Capítulo 59
2445palavras
2023-04-03 19:47
Tribo Fire...
Reino de Wisdy
Já em casa, Félix vai para o jardim treinar com seus amigos, ele havia pegado sua espada e estava esperando sua vez, logo seria sua vez de começar a lutar e mostrar suas habilidades a todos, do outro lado do gramado, seus amigos haviam se transformado em lobos enormes e peludos... o tamanho deles transformados eram de feras enormes, a estatura variava, mas quase sempre era em torno de 2 metros de altura, eles eram fortes e repletos por uma densa pelagem, não eram como nos livros e histórias infantis, os lobos da tribo Fire eram ferozes e não amigáveis, antigamente eles matavam qualquer humanos que vissem a sua frente, porém, nos tempos atuais, Diego o Alfa, evitava qualquer contato com os humanos, ele não queria que sua tribo continuasse a atacar os humanos como antigamente ou visse e versa, aquilo havia lhe trazido muitas consequências ruins, uma delas foi a morte de sua esposa, Diego queria paz, mas isso estava longe de ser verdade, pois, o reino de Aftermoon queria guerra, mesmo eles assinando um acordo de paz, o reino de Aftermoon queria acabar com os lobos ali, e isso dificultava muito a convivencia entre todos, se um não cedesse, a paz não viria...
Félix ficava olhando seus amigos lutarem um contra o outro, usando suas garras e dentes enormes, qualquer humano que lutasse contra um lobo Fire transformado morreria em segundos... Os lobos eram muito fortes e quase indestrutíveis, havia somente uma fraqueza, a pedra Ônix, e os humanos sabiam disso, usada da forma correta, a pedra podia enfraquecer os lobos e até mesmo envenená los, ela cortava e interrompia a magia que circulava no corpo dos seres mágicos, e aquilo os torturava e os matava lentamente.
Os rosnados dos lobos eram altos por cada canto, Félix ria contente, aquilo era demais, ver todos lutando, mostrando suas habilidades, logo seria sua vez, ele precisava se esforçar mais para estar preparado para o que podia estar por vir a seguir, ele sabia, que os tempos iriam ficar difíceis, e talvez uma guerra ocorresse.
Assim que alguns dos lobos param de lutar, eles correm para o lado contrário um do outro e se transformam novamente em forma humana, a transformação era dolorosa, toda vez que mudavam suas aparências era como se nascessem de novo, a dor era insuportável, eles retornavam na forma humana nus, como vieram ao mundo, com o tempo e treinamento desde suas infâncias eles iam se acostumando com aquela dor, mesmo sendo terrível, eles aprendiam que fazia parte de seu ser, de quem eles eram.
A pelagem some dando lugar a pele humana, suas garras dão lugar às mãos, e assim acontece com o resto do corpo, era tudo muito cansativo, mas mesmo assim eles se levantavam da neve sorrindo, gratos por serem fortes lobos.
Felix sorri para seus amigos, que andavam ofegantes após treinar, eles estavam sem roupas, e logo pegam algumas das mantas que ficavam próximas ao local do treino, como a nudez era comum após a transformação, ninguém se importava e muitas das vezes apenas faziam piadas.
Enquanto Félix se aproximava, já tirando seu casaco para poder começar a treinar, alguém chama por seu nome, ao se virar, ele vê que era um dos subordinados de seu pai.
— Félix..seu pai está lhe chamando.
Ele abaixa as sobrancelhas pensando o que poderia ser, dizendo a seus amigos que logo voltaria.
— Me aguardem… vamos lutar corpo a corpo e transformados....
Ele dá as costas aos amigos e segue até a suíte de seu pai.
Ao entrar no quarto, seu pai está sentado no sofá com o rosto fechado, ele chama seu filho com a mão, e então o filho senta do lado, curioso em saber o que seu pai queria lhe dizer.
— Então? o que você quer me dizer? Pela sua cara... parece ser algo sério, eu presumo.
O pai concorda, dizendo ao seu filho...
— Sim… recebemos um convite nada agradável da tribo Ice, se lembra deles? Querem uma reunião conosco, eles disseram que querem se aliar conosco contra o reino Aftermoon, e sabemos muito bem quem eles são …estão planejando algo, eles não são nossos amigos, eles pensam que somos idiotas, meu filho... eu estou sentindo que algo vai acontecer, algo grave, por isso, agora que se casou por contrato com aquela humana, quero que a traga aqui…vá buscá-la…. não quero que ela fique mais lá, o lugar dela é aqui agora, ela será uma Fire e sua esposa, mesmo que somente no papel.. A criança que ela carrega pertence a nós agora, temos que ter cuidado.. temo que a tribo Ice esteja investigando o reino humano, eles não podem descobrir sobre ela e nem o bebê..
Ele diz com raiva no olhar, Félix sentia seu pai sério e decidido, mas ele não podia simplesmente ir correndo e buscar a mulher sem ao menos avisar.
