Capítulo 103
1502palavras
2023-04-29 00:05
Comerciante Yohan
Além do grande mar do Reino de Oblivya.
Haviam se passado alguns dias desde o grande anúncio do reino de Aftermoon, muitos ainda não acreditavam que uma mulher havia ficado grávida, ainda mais uma Lady, para os estrangeiros não passava de uma jogada da nobreza para conquistar atenção e riqueza.
Cartazes e pergaminhos cobriam várias paredes e postes nas ruas, todos falavam apenas disso.
Yohan estava a trabalho, fazendo mais uma de suas entregas.
Após atracar o seu navio no porto de Oblivya, ele pedia para que os seus marujos retirassem as mercadorias para deixarem prontas para a entrega, o homem já percebia a movimentação estranha assim que saia de sua cabine, ao olhar para baixo ele via a quantidade de pessoas com papéis na mão.
Curioso, ele decidiu descer até o local e ver do que se tratava.
— Você acha que é verdade? Talvez as coisas estejam voltando ao normal finalmente… já imaginou? seria tão bom ter um filho…
Uma mulher falava esperançosa com a outra, segurando firme o papel em suas mãos, Yohan adorava ouvir fofocas e conversas alheias, aquilo estava sendo maravilhoso para ele.
O homem se aproximava de um cartaz colado à parede e lia atentamente.
No papel dizia que uma das noras do Lorde Sírio, havia ficado grávida, uma nova era começaria, trazendo força e prosperidade a todos seus aliados.
O comerciante coçava sua barriga enquanto lia, ele estava em dúvida se aquilo era realmente verdade, ele tentava não dar muita atenção mesmo com toda aquela algazarra a seu redor.
Yohan decidia visitar um de seus conhecidos na cidade, Osmar, fazia tempo que ele não retornava ao local e queria saber como andavam as coisas, ele subia pela rua desviando da multidão que fazia festa, dançando e bebendo por todos os lados.
Não demorava muito e logo ele chegava, era um local chique, um tipo de mercado exotico.
Ao entrar pela porta, logo seu amigo o via o recebendo com um grandioso sorriso em seu rosto.
— Meu amigo! Quanto tempo!
Falava Osmar indo até ele, dando um abraço.
Yohan olha ao redor e a loja estava lotada, repleta de estrangeiros e visitantes que gastavam seu dinheiro sem pensar.
— Bem movimentado, não?
Yohan perguntava prestando atenção em tudo, ele era um homem muito atencioso.
— Sim! Nos últimos dias, o povo tem ido à loucura com todas essas informações vindas de fora..
Dizia o dono da loja contente.
— Você falar sobre a gravida em reino vizinho?
Yohan perguntava, enquanto examinava algumas embalagens que estavam no balcão.
— Sim.. tambem.. e mais alguns detalhes..
Osmar dizia com um sorriso no rosto, ele sabia que Yohan adorava fofocas, sem falar que ele tinha um serviço importante para seu amigo.
— A mais coisa?
Yohan vira curioso com seus olhos alertas.
— Sim… muitos não sabem, mas o reino de Aftermoon se dividiu ao meio, parece que houve uma briga feia entre os herdeiros de Lorde Sírio, agora eles usam a grávida para abafar o caso… pelo menos é o que ouvi de alguns informantes de lá..
Yohan cobria a boca pasmo enquanto ouvia, ele sempre parava em Springdale, cidade em Aftermoon onde ficava o castelo do tal Lorde, ele não acreditava que aquela bagunça acontecia.
— E a propósito… recebemos um pedido… sabe, daqueles que não gostamos de anotar detalhes.. talvez você queira ganhar um pouco de dinheiro extra.. o que me diz?
Osmar falava para seu amigo, e franzia as sobrancelhas indecisas.
— Depender valor…
Yohan fica tentado, não só pelo dinheiro, mas também porque queria ver pessoalmente o que acontecia em Aftermoon, ele acaba aceitando o trabalho e não questiona, geralmente era assim que esses serviços funcionavam.
— Bem, o pagamento é bom.. você recebe metade agora e outra metade após chegar no destino, você sabe como funciona…
Seu amigo diz, pegando um pedaço de papel, ele anota algo e entra a Yohan.
— Você irá levar alguns "reforços" para o porto de Springdale, parece que um dos filhos do lorde andou contratando alguns mercenários daqui… o negócio irá ficar sério em breve, sugiro que saia de lá assim que eles desembarcarem, não vai querer se envolver demais..
Osmar dizia serio, ele se preocupava com seu amigo, Yohan por outro lado, adorava ver tudo de perto, ele estava animado para ir logo até o local.
Yohan olhava o papel, havia apenas um endereço escrito, ele sai da loja agradecendo seu amigo, e ia até o local indicado no papel.
