Capítulo 27
1976palavras
2023-04-13 00:02
“Você sofreu tanto quanto elas, não foi?” Elijah perguntou com cautela.
Scarlett olhou para ele, com os olhos ardendo. Como ela contaria a ele que sofreu mais...? Pois após levar uma surra brutal, sua mãe ficava acamada por dias, por outro lado, Scarlett era submetida a semanas de punição, ela se lembrou de como quase perdia a consciência, mas era forçada a ficar acordada e receber uma nova leva de torturas.
Ela afastou tal lembrança, a maior parte de seu passado, estava bloqueado, trancado no fundo de sua mente, mas que voltava para assombrá-la durante a noite. Na época, sua mãe pensou que ela tinha ido para algum campo de treinamento e Scarlett nunca disse o contrário, atendo-se na ameaça de Zidane. Pois, ela sabia que ele machucaria Indigo se contasse algo para sua mãe. Jessica sempre verificava se a filha tinha hematomas, mas ela nunca tinha uma mancha sequer e isso a deixava mais tranquila. Com o tempo, ela passou a acreditar que Zidane não odiava Scarlett tanto quanto a ela e Indigo. Essa era a razão dela gritar muitas vezes com Scarlett, pensando que Indigo tinha sofrido mais. Porém, Scarlett não se importava, nunca diria isso a Indigo, mas ela protegeria sua irmã pirralha a todo custo.
Então, ela desviou o olhar dos olhos azuis cerúleos de Elijah.
“Eu era mais forte...” Scarlett sussurrou, sem ousar contar toda a verdade. Elijah franziu o cenho e notou a mudança em seu batimento cardíaco, ela estava escondendo algo dele.
“Quando você tinha 13 anos... se lembra de quando você caiu daquela árvore e quebrou o braço... você ficou engessada por duas semanas...” Ele começou a perguntar. “Sua mãe não sabe que você se cura depressa, não é?”
“Eu mantive isso em segredo... não queria que usassem isso contra mim, então nunca disse que já estava curada. Quando eu era pequena e caía, ela sempre falava que eu tinha um anjo da guarda, porque nunca ficava com muitos hematomas e também nunca falei que sentia muita dor... Mas o Alfa...” Ela se interrompeu.
O estômago de Elijah revirou, mas ele conseguiu a sua resposta. Zidane sabia da sua habilidade de cura e a usou contra ela. Mas, mesmo assim, Elijah queria ouvir isso de Scarlett, pois ainda tinha esperança de estar enganado.
“Ele sabia sobre a sua habilidade?” Ele perguntou baixinho, enquanto segurava o queijo dela entre seus dedos ásperos, com um aperto gentil, porém firme, ele inclinou a cabeça dela para que seus olhos se encontrassem com os dele.
A respiração era errática e ela entendeu que ele já sabia. Então, apenas assentiu em confirmação. Elijah a soltou como se ela tivesse queimado a ponta de seus dedos.
A fúria se ardia dentro dele com a força de um vulcão. A aura do Alfa o envolvia, seus olhos escureceram e seu lobo clamava para que ele voltasse para o Bando Desert Storm e rasgasse aquele mald*to em pedaços. Naquele instante, ele não se importava o que aconteceria com ele no meio do caminho, desde que aquele monstro fosse parar nos poços ardentes do inferno, de onde ele pertencia.
Elijah caminhou até a porta, prestes a abri-la quando Scarlet aos tropeços saiu da cama e correu até ele, agarrando seu braço.
“Elijah não!” Ela bradou puxando-o para que ela o encarasse. Ela era forte, sua própria aura crescia ao seu redor. Ela o fitou com seus olhos prateados, “Por favor... não vá... eu preciso de você.”
A frase terminou em um sussurro. Ele olhou nos olhos dela, o que diminuiu ligeiramente sua raiva. A sensação das mãos macias em seu braço o acalmaram. Então, Elijah fechou os olhos, respirou fundo e a puxou contra ele, uma mão envolvia sua cintura esbelta, a outra segurava a parte de trás da cabeça, enquanto ele pressionada seu corpo de 1,50 cm contra o dele. Scarlett era tão pequena... Como seu pai pôde tratá-la daquela maneira?
