Reino de Aftermoon
— Tudo bem, acalme-se…
Zebeu falava para a mulher tentando acalmar, haviam muitas coisas acontecendo e o curandeiro estava confuso com todos aqueles detalhes.
Ele suspirava, e puxava uma cadeira para se sentar.
— Você está com quanto tempo?
Ele perguntava curioso, tinha muitas coisas que precisava saber sobre a mulher.
Sandy fica acanhada, sem saber se seria seguro contar ao velho, mas ela parecia não ter muita opção, já que havia chegado até ali, deveria prosseguir.
— Acredito que cerca de quatro meses…
A mulher dizia sem jeito.
— Eu não cheguei a contar a ninguém, apenas minha mãe e família sabem..
Ela continuava a falar, parecia triste ao se lembrar de seus familiares.
— Mas você chegou a tomar algum medicamento? Uma vitamina?
Zebeu tinha um pacto com a saúde, independente de quem e de onde fosse, ele vivia para ajudar os outros.
— Minha mãe… ela me deu algumas coisas para tomar, infelizmente eram caras demais, tivemos que parar de comprar..
Sandy parecia vir de um lugar bem humilde, Zebeu ainda não entendia o porquê dela se arriscar tanto, ela seria mesmo alguma parente de Lucinda e Cateline?
— Você se importa se eu a examinar? Preciso ter certeza que está grávida, não posso te levar até Lucinda sem antes confirmar..
A mulher permaneceu calada por um tempo, mas assentiu dando permissão, tirando o tecido que a cobria de cima de si.
Zebeu se aproximava com cuidado e delicadeza, a barriga já começava a crescer, mas ainda estava pequena, ele não conseguia confirmar apenas olhando, era preciso fazer o teste de costume.
Ele conversa um pouco com a mulher e faz algumas perguntas, precisava saber o máximo possível para ajudá-la.
Depois de conversar por um tempo, o velho percebeu que a mulher parecia falar a verdade, Sandy queria apenas conversar com Lucinda, e não apresentava ser hostil, seria perigoso para ela ficar em Springdale naquela situação, ainda mais agora com o reino se dividindo, haviam guardas e soldados andando pelas ruas e estradas de Aftermoon, barrando e revistando todos.
Ele não queria causar problemas a Ellen, deixando a mulher grávida ali, ele sabia que poderia confiar em sua velha amiga, mas agora as coisas estavam fora do controle, cada dia estava mais violento.
O velho suspirou cansado.
— Irei te levar para o Castelo Brown… você não veio em uma boa hora, a uma guerra quase acontecendo.. sei que Lucinda não irá achar ruim de lhe abrigar, mas temos que confirmar tudo que você falou mesmo depois de chegar lá.. ok?
Sandy ouvia e assentia a todo momento com um enorme sorriso no rosto, ela não acreditava que tudo estava correndo bem, assim como em seus sonhos, mesmo pensando que podia ser apenas coisas comuns, no fundo ela sabia que significava algo, ela precisava confiar em sua intuição.
Zebeu ajudava a mulher a se cobrir novamente, e a levava para a sua carroça.
Ellen estava cansada de todas aquelas guerras, seu filho que era apenas um garoto havia falecido em uma daquelas batalhas, junto a Frederico, pai de Cateline.
Os dois partem em direção ao castelo de Joaquim, Sandy estava animada para finalmente encontrar com Lucinda.
Eles viajam por algumas horas e conversam pelo caminho, Zebeu tinha muitas perguntas à mulher, a temperatura mudava rapidamente, nuvens cobriam o sol que brilhante em Springdale, e os ventos fortes faziam as grandes árvores balançarem.
Não demorou muito e o castelo estava logo em frente, eles finalmente chegaram.
Já era costume o curandeiro ir até lá diariamente, os guardas sempre abriam os portões sem o questionar.
— Espere na carroça, eu irei entrar primeiro e falar com ela..
Zebeu falava descendo primeiro, alguns dos criados achavam estranha a presença da mulher ali.
— Preciso falar com Lucinda… é algo importante..
Ele dizia andando em direção a Josefa que forçava os olhos tentando ver quem era naquela na carroça.
— Quem é a mulher?
A senhora perguntava e se apoiava na vassoura que usava para varrer o pátio.
— Bem… e sobre isso que preciso falar com a Lady..
