Capítulo 60
1053palavras
2023-04-03 19:48
Templo santo de Springdale
Curandeiro Zebeu
Já estava claro do lado de fora e Cateline havia conseguido recobrar um pouco de sua consciência, mesmo que fosse apenas para perguntar sobre a criança que carregava.
— Filha.. está tudo bem… você pode relaxar agora… tente descansar..
Milenna tenta a todo momento acalmar sua filha, Zebeu não sabia o porquê, mas mesmo a alta quantidade de medicamento dada a ela, não havia sido o suficiente para tirar todos seus sintomas.
Ele não podia dar mais nada a ela, teria que aguardar algumas horas para isso.
Cateline permanecia inquieta na cama, sua mãe se senta a seu lado e acaricia seus cabelos, tentando fazê-la dormir, mas a garota continuava a falar sobre seu filho.
A cada momento, mais e mais pessoas se aproximavam do lado de fora do quarto, tentando ouvir o que acontecia no seu interior, as frases da jovem Cateline os deixava curiosos, o que era aquilo que ela tanto repetia? Um filho?
Zebeu percebe a movimentação do lado de fora, e fica preocupado, eles não podiam ficar ali, era perigoso demais, aquele segredo deveria ser guardado a todo custo.
— Milenna, nós temos que tirar Cateline daqui….
Ele fala, se aproximando da porta vagarosamente, ouvindo os sussurros do lado de fora, e a mãe da jovem entende na mesma hora.
— O que faremos então, Zebeu?
Milenna se levanta, ficando de prontidão, esperando Zebeu dizer qual seria o próximo passo.
— Precisamos sair daqui… não sei por quanto tempo o efeito do medicamento irá durar, vá preparar a carroça, eu irei reunir o máximo de livros e ervas para levarmos…
A mãe de Cateline sai do quarto sem pensar duas vezes, indo organizar o meio de transporte, Zebeu junta várias ervas e papéis, colocando tudo em uma grande bolsa.
— Martin, eu preciso que me ajude, pegue alguns desses frascos e guarde para mim, você consegue carregar até a carroça?
O garoto assentiu com a cabeça sem falar nada, e logo começou a ajudar o velho curandeiro.
Zebeu anda até a cama, onde Cateline revirava de um lado para o outro, ela estava consciente, mas o seu corpo ainda doía, ela não havia se recuperado cem por cento, Zebeu não sabia o que estava acontecendo com a mulher ali.
— Cateline? consegue andar?
O curandeiro, tenta ajudá-la a se levantar, pois estava difícil para a jovem, ela consegue se apoiar ao braço do curandeiro, forçando um sorriso para ele, Cate suava, ela se sentia fraca e com dor, mal conseguia ficar com os olhos abertos por muito tempo.
Martin logo a seguir, abre a porta e então o velho curandeiro anda com Cateline apoiada em seu corpo, todos que estavam ali fora ficavam bisbilhotando, eles começam a disfarçar ao ver Zebeu, eles olhavam para a moça que havia chegado de madrugada, e começavam a fazer perguntas.
— O que houve com ela? ela parecia muito ruim quando chegou..
Os sacerdotes os acompanhavam enquanto enchiam Zebeu de perguntas, aquilo já estava o irritando.
— Vocês estão atrapalhando, preciso levar a jovem de volta…
O curandeiro diz ignorando todos ao seu redor, tudo que ele queria era sair logo dali junto a família Forth. Ele não queria que ninguém soubesse da gravidez de Cateline.
Eles andam um pouco, Milenna já os aguardava na porta com a carroça, Martin foi o primeiro a subir, entregando os frascos que carregava a sua mãe.
Logo, ela desce e ajuda Zebeu a deitar Cateline no fundo da carroça, que ela havia forrado antecipadamente.
Ele coloca sua enorme bolsa perto, e logo sobe, deixando vários de seus companheiros do templo curiosos, muitos deles cochichavam e fofocavam, mesmo pregando o contrário nas missas e reuniões nas praças.
Eram apenas humanos normais, hipócritas, aquilo deixava Zebeu irado.
A família Forth e Zebeu partem, tentando manter um ritmo seguro para a jovem, que ainda estava se sentindo mal, o curandeiro sabia que ela precisava de repouso e descanso, algo que ela teria apenas em sua casa.
Pelo caminho ele olha alguns livros que havia colocado na bolsa, com esperanças de achar algo que pudesse ajudar a moça.
— Muito obrigada… e me desculpe por antes..
Milenna fala cabisbaixa, ela sabia que não deveria ter entrado na frente de Zebeu daquela forma anteriormente, o impedindo de ajudar sua filha, mas ele entendia o medo dela, era natural temer perder alguém que se ama.
— Não precisa dessas formalidades.. você sabe que é o meu dever ajudar a todos, eu escolhi isso… não se desculpe, eu te entendo..
Ele fala ainda folheando as páginas, sem fazer contato visual com ela.
— O mais importante agora é a saúde de Cateline e do bebê… tenho algumas dúvidas que não fazem sentido… como essa jovem tão fraca… está suportando segurar a gravidez, a essa altura, depois de tudo que ela passou.. a criança deveria ter falecido… tenho me perguntado como ainda o bebê está vivo em seu ventre...
Zebeu fala olhando para a jovem, que estava deitada pálida, em sua mente ele tinha várias teorias, de como aquilo poderia estar acontecendo, mas nenhuma delas tinha lógica alguma.
Sera que o bebê no ventre da moça, estava ajudando a mãe? A ajudando a permanecer viva? Ou talvez fosse o contrário.. e se a criança estivesse sugando tudo que a mãe tinha.. mas assim a mãe já deveria ter morrido…para ele nada fazia sentindo, a única certeza que ele tinha era que algo anormal acontecia ali, e ele precisava descobrir, o mais rápido possível para ajudar a moça.
Eles andam de carroça por um tempo, e após algumas horas finalmente chegam à fazenda, eles descem a jovem rapidamente, levando para dentro de casa, a colocando em sua cama, ali ela ficaria mais à vontade, aquilo ajudaria em sua recuperação.
Zebeu improvisa uma mesa para diluição de medicamentos no quarto da jovem, ele queria permanecer a seu lado para acompanhar tudo.
Ele sabia que a qualquer momento o efeito do medicamento iria passar, e ele precisava estar preparado para o que viria, o curandeiro não sabia se Cateline suportaria tomar o medicamento mais uma vez, sem que fosse afetada.
No momento, tudo que ele fazia era orar por um milagre, para que algo pudesse salvar a jovem e a criança, ele já havia feito tudo que estava ao seu alcance.