Já era quase noite, e no local havia um galpão enorme, parecia abandonado, Yohan batia a porta, e ninguém dizia nada, após forçar um pouco o homem percebia que estava trancado.
Depois de algumas tentativas frustradas de abrir a enorme porta, alguém falava algo do lado de dentro.
— Quem é?
Uma voz forte e rouca é ouvida, e Yohan dava um pulo assustado.
— Osmar me mandou, eu sou a carona…
Ele falava, e após alguns segundos de silêncio a porta se abria, um enorme homem moreno de cabeça raspada a abre, ele tinha machados e facas presas a seu corpo, os olhos de Yohan brilhavam ao ver o homem, ele gostava de corpos definidos.
— Já era hora de alguém vir, estamos esperando desde ontem!
O homem falava sério com Yohan que ignorava o tom bruto.
— Bem… eu chegar! resolver seu problema…
Yohan olhava sem piscar, estressando o homem forte que achava os olhares estranhos.
— Precisamos partir o quanto antes! ou o pagamento será adiado.
Dizia o mercenário, e Yohan assentiu, respondendo prontamente.
— Eu pronto para ir qualquer hora…
Ele dizia ajeitando sua roupa, mostrando disposição.
— Certo.. iremos ao escurecer.. é bom caber todos no seu navio.
O homem careca falava bravo, ele parecia não ter muita paciência.
Se passam algumas horas e já é quase madrugada, todos vão para o cais embarcar no navio, eles entram rapidamente, evitando serem vistos.
Yohan prestava atenção ao redor, ele não queria contratempos, independente do serviço o homem sempre compria corretamente.
Depois de todos entrarem no navio, ele começa a subir a enorme prancha que era usada para todos embarcarem.
Enquanto seus marujos faziam força para subir, uma pessoa aparece correndo, desesperada.
— Senhor… por favor… me deixe ir..
Era uma voz feminina, mas não dava para ver nada, a pessoa a sua frente estava coberta por panos enrolados em seu corpo.
— Eu não fazer boa ação, sem dinheiro, sem viagem.
Yohan falava à suposta mulher, e mandava seus empregados continuarem a subir a prancha.
— Por favor.. eu preciso ir para Aftermoon.. é importante! Eu lhe pago! Eu limpo, cozinho, faço o que for necessário!
A mulher gritava desesperada, colocando a mão na prancha, a forçando para o lado contrário.
— Nós precisamos ir rápido, temos prazo a cumprir!
O mercenário moreno grita a Yohan, que começa a perder a paciência com a mulher, gritando com ela.
— Que droga! entre rápido, maldita!
Antes mesmo de terminar a frase a mulher se espremia pela fresta para entrar, caindo no chão logo que entra.
— Obrigada… muito obrigada!
Ela agradecia incessavelmente.
— Voce.. trabalhar!
Yohan, aponta para um esfregão, e a mulher se levantava com certa dificuldade, parecia sentir muitas dores, ele não conseguia ver nada com toda aquela quantidade de tecido, ele não insistia em perguntar nada, se ela se escondia era porque tinha seus motivos, talvez fosse alguma escrava ou fugitiva, ele não se importava, portanto que ela pagasse, ele a levaria para qualquer lugar.
Iria demorar cerca de três a quatro dias para eles chegarem ao destino, Yohan andava sempre com muita alimentação por conta de suas vendas e viagens longas em alto mar, por isso ele sempre era a melhor opção para esses trabalhos às escondidas.
Durante esses quatro dias, muitos dos mercenários passaram mal, alguns não se deram bem com o navio e nunca haviam saído de seu reino natal, até mesmo a mulher, vomitava sem parar, porém ela era forte e trabalhava bem, mesmo com dificuldades ela se levantava e limpava tudo de forma prestativa.
Para muitos a viagem foi um verdadeiro inferno, mas o importante era chegar o mais rápido possível ao destino.
Quando chegaram em Springdale, o navio se ancorou longe do porto movimentado, os mercenários iriam descer de forma discreta, através de botes de madeira que ficavam presos na lateral do navio de Yohan.
Foi tudo muito rápido, foram precisas algumas voltas dos botes para tirar todos ali, mas em questão de minutos, todos já haviam partido, até mesmo a mulher, ela não falou nada, nem mesmo se despediu e agradeceu, ela parecia esconder algo, mas como havia trabalhado corretamente no navio, Yohan não a questionou e a deixou ir em paz.
O homem moreno e forte foi o último a sair, ele entrega a Yohan um saco pesado de moedas, fazendo um largo sorriso brotar no rosto do comerciante.
Eles se despedem e então o mercenário se vai, sumindo na escuridão da noite entre o som das ondas calmas.