Capítulo 57
1059palavras
2023-04-02 23:21
Templo Santo em Springdale
Curandeiro Zebeu
Era noite ainda e o sol demoraria para nascer, o grande povoado estava silencioso.
Zebeu, junto a outros curandeiros e sacerdotes dormiam tranquilos se preparando para o próximo dia, geralmente por conta da falta de médicos e medicamentos, acabava sobrando muita coisa para o Templo, eles cuidavam de pessoas feridas, doentes, idosos e órfãos.
Na sua cama, o curandeiro Zebeu vira algumas vezes, algo o tirava do sono, algum barulho que parecia vir de fora, a cada momento se aproximava mais e mais, à medida que o som ficava mais audível, ele percebia que eram cascos de cavalo, pisando fortemente ao chão.
Ele pensava que poderia ser algum morador fazendo alguma viagem, e tenta dormir novamente, até que gritos vindos do lado de fora o despertam por completo.
— Curandeiro ?! Por favor!
Ele pula da cama assustado, reconhecendo a voz chorosa que ecoava na silenciosa cidade, era Milenna… mas o que ela fazia ali no meio daquela escuridão? em sua mente só podia significar uma coisa.
Zebeu corre o mais rápido que conseguia para o lado de fora, assim como alguns dos sacerdotes que acordaram com o barulho.
Eles carregam consigo algumas lamparinas, estava muito escuro, difícil de enxergar, eles encontram Milenna abraçada com sua filha ao chão próximo a carroça, o pequeno Martin também estava lá, chorando confuso com a situação.
— Senhora Milenna? O que ouve?
O curandeiro Zebeu pergunta pasmo, enquanto ajuda Milenna a levantar sua filha, ela estava desfalecida, e mal conseguia ficar de pé.
— Eu não sei…ela me acordou no meio da noite com muitas dores…. eu vim assim que ela me falou o que era… mas no caminho ela piorou….. por favor, salve minha filha.
Milenna não conseguia conter as lágrimas, e ao falar olha profundamente nos olhos de Zebeu, e ele entende a mensagem, a senhora se referia a criança que Cateline carrega em seu ventre.
O curandeiro sente uma grande responsabilidade cair sobre seus ombros, ele sabia que aquilo era um péssimo sinal, muitas das gravidezes que ele acompanhou terminavam nos primeiros meses com abortos inspontaneos e isso o deixava desesperado.
Sem falar nada a mãe da jovem, ele a leva para um dos quartos com a ajuda de alguns sacerdotes.
Todos ali estavam sem entender o que acontecia, Milenna e Martin estavam sempre próximos, mas se recusaram a falar com qualquer um que não fosse Zebeu.
— Coloquem ela na cama, e me tragam alguma erva para dor, agora!
Ele grita, exigindo desempenho dos sonolentos sacerdotes que haviam acabado de acordar, eles se assustam e vão em busca da medicação.
— Cateline? Você está bem? o que está sentindo?
Zebeu pergunta repetidas vezes, mas Cateline parecia estar confusa, perdida em sua mente, ele então coloca a mão sobre a testa da jovem e percebe que seu corpo queimava, algo estava errado e ele sabia que tinha pouco tempo.
— Curandeiro?!
Milenna percebe a reação do homem ao checar a temperatura de Cateline, era visível que ele não sabia o que fazer.
— Se acalme…. eu preciso de um tempo para pensar..
Ele fala sério para a mãe da jovem, que fica sem reação, ele deveria saber o que fazer depois de tantos anos com experiência.
O templo que antes estava quieto e silencioso ficou aceso, vários dos sacerdotes e curandeiros que acordavam rodeavam o quarto da jovem Cateline, e aquilo preocupava Zebeu, ninguém além dele poderia saber sobre a gravidez da jovem, era perigoso demais se tais informações saíssem dali.
Depois de alguns minutos, os medicamentos são trazidos pelos sacerdotes, eram um amontoado de ervas secas que ainda precisavam ser moídas e dosadas, levaria um pouco de tempo, tudo que podia fazer era rezar para que a jovem suportasse até que tudo estivesse pronto.
— Quero que todos saiam daqui… apenas a mãe e o irmão são permitidos ficar ... não quero ninguém perto do quarto… preciso do máximo de concentração ..
Zabeu dá uma ordem clara, e todos a cumprem, mesmo que resmungando, deixando ele só com a família da jovem .
Depois de muito tempo sonolenta,Cateline volta a si por um instante, ela agarra fortemente sua barriga, e a aperta, era evidente a dor que a moça sentia.
— Zebeu?! onde estou…? minha barriga ... ela dói muito, o que está acontecendo….?
Cateline pergunta ofegante, ela estava confusa com tudo a sua volta, ela tenta respirar normalmente, mas a dor é intensa demais, algo tão forte que somente ela sabia o que passava, o suor frio escorria de sua testa.
— Cateline..o que aconteceu?me conte tudo que está sentindo, preciso da sua ajuda para conseguirmos manter a criança viva!
O curandeiro se aproxima da jovem, falando próximo a ela, que parecia se esvair novamente, seu pulso estava fraco, algo sugava as energias da moça, e ele não sabia o que era e nem como.
Os olhos da moça estavam fundos, sua pele pálida, seu corpo usava todas as energias para que ela permanecesse viva, seria a gravidez?
Ele fica pensativo.. geralmente, nos casos raros de gravidez que ocorriam, as mulheres apenas perdiam seus bebês, não ficavam daquela forma, era estranho demais, algo de diferente acontecia ali..
Ele se vira para a mãe de Cateline ao ver que a jovem não conseguia responder mais.
— Quem é o pai da criança? preciso da permissão dele para usar as medicações…da forma que ela está… temo que possamos perdê-la…
Milenna, cambaleia ao ouvir tais palavras, se escorando na parede, ela não acreditava no que ouvira, ela nem mesmo sabia quem era o pai de seu neto(a).
— O que está acontecendo? porque ela está assim? deve ter alguma outra forma…
A mãe da jovem corre até a cama, se ajoelhando ao lado da filha, segurando sua mão trêmula.
— É a primeira vez que vejo… parece que a criança… está sugando tudo dela ... não sei o que fazer a não ser dar algo para que seu corpo descanse.. mas fraca da forma em que ela se encontra, pode fazer com que ele pare completamente.
Zebeu limpa o suor de sua testa enquanto fala, ele pensava sem parar em alguma forma de salvar a mãe e seu filho(a), ele pega seu livro e procura tudo que podia ser usado para salvá-los, mas não encontra nada que não faça mal a um dos dois.