se certificaria de que ele tivesse uma morte dolorosa.
Ele não sabia ao certo quando seus sentimentos mudaram, mas ele sentia algo profundo pela mulher na cama, ao ponto de desistir de tudo por ela. Ele pegou sua mão esbelta, levando-a até os lábios. Desejando que ele pudesse livrá-la de toda a dor. Então, ele falou aquilo que quase escapara de seus lábios duas vezes.
“Eu te amo, Vermelho, eu te amo muito.” Ele sussurrou.
O quarto estava mergulhado no silêncio, apenas um uivo estranho e distante ecoou do lado de fora ou era uma porta se fechando ao longe. Ele ficou algum tempo beijando a mão de Scarlett com delicadeza, o cheiro floral fresco encheu suas narinas acalmando sua mente perturbado. Mas, quando ele sentiu ela se mexer, então ele se afastou ao ouvir um gemido suave saindo de seus lábios.
“Querida?” Elijah respirou ficando de pé, ele ainda segurava sua mão.
Scarlett abriu os olhos, seu corpo inteiro doía, mas o único lugar em que sentia dor de verdade era na lateral do pescoço. Parecia que ela havia sido picada por um enxame vespas. Então, ela tocou o local dolorido, franzindo a testa quando sentiu um calor irradiar.
Elijah pegou a outra mão dela, segurando as duas, ele as beijou com ternura fazendo o coração dela bater mais forte. Ele sabia que teria que dar a notícia sobre a marca... mas ele precisava de alguns minutos.
“Como você está se sentindo, gatinha?” Ele perguntou delicadamente, fazendo-a sorrir e um calor preencheu o peito dela.
“Estou gostando de te ver preocupado, talvez eu devesse me machucar com mais frequência.” Ela tentou fazer piada com a situação, surpresa ver os olhos dele tomados por fortes emoções.
“Se você quer que eu lhe mostre minha preocupação, então vou me certificar, dia e noite, para que você não se machuque.” Ele rosnou baixinho, mas mais parecia o som de um lobo reclamando do que zangado.
“Você ficou preocupado?” Ela perguntou quase sussurrando, enquanto ele se levantava para se sentar ao lado dela na cama, apoiando uma perna no chão.
“O eufemismo do século.” Ele admirando seus lindo olhos verdes, antes focar nos lábios dela.
“Então, me mostre exatamente como você se sente.” Scarlett murmurou, querendo sentir seus lábios macios contra os dela. Ela não precisou dizer duas vezes, Elijah lhe deu um beijo ardente e apaixonado, envolvendo sua nuca com uma das mãos.
Seu toque era carinhoso, apesar da paixão e emoções que se aprofundaram naquele beijo. Ela tentou acompanhar seu ritmo, mas ou ela estava muito cansada ou o beijo dele era muito rápido, ele a beijava como se fosse a última vez.
O coração dos dois acelerados, o som dos lábios se encontrando, os suspiros suaves ecoaram no quarto.
A língua de Elijah deslizou pela boca de Scarlett, explorando cada centímetro, antes de chupá-la dominadoramente, apertando-a com mais força. Ele gemeu em seus lábios, o estômago dela parecia cheio de borboletas, sentindo a dor familiar se instalando entre suas coxas, a umidade crescia, o aroma traidor da excitação preencheu o ar do ambiente.
Elijah se afastou quando ela precisou recuperar o fôlego, respirando com um pouco de dificuldade. Scarlett ficou aliviada por ver que não era a única excitada. Um leve rubor apareceu em sua bochecha quando seus olhos olharam para baixo, a masculinidade dele saliente fez o interior dela pulsar.
“Não.” Ele gemeu: “Confie em mim, não estou pensando em sexo.”
“Eu sei... eu simplesmente adoro como eu consegui te afetar com tanta facilidade.” Ela disse sorrindo. Elijah sorriu de volta, ele amava como ela corajosa, impressionado como ela agia normalmente, mas ao mesmo tempo isso o preocupava. Era quase como se ela estava acostumada com isso...
Ela fez menção de tentar se sentar, contudo, Elijah foi mais rápido a segurou e ajeitou os travesseiros “Ei, vá com calma, você se machucou muito...”
Os olhos dele analisavam os braços e pernas de Scarlett, não tinham nenhuma ferida, contusão ou marca da luta. Ele ainda tinha seus ferimentos, embora estivesse se curando.
Scarlett ficou tensa ao ver como os olhos dele percorriam seu corpo. Ela manteve em segredo o fato de se curar tão depressa, desde que ela era pequena, quando elas se mudaram para o bando de Jackson. No entanto, ela raramente se machucava, então não era algo difícil de esconder, mas pelo jeito que Elijah a encarava, ela sabia que aquilo já não era mais um segredo...
Porém, ele ficou ainda mais sério, um pensamento arrepiante invadiu sua mente. Ele tinha visto as cicatrizes que cobriam as costas, os braços e até as pernas de Jessica. Até mesmo na parte de trás de sua cabeça havia uma cicatriz. No corpo da Indigo, ele observara apenas algumas marcas sutis... mas nunca viu nenhuma cicatriz em Scarlett...
Uma vez Jackson lhe contou que quando se casou com Jessica, todas elas sofriam nas mãos de Zidane. Ele também disse que Scarlett tinha sorte por não ter sofrido tanto quanto sua mãe e irmã... Porém, algo dizia a Elijah que ele estava muito, muito enganado...
“Se eu te perguntar uma coisa, você vai me dizer a verdade, Scarlett?” Ele perguntou com delicadeza, acariciando os seus cabelos macios com carinho, que a fez fechar os olhos sob o toque suave. Embora relutante, ela abriu os olhos e balançou a cabeça, ela tinha um pressentimento do que poderia ser, mas ela só não esperava que fosse sobre...