“Eu nunca vou deixar você, eu prometo, querida. Não importa o que aconteça, sempre vou estar ao seu lado, eu prometo.” Ele murmurou. ‘Até o dia da minha morte...’ Ele acrescentou em sua cabeça.
Scarlett lentamente envolveu seus braços em volta da cintura dele, segurando-o com força e inalando seu perfume arrebatador. Ele realmente ficaria ao seu lado? Ela apertou ainda mais o abraço, uma lágrima perdida escorreu de seus olhos. Se ele estiver tão preocupado com alguns arranhões pequenos, como ele lidaria quando soubesse o que ela havia passado? Por isso, ela sabia que nunca poderia lhe contar toda a verdade, a gravidade dos repetidos abusos de seu pai.
Elijah beijou o topo de sua cabeça. “Vamos, você ainda precisa descansar.” Ele falou, não querendo tirá-la de seus braços. Ela assentiu, mas ao esfregar seu pescoço ela se perguntou por que ainda não havia curado. Toda a região pulsava e parecia queimar. Foi neste momento que ela se lembrou de que tinha sido mordida. Ela se afastou de Elijah, os olhos examinando o quarto, até que ela viu um pequeno espelho em cima da pia e correu até ele.
“Scarlett, me escute…”
“M*rda...” Ela xingou à medida que seu rosto empalidecia. Seu estômago se revirou, pois seu próprio pai a havia marcado. A marca era algo extremamente sagrado, que se destinava forjar o vínculo entre dois companheiros, mas ele ia contra a lei da Deusa e marcava a própria filha. Em seguida, ela se sentiu entorpecida, mais uma vez ele a prendera. Scarlett não conseguia mais ouvir Elijah, ela não sentiu nada quando os braços dele a seguraram e ele sussurrava palavras de conforto. Sua mente estava tomada pela imagem da marca em seu pescoço e o olhar malicioso de Zidane diante da vitória... Ela estava enganada... Por mais que tentasse, por mais madura ou por mais distante que estivesse, ele sempre venceria.
Suas pernas tinham cedido, mas ela nem percebeu, Elijah a pegou no colo, carregando-a de volta para cama. O coração dele estava disparado, pois se sentia um inútil, por que não conseguia fazer nada por ela?
“Scarlett, me escute, querida. Vai ficar tudo bem.” Ele falou segurando o rosto dela, assim que a aconchegou em seu colo na cama, mas ela não respondeu. Seus olhos pareciam vidrados e ela olhava para o vazio em um estadão catatônico. “Scarlett! Dr*ga, olhe para mim, por favor!”
Ele fechou os olhos, envolvendo-a em seus braços. Por que ele era tão inútil? Ele encheu o rosto dela com beijos delicados, seguindo para seu pescoço e ombro. Mas, quando seus lábios tocaram a marca ardente, ela tentou repeli-lo para longe de si, mas ela a segurou com força.
“O que você está fazendo?” Ela perguntou com frieza.
“Eu estou preocupado, Vermelho.” Ele confessou, ao identificar os sinais de que ela estava tentando afastá-lo.
“Você não viu aquela coisa nojenta no meu pescoço, por acaso está cego?!”
“É claro que eu consigo ver, mas isso não muda nada. Vamos arrancar essa marca do seu pescoço, eu prometo. Só não pense que está sozinha.” Ele a confortou e abraçou sua cintura, os seios dela descansavam sobre seu braço, enquanto ele a segurava com firmeza. Ela lutou contra o aperto, mas ele era mais forte.
“Por quê? Você já não conseguiu o que queria?! Eu me entreguei para você! Então, apenas... apenas me deixe em paz, eu não preciso de ninguém!” Ela gritou frustrada. As palavras dela foram como navalhas para Elijah, mas ele não demonstrou qualquer emoção. Ele sabia que ela estava tentando obter uma reação dele, mas não ele não daria aquilo que ela queria.
“Mas, eu preciso de você. Pode me chamar de egoísta, mas quando eu quero algo, eu não desisto.” Ele afirmou com a voz rouca, e isso a deixou tensa em seus braços. Aquelas palavras a confundiram, seus olhos ardiam com as lágrimas traiçoeiras.
“Até que sua companheira apareça, então essas emoções irão desaparecer.” Scarlett sussurrou.
