Capítulo 130
1369palavras
2023-05-16 20:14
Reino de Aftermoon
Sandy York
Era noite em Aftermoon, e Sandy York, a estrangeira parente de Cateline e Lucinda, dormia profundamente em seu quarto, ela estava só em uma cama de casal, ainda vivendo junto a Lucinda e sua família.
A noite estava calma, mas alguma coisa perturbava o sono da grávida, sua barriga estava enorme, sua gestação tinha em torno de nove meses, o bebê preparava para nascer.
A mulher virava algumas vezes na cama desconfortável, ela se mexia inúmeras vezes, mas não acordava, ela parecia presa em seu sonho, Sandy tentava gritar algo, mas nada saia.
Após alguns minutos ela se levantava de repente, como se quase houvesse se afogado em seus sonhos, ela começava a respirar e recuperar o fôlego.
A mulher colocava a mão na cabeça tentando pensar em tudo que havia visto, era outro de seus sonhos, havia um tempo que ela não os tinha.
Um flash vem a sua mente, ela via um lobo… distante uivando tristemente, ele sofria por algo, uma dor imensa consumia o seu coração na mesma hora que ela lembrava da cena, e ela ouvia choro de um bebê, distante, se indo, sumindo com o vento que soprava forte junto a neve que caia.
— Cate….?
Quando Sandy tentava falar o nome de sua amiga, com quem trocava cartas sempre, uma dor enorme a perfurava, como se algo estivesse a atravessando.
A mulher dava um grito de dor, e então como instinto, ela puxava a coberta que lhe cobria, revelando a cama molhada, mas não era apenas isso, havia sangue ali, seu bebê iria nascer.
Ela tentava se acalmar e se lembrava do sonho novamente, ela sentia o seu coração doer só de pensar no que havia visto, era como se aquela solidão e dor do lobo estivesse dentro dela, era algo inexplicável.
As contrações voltavam e a mulher não suportava, ela começava a gritar de dor, ela precisava de ajuda.
— Josefa?....Dirce?...
Ela gritava espremendo a criança, suas memórias se esvaem com a dor, ela tentava agarrá-las para que não se perdessem em sua consciência, mas era difícil.
Dirce chegava correndo por conta do barulho, e ao abrir a porta se assustava com o estado da mulher ali, ela estava completamente descabelada e suada na cama, Dirce se aproximava para ajudar a mulher e percebia que o lençol estava completamente molhado e repleto de sangue, estava na hora da criança nascer.
— Dirce… por favor… avise a Lucinda…. a Cate…
Sandy quase gritava enquanto chorava, as contrações eram fortes, a mulher mal conseguia respirar, ela precisava avisar alguém sobre o que tinha visto no sonho, mas ela não conseguia.
— Senhora! Meu Deus! Se acalme, eu irei chamar as parteiras… por favor, fique calma…
Dirce entrava em desespero ao ver a mulher naquela situação.
Mas Sandy implorava, mesmo sentindo as dores, era algo difícil de descrever...
— Por favor….! Avise Lucinda…. sobre Cateline..
Ela gritava cada vez mais de dor, as lágrimas rolavam em seu rosto, a angústia a consumia, mas não era por conta do nascimento de seu filho, eram os sentimentos do lobo que ela havia visto ali, ele pedia ajuda.
— Acalme-se…Coitada, deve estar delirando por conta da dor…. aguente firme eu já volto com as toalhas..
Dirce dizia correndo para fora do quarto chamando todos, ela precisava de ajuda, Sandy não estava nada bem.
Lucinda acordava com os gritos, assim como Milenna e iam para ver o que acontecia, elas já suspeitavam que era o nascimento do filho de Sandy.
Elas corriam até o quarto da mulher, e já encontraram as parteiras ao seu redor, era um parto difícil, Sandy não conseguia se concentrar nas contrações.
— Vamos mulher! Força, o seu bebê precisa que você o empurre!
A parteira mais velha dizia aflita, fazia tempo que ela não via um parto, mas aquilo não era uma coisa de que conseguisse esquecer.
Sandy ainda estava agarrada às memórias, e ao ver Lucinda ela esticava seu braço, a chamando com a mão fazendo um gesto. A grávida estava suada, quase sem forças, tremendo de dor, mas queria avisar a ela antes que esquecesse...