— Eu fiquei de avisá-la enviando uma carta, não posso ir e chegar derrepente a obrigando vir comigo..
Diego interrompe o filho, dizendo com a voz firme e alta, ele quase gritava.
— Não vou falar novamente! vá preparar a carroça e busque a mulher, ande logo!
Ele olha para o filho com raiva nos olhos, Félix assente olhando para o pai com os olhos sérios, ele não podia desobedecer o Alfa, haviam coisas que apenas os Alfas sentiam, eles tinham um forte desejo de proteção sobre sua alcateia, era impulsivo, algo que os Alfas não controlavam, muitas das vezes as formas como Diego falava o fazia parecer grosso, mas era inconsciente, a alcateia era tudo para um Alfa e eles faziam de tudo para protegê la.
Ele se levanta e diz ao seu pai.
— Ok.. já vou.
Ele dá as costas e vai estressado até a porta, saindo dali..
Diego respira fundo vendo seu filho sair e então volta a pensar consigo mesmo, havia um pensamento que não saia de sua cabeça a algumas horas, algo sobre a humana.
Ele tinha medo de que algo acontecesse com a mulher e seu neto, ele estava sentindo um mal pressentimento, e se ela estivesse em perigo? Os Alfas tinham um elo forte com todos da alcateia, sabendo que a humana estava grávida de seu filho, e pensando tanto nela só o deixava mais preocupado, ele sabia que algo acontecia, ele temia que a tribo Ice estivesse já vigiando a moça, ou planejando algo contra ela.
Ele não podia deixar isso acontecer, mesmo que ele não concordasse com aquela relação, ela estava grávida, e o bebê seria seu neto, ele teria que proteger a criança, era o futuro Alfa depois de Félix.. ele não podia deixar nada acontecer com aquela mulher, seu filho havia dito que iria protege la, então, Diego também deveria, pelo juramento que seu filho fez a ela, e também, por seu neto que estava no ventre dela...
Diego não deixaria nada acontecer, se ele estava sentindo essas sensações, ele iria evitar que algo de ruim acontecesse, o Alfa sabia que seu filho iria tentar chegar o mais rápido possível.
Félix resolve não ir de carroça, ele iria demorar demais, ele iria usar seu lado animal para chegar lá o quanto antes, ele pede para um amigo seu avisar seu pai, ele faria a viagem transformado, correndo pelas matas, onde ninguém poderia o notar, a velocidade da corrida enquanto transformados era surreal, no retorno, Félix iria arranjar alguma carroça, ele não iria contar a Cateline a verdade ainda, sobre sua identidade, ele queria que ela visse com seus próprios olhos primeiro seu reino e família, por isso, fingiria ser apenas um humano comum até a hora certa.
Félix segue pelo castelo passando por seu amigo depressa, e seguia até o jardim, olhando para todos, eles perguntavam para onde ele estava indo, e ele somente respondeu.
— Cumprir uma ordem do alfa.
Ele não diz mais nada aos amigos, já na floresta próximo ao castelo, ele se transforma em quatro patas, era doloroso, mas nada insuportável, ele já estava acostumado com tais coisas, ele solta alguns gemidos de dor e ao terminar, ele uiva alto para todos saberem que ele estava partindo.
Félix corre depressa entre a mata sentindo aquele vento gélido e a neve cair sobre sua pelagem, sua respiração estava ofegante, ele sabia que logo chegaria em Aftermoon.
Capítulo 59
Templo santo de Springdale
Curandeiro Zebeu
Já estava claro do lado de fora e Cateline havia conseguido recobrar um pouco de sua consciência, mesmo que fosse apenas para perguntar sobre a criança que carregava.
— Filha.. está tudo bem… você pode relaxar agora… tente descansar..
Milenna tenta a todo momento acalmar sua filha, Zebeu não sabia o porquê, mas mesmo a alta quantidade de medicamento dada a ela, não havia sido o suficiente para tirar todos seus sintomas.
Ele não podia dar mais nada a ela, teria que aguardar algumas horas para isso.
Cateline permanecia inquieta na cama, sua mãe se senta a seu lado e acaricia seus cabelos, tentando fazê-la dormir, mas a garota continuava a falar sobre seu filho.
A cada momento, mais e mais pessoas se aproximavam do lado de fora do quarto, tentando ouvir o que acontecia no seu interior, as frases da jovem Cateline os deixava curiosos, o que era aquilo que ela tanto repetia? Um filho?
Zebeu percebe a movimentação do lado de fora, e fica preocupado, eles não podiam ficar ali, era perigoso demais, aquele segredo deveria ser guardado a todo custo.
— Milenna, nós temos que tirar Cateline daqui….
Ele fala, se aproximando da porta vagarosamente, ouvindo os sussurros do lado de fora, e a mãe da jovem entende na mesma hora.
— O que faremos então, Zebeu?
Milenna se levanta, ficando de prontidão, esperando Zebeu dizer qual seria o próximo passo.