“Por você eu a rejeitaria, se você me quiser, mesmo que seja a metade do quanto eu te quero, eu sou seu. Apenas me dar o comando, Vermelho.” Ele sussurrou dando-lhe beijos suaves ao longo de seu pescoço. Os olhos dela ardiam por causa das lágrimas. Ela estava com medo e odiava a sensação de se sentir vulnerável. Se ela cedesse, todos os muros que ela demorou anos para construir, iriam ruir. Muros que existiam desde a primeira vez que seu pai colocou as mãos sobre ela. Contudo, havia muito mais do que isso, os pais deles eram casados...
Ela não sabia como reagir, derrotada ela caiu contra o peito de Elijah, deixando-o afundar em seu pescoço e inalar seu perfume. No entanto, ele se sentia um pouco irritado por notar um cheiro ligeiramente diferente se fundindo com o dela. Era sutil, pois o vínculo ainda não se completara e ele nunca permitiria que isso acontecesse.
Mais uma vez, ela não verbalizou como se sentia de fato... Além da confissão sussurrada quando ele fizeram amor. Mas, tudo bem, quando ela estivesse pronta, ele estaria esperando para ouvir.
Os beijos dele pareciam frios contra a pele ardente, porém ela se lembrou de como parecia nojento. No mesmo segundo, ela encolheu os ombros “Não... esse lugar está contaminado.” Ela sentiu os próprios lábios tremerem, então cerrou a mandíbula para não deixar transparecer.
“Você não está contaminada querida. Aquele desgraçado pode até tentar, mas não vai conseguir mais nada além disso, nós vamos destruí-lo.” Ele afirmou com convicção, embora tenha notado o desconforto de Scarlett, ele moveu seus lábios para o outro lado do pescoço dela. Embalando-a suavemente de um lado para o outro, seu peitoral robusto serviu de apoio para suas costas, os braços bem apertados ao redor dela, Scarlett se sentia protegida naqueles braços e desejou nunca mais sair dali.
“Sim... é o único jeito.” Ela concordou, embora não tivesse certeza de como a marca a afetaria ou de como confrontá-lo, mas ela estava decidida a matá-lo.
“Então, o que você quer fazer agora? Está fome? Sede? Cansada?” Ele disse colocando a mão no estômago dela, fazendo seu coração pular. Ela mordeu o lábio olhando para ele.
“Eu quero...” Ela disse, pousando a mão sobre a coxa dele de maneira provocante, enquanto se virava para olhar nos olhos dele, percebendo como eles haviam escurecido. Ela inclinou a cabeça e seu olhar se fixou nos lábios de Elijah.
“Sim?” Ele perguntou se inclinando para mais perto, os lábios a centímetros de distância. O hálito quente de Scarlett soprava em seu rosto, o doce aroma fresco o fez diminuir o espaço entre ele. Seus lábios encontraram os dela, ela o beijou e sorriu contra sua boca.
“Eu não terminei.” Ela murmurou e Elijah sorriu.
‘Eu não me importo...’ Ele falou através da ligação psíquica, porém não havia nenhuma conexão. Ele ficou tenso e soube por meio da diversão de Scarlett, que ela não o escutara. ‘Scarlett, você pode me ouvir?’
Ela não respondeu. Ao se virar, aqueles olhos verde ainda mantinham a faísca que ele tanto amava. Ele estava feliz por ela não ter percebido a mudança de seu coração descontrolado.
“Então, o que você quer?” Ele disse em voz alta, acariciando o rosto dela.
“Um banho, me sinto suja.” Scarlett falou franzindo o nariz. Elijah sorriu quando uma imagem dela com as pernas abertas veio a sua mente.
“Eu gosto de você ficando suja.” Ele disse beijando o pescoço dela, fazendo-a revirar os olhos.
“Bom, mas agora eu quero um banho.” Ela disse dando-lhe um cutucão. Por mais que ela quisesse fazer s*xo com ele, ela queria remover todos os vestígios de Zidane de seu corpo.
“Parece uma boa ideia...” Ele concordou, olhando para a porta do banheiro. Então, ao se voltar para ela, seu sorriso havia desaparecido e olhos intensos o encaravam.
“Quer vir comigo?” Ela sussurrou, enquanto seu coração pulsava forte.
“Eu pensei que você nunca iria perguntar.” Ele respondeu, puxando-a pela nuca e beijando-a com vigor...