Lucinda olhava para a sua mãe e ia até a mulher, a barriga de Lucinda já estava visível, ela já estava com cerca de cinco meses.
Ela se aproximava e quando estava ao lado de Sandy na cama, ela a puxava, ela precisava contar logo para ela, antes que se esquecesse.
Sandy sussurrava algumas coisas no ouvido de Lucinda, que dava um pulo para trás cobrindo a sua boca incrédula, ela não acreditava no que tinha acabado de ouvir.
Sandy se virava para a frente novamente, sem dizer mais nada, enquanto as lágrimas rolavam, ela voltava a gritar, dessa vez para seu bebê que estava nascendo.
Ela focava em seu bebê, suas pernas estavam abertas e as parteiras logo a frente, um lençol cobriam um pouco seu corpo, deixando somente as pernas expostas para o parto, ela segurava nas grades da cama e assim que a parteira pedia para que fizesse força, ela fazia, ela gritava de dor fazendo força, era uma dor intensa, ela achava que não iria suportar, ela sentia o bebê a rasgando por baixo, mais sangue sujava o lençol, estava pegajoso, cheiro de sangue estava forte, algumas criadas passavam panos sobre a testa da estrangeira limpando seu suor.
Ela sentia o bebê indo e voltando, ela não sabia se iria aguentar, fazia muita força e depois descansava, ela estava acabada e suas forças estavam diminuindo, ela fechava os olhos e as criadas continuavam a limpar o suor, elas tentavam a encorajar, lhe dar forças...
— Vamos, você consegue Sandy... Só mais um pouco.
A mulher fazia uma cara de choro, estava sendo difícil, mas ela iria ser forte, ela mordia os lábios e fazia força segurando na grade novamente...
Horas depois...
Depois de ter feito tanta força e sentido tanta dor, Sandy estava exausta, a mulher havia perdido muito sangue, faltava pouco para o bebê finalmente nascer, apenas um pouco mais, a parteira dizia para ela fazer mais força na próxima contração, ela se preparava para dar o melhor de si, seus olhos estavam quase fechados, ela só queria descansar por um momento, mas não podia... A hora chegava, ela sentia a contração se intensificando, ela rangia os dentes e urrava de dor fazendo toda a força que seu corpo lhe proporcionava, ela apertava forte as suas mãos nas grades, sentindo suas mãos arderem, Sandy gritava com toda a sua força, quase ficando sem sua voz, ela sentia algo arder intensamente em suas partes e sentia o bebê saindo por completo, a mulher chorava emocionada e relaxava a cabeça para trás, se sentindo exausta, ela estava péssima, toda suja de sangue, mas havia conseguido, seu bebê havia nascido.
Lucinda não entendia o que aquilo tudo significava, se era real o que Sandy havia a contado, mas ela precisava se certificar, a Lady havia saído assim que Sandy sussurrou em seu ouvido, ela nem mesmo ficou para ver o parto, ela tinha que ir até o seu marido o contar o que havia acontecido, era possível ouvir os gritos de força de Sandy ecoando por todo castelo.
Lucinda entrava correndo em seu quarto, e Joaquim estava sentado na cama, esfregando os olhos acordando.
Ela dava um pulo na cama e corria até o ouvido do marido para contar a ele.
— Você tem certeza?
Joaquim se virou assustado perguntando a sua amada, que assentiu várias vezes desesperada.
— Mas ela não está com oito meses?
O lorde perguntava confuso se levantando.
— Sim… mas eu estou com um pressentimento ruim…. precisamos ir ver o que está acontecendo..
Lucinda dizia com as sobrancelhas franzidas.
Joaquim suspirava profundamente, e começava a trocar suas roupas.
— Certo… diga a todos que iremos nos preparar para sair assim que o bebê nascer..
Lucinda assentiu concordando, ela saia descendo as escadas a baixo avisando a todos, Sandy gritava amargamente e Lucinda ficava preocupada, não demora muito e após um intenso grito se podia ouvir o choro do bebê, Joaquim e Lucinda sorriam um para o outro e se abraçaram emocionados, eles iam depressa até o quarto para ver como estava Sandy e seu bebê.