Eles entram primeiro no castelo, e Sandy ficava na carroça, admirada com a beleza do local, os olhares dos serviçais a deixava um pouco envergonhada, mas ela tentava ignorar.
Depois de alguns minutos, a chuva começava a cair, dava para sentir a leve garoa que vinha sendo trazida pelo vento, o céu estava escuro.
Lucinda apontava na porta junto a Zebeu, e ao Sandy ver a mulher, de alguma forma ela sabia que estava certa, ela estava no lugar certo.
Sandy desceu da carroça e andou até os dois, que conversavam olhando para ela, o curandeiro contava tudo a Lady.
— Olá… você deve ser Lucinda, certo?
Sandy perguntava animada, sem nem mesmo antes de se apresentar, ela estava energizada por ter finalmente chegado no lugar certo.
— Sim.. e você deve ser a Sandy…
Lucinda falava olhando para o corpo coberto da mulher, provavelmente Zebeu já havia falado sobre a gravidez, a Lady parecia curiosa.
À primeira vista, o curandeiro não percebeu muita semelhança entre as duas, mas nos detalhes, havia algo mais, algo que ele não conseguia explicar.
— Zebeu me contou tudo… vamos entrar antes que a chuva comece… você deve estar cansada depois de vir de tão longe..
Lucinda estava mais séria que o normal, a lady recebia cartas de ameaças diariamente de seu cunhado e seus aliados, pedindo para que ela se entregasse, parecia que toda alegria que havia ali, tinha sido sugada por tais monstros.
Sandy entrava, e logo percebe que havia uma criança ali, Martin.. fazia anos que ela não via uma, Milenna estava junto a ele, limpando e organizando alguns vasos de flores que decoravam o local.
A mulher olhou sem falar nada, seguindo Lucinda e Zebeu, até a sala onde faziam suas refeições.
— Josefa, por favor traga algo para nos esquentarmos, está frio e parece que logo uma tempestade irá cair..
A Lady pedia com carinho, colocando a mão no ombro da senhora, que a respondia com um sorriso, indo até a cozinha.
Todos se sentam, e ficam apenas os três ali.
— Zebeu me informou que você está grávida… que veio além do grande mar para se encontrar comigo..
Lucinda falava olhando séria para a mulher, que prestava atenção em suas palavras, a lady sabia que Zebeu nunca mentiria sobre tais coisas, mas ela precisava confirmar pessoalmente.
— Ele me disse também que você falou algo sobre ser parente minha..
Sandy assentiu com a cabeça.
— Olha… é complicado explicar… minha mãe sempre contava uma história.. sobre sua tia, uma bela mulher que veio a Aftermoon fugindo das guerras, e acabou desaparecendo depois de alguns anos, tudo que ela tinha eram cartas trocadas por elas..
Lucinda ouvia cada detalhe, e questionava.
— E porque você acha que eu sou descendente dessa tal mulher?
A lady estava séria, ela tinha problemas demais para resolver e pensar, e agora havia aparecido mais isso.
Sandy pegava na mão de Lucinda, e olhava dentro de seus olhos.
— Eu sei! Tenho certeza disso…
A mulher falava com a mão sobre a de Lucinda, que ficava confusa, como ela poderia saber de tais coisas, seria impossível.
A Lady suspirava, sendo verdade ou não, ela não podia simplesmente mandar a mulher embora dali, não naquela situação, era perigoso demais para ela e o suposto bebê.
— Por hora, permaneça aqui.. Zebeu irá fazer alguns testes em você para termos certezas do que você fala…. ele me contou que na antiguidade existia um exame que foi quase esquecido, os antigos imperadores usavam para saber se seus filhos não eram bastardos, vai demorar um pouco para ele conseguir todos ingredientes, mas iremos aguardar para confirmar.
Os olhos de Sandy brilhavam, tudo corria perfeitamente como em seu sonho, agora ela só precisava encontrar o restante de seus familiares.
Lucinda deixa a mulher com Zebeu e vai à sala de seu marido lhe contar tudo, ela também queria saber se as cartas que eram mandadas para Cateline ainda estavam sendo interceptadas por Helton, ela queria falar com sua irmã, mas o reino inteiro estava sendo controlado e vigiado pelo homem.
Lucinda rezava para que os boatos houvessem chegado até ela, e que uma hora ou outra, Cateline conseguisse entrar em contato, já que para ela, estava sendo praticamente impossível.