Capítulo 58
1146palavras
2023-04-03 19:44
O Curandeiro começa a amassar rapidamente as ervas secas, as transformando em um pó fino, ele coloca em um pedaço de papel e o dobra, separando a quantidade correta que a jovem grávida deveria tomar.
Milenna permanece ao lado de sua filha a todo momento, ver sua filha naquela situação era tão doloroso quanto.
— O que faremos?!
Ela pergunta angustiada, se sentindo impotente.
Zebeu estava apreensivo, enquanto olhava tudo ao seu redor, tentando achar algo para que pudesse usar.
Cateline suspira profundamente, e então uma fraca voz sai de sua boca.
— Por favor… salvem o bebê…
Ela fala baixo, e sua mãe ouve atentamente.
— Filha?...você consegue me ouvir?
Milenna aperta a mão da sua filha, e inquieta aguarda sua resposta, Martin estava tristonho, sentado em uma cadeira próxima.
— Eu ouvi Zebeu falar ... por favor, me deem o medicamente, eu aguento…
Cateline fala fraca, ela temia perder a criança em seu ventre, e para ela aquilo seria pior que a própria morte, mesmo estando grávida a pouco tempo, ela já tinha sentimentos por aquele pequeno ser que crescia em seu interior, era um milagre, algo que ela estava gerando, e ela o amava por ter a escolhido como mãe, Cateline não era muito religiosa como sua mãe, mas ela sabia que aquela criança era uma benção em sua vida.
Zebeu se aproxima, vendo que a jovem estava consciente, mesmo que só um pouco, ele se agacha ao lado da cama, e pergunta de forma definitiva, mesmo que ela não estivesse em seu juízo perfeito.
— O medicamento é muito forte… você tem certeza?
Cateline o responde apenas assentindo com a cabeça, ele então se levanta, indo em direção a mesa onde havia embalado o pó de ervas.
Milenna parece não gostar da ideia, a vida de sua filha estaria em risco, era perigoso demais tentar.
— Espere… e se isso fazer mal a ela? dessa forma não adiantará nada..
A mãe da jovem questiona a decisão do curandeiro, que parece não levar a sério, e a responde sério.
— Essa foi a decisão da moça… se o pai não está aqui, ouvirei apenas ela….
Ele fala andando até Cateline, que parecia dormir.
Sua mãe, Milenna, se põe na frente da cama, impedindo a passagem do curandeiro Zebeu, ela chorava, mas naquele momento, a vida de sua filha era mais preciosa do que tudo.
— Vamos aguardar, talvez tudo passe…
Ela fala, mentindo pra si mesma, sabendo que aquilo não iria passar.
— Milenna.. se esperarmos, é provável que a criança no ventre de sua filha morra…. você quer mesmo que ela passe por isso?.. foi a decisão dela … temos que respeitar ... se não tentarmos pode ser tarde demais, tenho certeza que ela suportará…
Zebeu se aproxima da senhora, colocando a mão em seu ombro, tentando a confortar, ela olha para sua filha, e as lágrimas rolam, ela precisava deixar a garota tomar sua decisão, mesmo que sua vida corresse risco, ela faria o mesmo para proteger seus filhos se estivesse no mesmo lugar que Cateline.
Milenna se afasta, deixando Zebeu passar, ela chora e então vai até Martin para o abraçar, o garoto queria que sua irmã ficasse bem tanto quanto sua mãe, e rezava para que tudo desse certo.
O curandeiro leva o pedaço de papel dobrado a boca da moça, derramando o pó em seguida, pega um pouco de água, e despeja em seus lábios, para que a medicação seja diluída.
Os dois ficam ali, ao lado da moça até que amanhece, ela não acorda, continua deitada, mas agora imóvel, como se descansasse dos terrores que passou pela noite.
Martin, cochilava no colo de sua mãe, e Zebeu permaneceu sentado na cadeira ao lado da cama a todo momento, impedindo que qualquer um entrasse no quarto.
Ele ouve sussurros vindo de fora, como se alguns dos sacerdotes estivessem à espreita, esperando por algo que pudessem fofocar, isso o preocupa cada vez mais, ele sabia que Cateline estava resistindo fortemente a medicação e isso era bom, mas o que ele faria se descobrissem sobre a gravidez dela? Para onde ele poderia a levar para que ficasse segura?
Ele fica pensativo enquanto observa a jovem.
— Milenna…. quem é o pai da criança?
Ele pergunta baixo novamente a mãe da jovem, mas ela não sabia, ela nunca havia nem mesmo visto o homem.
Ela fica pensativa por um momento, e então responde .
— Eu… não sei…. Cateline queria manter segredo.. ela dormiu uma noite com um estrangeiro no dia que os filhos do Lorde retornaram da guerra… e depois disso, ela descobriu a gravidez… ela temia que fossemos a julgar se contasse que não sabia quem era o pai…
Zebeu entendia o medo da jovem e não a julgava, mas ele temia pela segurança dela, uma jovem mãe sem ter alguém para protegê-la.
Milenna continua.
— Ela aceitou o contrato de casamento com um nobre estrangeiro na noite do baile… ele virá buscá-la nos próximos dias…
Milenna não sabia de muitos detalhes, Cateline não havia contado tudo a ela, que o estrangeiro com quem iria casar era o verdadeiro pai de seu filho, ninguém sabia disso, além dela e Félix.
Zebeu fica calado, ele parecia pensar em algo sério.
— O homem sabe da gravidez?
Ele pergunta a Milenna novamente, e ela, como todas as outras vezes, não sabia a resposta, sua filha era muito fechada com o que dizia.
— Eu não sei…
Milenna fala, cabisbaixa.
O curandeiro percebe que fazia muitas perguntas, e então para de falar, ele sabia que não era de sua conta, mas estava preocupado com a jovem e o bebê, ele estava cansado de não conseguir ajudar as jovens que chegavam lá, e rezava fervorosamente para lhe fosse dado sabedoria, para que conseguisse reverter qualquer problema que chegasse até ele.
Um som de gemido vem da jovem, ela parecia acordar, haviam se passado algumas horas após ela ter tomado a medicação, e seu corpo voltava ao normal aos poucos.
Zebeu vê a jovem reagir, e levanta no mesmo instante, se aproximando dela.
— Cateline? Consegue me ouvir?
Ele pergunta ansioso, com esperanças dela o responder.
— Eu.. ainda sinto dor…
Ela o responde meio confusa, mas é perceptível sua melhora, o remédio não havia aliviado todas suas dores, mas ajudou bastante, agora pelo menos ela tinha sua consciência.
Milenna, cobre sua boca abismada, vendo que sua filha finalmente havia acordado, indo até ela sem pensar duas vezes, pegando em sua mão.
— Minha filha… eu estava com tanto medo de te perder…..
Milenna estava feliz por ter sua filha ali junto a ti, mas Cateline só pensava em uma coisa, seu bebê, ela perguntava a todo momento por ele.
— Meu filho… está bem?
Cateline fala com a voz embargada, sua saúde estava muito ruim ainda, mas para ela, apenas sua criança importava.