Aftermoon
A desconhecida
Na manhã seguinte
A mulher que havia pegado carona no navio de Yohan, estava perdida, vagando pela estrada, ela despistou os homens com quem viajou e saiu sozinha no meio da noite, em busca de seu destino.
O sol já nascia e a mulher estava faminta, fazia algumas horas que não comia nada, graças às várias voltas de tecido em seu corpo que a escondia, ela não passou frio a noite, e pode andar tranquilamente.
Ela andou por horas, seguindo a estrada, chegando até o povoado de Springdale, que não era tão longe da praia onde desembarcaram, mas como era noite e a mulher estava a pé foram precisas algumas horas de caminhada para chegar até ali.
Depois de todo aquele tempo caminhando, ela já mancava.
Tudo que ela sabia era que precisa ir a um castelo, só não sabia qual, ela suspirava profundamente e continuava a andar, ela passava por algumas casas e lojas, e decidia continuar, de longe ela via um enorme castelo.
Ela andava sem hesitar, mesmo com os olhares dos moradores ali a julgando por conta de suas vestimentas, eles não sabiam o que ela escondia, era para seu próprio bem.
Ao estar próxima do castelo, a mulher não aguentava a fome, ela sentia que iria desmaiar a qualquer momento, por sorte ela vê uma estalagem perto.
A mulher andava até lá desconfiada, ela não podia abaixar a guarda, infelizmente ela não tinha dinheiro consigo, e mesmo se tivesse, ele não seria aceito ali.
Ela entrava devagar e se sentava em uma das mesas próxima a porta, ela não queria, mas teria que comer e fugir, era a única forma, ela pensou em pedir por comida, mas estava desesperançosa, ela já havia passado por muitas humilhações até chegar ali, e não queria mais passar por tais coisas.
Depois de um tempo aguardando, finalmente uma senhora veio lhe atender, antes que a velha chegasse, a mulher sentia algo estranho, como se estivesse no caminho certo.
— Olá, o meu nome é Ellen, gostaria de algo?
A senhora parecia simpática, a mulher começava a se sentir mal por ter que roubá-la, mas sua fome era muita, ela precisava se alimentar.
— Olá, me dê a maior porção que você tem, por favor…
A mulher falava baixo tentando abafar sua voz, ela não queria que a velha a procurasse depois, parte de seu rosto estava coberto pelo tecido, assim a senhora Ellen não a reconheceria caso a visse novamente.
— Certo… eu já irei trazer…
Ellen fica alerta, a velha percebe que a mulher tentava se esconder, ela já tinha experiência com tais pessoas espertinhas que gostavam de comer de graça.
— Qual o seu nome?
A dona da estalagem perguntava antes de sair.
— Me chamo Sully.
A mulher mentiu seu nome, tudo que ela queria era comer um pouco.
Não demora muito, e logo Ellen aparecia com uma travessa repleta de legumes e frango assado, ela sabia que a mulher iria tentar fugir uma hora ou outra, mas estaria atenta para tal momento.
A senhora saia de perto da mesa e permanecia próxima, observando.
A jovem que na realidade se chamava Sandy, comia rápido, parecia não comer a muito tempo, Ellen chegava a sentir um pouco de pena, com certeza a mulher estava passando por problemas para agir daquela forma.
Ela demorava apenas alguns minutos, ao terminar ela olhava ao redor, ao ver que a dona da estalagem não estava ali, ela se levantava indo em direção a porta.
Ellen, que já havia previsto seus movimentos, aparecia repentinamente enquanto a mulher saia, puxando parte do tecido que cobria o corpo de Sandy.
A mulher se assustava e caia ao chão, ela parecia sentir muita dor, de relance, antes de Sandy puxar o tecido de volta para si, Ellen via algo que a deixava surpresa.
No mesmo instante ela pegava a mulher pelo braço a ajudando a se levantar.
— Me solte! Eu irei pagar! Eu juro! Me deixe ir!
A mulher dizia se debatendo tentando se soltar de Ellen.
— Shiiii, fique quieta! Não irei chamar ninguém… acalme-se… venha para dentro! Preciso que me explique o que é isso embaixo do tecido..
Ellen falava baixo, tentando não chamar muita atenção, graças a Deus havia pouca movimentação naquele momento.
Sandy fica indecisa, se seguia ou não a senhora, ela pensava por alguns segundos, e ao ver que não tinha muitas opções ela decide segui-la.
Ellen a levava para a cozinha, levando uma das cadeiras para que ela se sentasse.
— E então… vai me explicar o que está acontecendo?