— Precisamos sair daqui… não sei por quanto tempo o efeito do medicamento irá durar, vá preparar a carroça, eu irei reunir o máximo de livros e ervas para levarmos…
A mãe de Cateline sai do quarto sem pensar duas vezes, indo organizar o meio de transporte, Zebeu junta várias ervas e papéis, colocando tudo em uma grande bolsa.
— Martin, eu preciso que me ajude, pegue alguns desses frascos e guarde para mim, você consegue carregar até a carroça?
O garoto assentiu com a cabeça sem falar nada, e logo começou a ajudar o velho curandeiro.
Zebeu anda até a cama, onde Cateline revirava de um lado para o outro, ela estava consciente, mas o seu corpo ainda doía, ela não havia se recuperado cem por cento, Zebeu não sabia o que estava acontecendo com a mulher ali.
— Cateline? consegue andar?
O curandeiro, tenta ajudá-la a se levantar, pois estava difícil para a jovem, ela consegue se apoiar ao braço do curandeiro, forçando um sorriso para ele, Cate suava, ela se sentia fraca e com dor, mal conseguia ficar com os olhos abertos por muito tempo.
Martin logo a seguir, abre a porta e então o velho curandeiro anda com Cateline apoiada em seu corpo, todos que estavam ali fora ficavam bisbilhotando, eles começam a disfarçar ao ver Zebeu, eles olhavam para a moça que havia chegado de madrugada, e começavam a fazer perguntas.
— O que houve com ela? ela parecia muito ruim quando chegou..
Os sacerdotes os acompanhavam enquanto enchiam Zebeu de perguntas, aquilo já estava o irritando.
— Vocês estão atrapalhando, preciso levar a jovem de volta…
O curandeiro diz ignorando todos ao seu redor, tudo que ele queria era sair logo dali junto a família Forth. Ele não queria que ninguém soubesse da gravidez de Cateline.
Eles andam um pouco, Milenna já os aguardava na porta com a carroça, Martin foi o primeiro a subir, entregando os frascos que carregava a sua mãe.
Logo, ela desce e ajuda Zebeu a deitar Cateline no fundo da carroça, que ela havia forrado antecipadamente.
Ele coloca sua enorme bolsa perto, e logo sobe, deixando vários de seus companheiros do templo curiosos, muitos deles cochichavam e fofocavam, mesmo pregando o contrário nas missas e reuniões nas praças.
Eram apenas humanos normais, hipócritas, aquilo deixava Zebeu irado.
A família Forth e Zebeu partem, tentando manter um ritmo seguro para a jovem, que ainda estava se sentindo mal, o curandeiro sabia que ela precisava de repouso e descanso, algo que ela teria apenas em sua casa.
Pelo caminho ele olha alguns livros que havia colocado na bolsa, com esperanças de achar algo que pudesse ajudar a moça.
— Muito obrigada… e me desculpe por antes..
Milenna fala cabisbaixa, ela sabia que não deveria ter entrado na frente de Zebeu daquela forma anteriormente, o impedindo de ajudar sua filha, mas ele entendia o medo dela, era natural temer perder alguém que se ama.
— Não precisa dessas formalidades.. você sabe que é o meu dever ajudar a todos, eu escolhi isso… não se desculpe, eu te entendo..
Ele fala ainda folheando as páginas, sem fazer contato visual com ela.
— O mais importante agora é a saúde de Cateline e do bebê… tenho algumas dúvidas que não fazem sentido… como essa jovem tão fraca… está suportando segurar a gravidez, a essa altura, depois de tudo que ela passou.. a criança deveria ter falecido… tenho me perguntado como ainda o bebê está vivo em seu ventre...
Zebeu fala olhando para a jovem, que estava deitada pálida, em sua mente ele tinha várias teorias, de como aquilo poderia estar acontecendo, mas nenhuma delas tinha lógica alguma.
Sera que o bebê no ventre da moça, estava ajudando a mãe? A ajudando a permanecer viva? Ou talvez fosse o contrário.. e se a criança estivesse sugando tudo que a mãe tinha.. mas assim a mãe já deveria ter morrido…para ele nada fazia sentindo, a única certeza que ele tinha era que algo anormal acontecia ali, e ele precisava descobrir, o mais rápido possível para ajudar a moça.
Eles andam de carroça por um tempo, e após algumas horas finalmente chegam à fazenda, eles descem a jovem rapidamente, levando para dentro de casa, a colocando em sua cama, ali ela ficaria mais à vontade, aquilo ajudaria em sua recuperação.
Zebeu improvisa uma mesa para diluição de medicamentos no quarto da jovem, ele queria permanecer a seu lado para acompanhar tudo.
Ele sabia que a qualquer momento o efeito do medicamento iria passar, e ele precisava estar preparado para o que viria, o curandeiro não sabia se Cateline suportaria tomar o medicamento mais uma vez, sem que fosse afetada.
No momento, tudo que ele fazia era orar por um milagre, para que algo pudesse salvar a jovem e a criança, ele já havia feito tudo que estava ao seu alcance.