A senhora perguntava se aproximando da mulher que se sentia um pouco amedrontada, ela sabia que não podia falar com qualquer um sobre tal assunto, mas ela sentia que estava indo para o caminho certo, algo dizia para ela apenas seguir os acontecimentos. A mulher se sentava e fazia uma careta, ela não havia se machucado ao ter caído, isso era bom. Ela dizia a dona da estalagem.
— Eu preciso encontrar com a mulher que está grávida… ouvi dizer que ela é uma lady, eu vim de Oblivya, para vê-la, é muito importante, preciso falar urgentemente com ela.
— Você precisa falar com a Lucinda? Mas, por quê?
Ellen perguntava séria, tudo aquilo estava cada vez mais estranho, o que realmente estava acontecendo?
Sandy se levantava ao ouvir o nome de Lucinda, e pegava nos braços de Ellen, a implorando.
— Você a conhece? Por favor, me leve até ela é importante.. você a viu, não é?
A mulher puxava o tecido que lhe cobria mostrando seu corpo, se revelando grávida, sua barriga já estava tomando forma.
— Se cubra imediatamente, ninguém pode vê-la! As pessoas aqui são loucas! Você não sabe o que eles seriam capazes de fazer para ter essa criança dentro de você!
Ellen pegava o tecido e cobria a mulher rapidamente, ela olhava ao redor para ver se ninguém havia visto.
— Céus! O que está acontecendo??
A senhora falava colocando a mão em sua testa, ela estava em choque, o que estava acontecendo com o mundo, será que ele havia voltado ao normal? Por que aquela mulher queria encontrar com a Lady Lucinda?
— Irei chamar o curandeiro daqui… Ele saberá te ajudar… por enquanto coma e beba um pouco, você está muito fraca, parece estar com dor também...
Ellen já não sabia mais o que fazer, tudo parecia estar saindo do controle, agora havia mais uma mulher grávida em Aftermoon, teria um motivo para tal coisa estar acontecendo apenas ali?
Ellen pedia para um de seus vizinhos chamarem Zebeu, ela rezava para que ele estivesse no templo, geralmente ele passava grande parte do dia no castelo de Lucinda, com as ameaças de Helton Brown, o reino havia se repartido, e com medo de que algo acontecesse com a jovem, o curandeiro ficava de guarda, preparado pra fugir com a garota em qualquer sinal de perigo.
Enquanto esperavam, Sandy comia tudo que via pela frente, sua fome parecia não ter fim.
Se passavam quase uma hora e uma carroça para em frente da estalagem, Ellen corria para fora, era Zebeu, ele desce e vê o rosto da velha amiga pálido, ele percebia que se tratava de coisa séria.
— Entre! Preciso lhe mostrar uma coisa..
Ela entrou na frente, por conta do acontecido Ellen havia fechado a estalagem mais cedo, apenas a garota estava ali com ela.
Zebeu entrava e logo fechava a porta, ele via a mulher coberta por tecidos, sem entender ele questiona o porquê de Ellen ter o chamado tão repentinamente.
— O que houve?
Ele perguntava olhando para sua amiga, que andava até a mulher, puxando o tecido que a cobria.
Zebeu ficava surpreso ao ver que ela estava grávida, seria um milagre conjunto? As coisas estavam voltando ao normal? O que estava acontecendo ali??
O curandeiro olhava para a mulher que permanecia séria, até que ela vai direto ao ponto.
— Eu preciso ir até a lady grávida ... eu preciso falar com ela!
Zebeu olhava para Ellen, pareciam conversar através da mente, se entendendo apenas com o olhar.
— O que você quer com Lucinda? Alguém te mandou?
Zebeu perguntou sério, ele tinha que tomar cuidado antes de falar qualquer coisa sobre Lucinda, ele havia prometido protegê-la.
— Você não iria entender, é complicado, mas eu sou da família de Lucinda… Arlene York era a minha tia, ela veio para Aftermoon quando era jovem, e depois desapareceu, se Lucinda está grávida, só pode significar que ela é minha parente! Eu preciso falar com ela! Por favor, é muito importante.
Zebeu ficou confuso sem entender o que a mulher falava, será que era seguro levá-la até Lucinda? Ele temia levá-la, se Helton atacasse o castelo, seriam duas grávidas para Zebeu proteger e ajudar a fugir, ainda havia Cateline, que ele não tinha notícias a um tempo, o curandeiro estava ficando sobrecarregado e não sabia mais o que fazer. Antes de tomar qualquer decisão, ele iria fazer o teste na mulher grávida para ter certeza, e depois iria até Lucinda, para resolver a questão.