Capítulo 13
1535palavras
2023-02-22 19:51
Mesmo que o teste dê positivo novamente, confirmando a gravidez, isso não dirá e nem irá garantir que a gestação vá progredir, como acontecia muitas das vezes e isso deixava Cateline e todos muito preocupados, ela deveria se cuidar da melhor forma possível caso tudo fosse verdade.
— Tragam água para a garota!
Grita o curandeiro, era possível ver o rosto de Cateline pálido após ouvir a notícia, ele precisava mantê-la calma a auxiliando para que a criança crescesse saudável!
A mãe de Cateline, Milenna, volta a si após ouvir Zebeu gritar, ela dá um pulo como se sua alma voltasse para seu corpo, e sai apressada pela porta em busca da água.
Martin era o único ali sem entender nada, como ele nunca havia visto outras crianças, era como se todos nascessem grandes para ele.
Lucinda se aproxima de Cateline, se ajoelhando e pegando em sua mão, seus olhos estavam marejados.
— Porque você não me contou?!
Ela pergunta a Cateline, que olha para baixo envergonhada.
— Eu não sabia como vocês iriam reagir… tive medo de que cobrassem coisas de mim ou que ficassem zangadas por eu ter feito isso, sabe, me deitar com um estranho.
Cateline fala quase chorando, agora ela tinha uma enorme preocupação em suas mãos, o frasco, ela olha para ele com medo e apreensiva…
Enquanto as garotas conversavam, sua mãe chega com uma jarra de barro e um copo, dava-se para ver o quão trêmula estavam suas mãos ao colocar os itens na mesa ao lado da cama de Cateline.
Sua mãe então a abraça sem falar nada, apertando fortemente seus braços em volta de sua filha que ainda estava sentada na cama.
Cateline fica sem reação, mas logo se rende respondendo o abraço.
— Não precisava esconder isso de nós querida.. claro que nós iríamos chamar sua atenção, mas pelo seu bem…
Milenna fala carinhosamente pegando água para Cateline que vira o copo inteiro de uma vez.
— Bom… agora que todos estão mais calmos, precisamos pensar … Se for realmente verdade, é necessário que guardemos isso em total segredo…
Zebeu fala enquanto folheia seu velho livro.
— Eu venho anotando casos de gravidez desde o início da praga… no começo, foi se diminuindo vagarosamente a natalidade até que em um momento, sem que todos percebessem, não haviam mais gestantes.
Ele vira a página e continua.
— Durante os anos que venho estudando esses acontecimentos, posso contar em minha mão quantas conseguiram dar a luz a crianças saudáveis, a maioria as perdia antes do parto, ou os bebês nasciam natimortos…. infelizmente algumas das mulheres atraíram olhares maldosos de reis obcecados por sua linhagem, houve relatos de nobres que faziam experiências com elas, cirurgias, drogas… eram coisas difíceis de se acreditar, mas eram verdadeiras, mesmo com o mundo acabando em ruínas eles ainda eram capazes de fazer tais atrocidades… talvez por isso que a praga se iniciou, para devastar a raça humana limpando o mundo de tais mentes perversas..
Todos ali dentro do quarto o ouviam atentamente, Cateline ficava apavorada a cada palavra que ouvia sair da boca do velho curandeiro, era incerto sobre qual seria o seu destino a partir dali.
— Beba mais água minha jovem… precisamos ter certeza do que acontece aqui..
Zebeu fala olhando para Cateline, que enche o copo novamente o bebendo sem pensar duas vezes.
— Por precaução, temos que organizar um local para a jovem viver longe do povoado.. um lugar onde os olhares não cheguem.. o mesmo deverá servir para que ela crie a criança…ninguém pode saber da existência do bebê… é perigoso demais..
A mente de Cateline, de sua mãe e irmã estavam viradas de ponta cabeça, aquilo foi repentino demais, elas nunca pensariam que tal coisa pudesse acontecer..
Martin se aproxima se sentando na cama ao lado de sua irmã, ele não entendia, mas estava preocupado por ver a reação de todos.
— Você vai ficar bem?
Ele pergunta a Cateline que tenta sorrir ,infelizmente o momento não permitia que ela mostrasse seus verdadeiros sentimentos a ele.
— Sim… eu irei..
Cateline responde com seu rosto desconfortável.
— Vamos Querido… irei preparar algo para você comer, vamos deixar sua irmã descansar um pouco.
Milenna leva o garoto para fora do quarto, deixamos os assuntos sérios dentro do cômodo.
— Irei ir ao banheiro fazer o último teste…
Cateline fala antes de se levantar para sair dali e sua irmã a abraça .
— Vai dar tudo certo!
Lucinda fala ao abraçá-la.
Não demora muito e Cateline volta com o frasco colorido, e novamente a cor se repete, o rosa claro brilhava.
Lucinda ao ver que a cor era a mesma corre em direção a Cateline abraçando novamente em lágrimas.
— Parabéns irmã! Não acredito que serei tia.
Ela fala dando beijos nas bochechas de Cateline, que fica sem jeito .
O curandeiro dá um sorriso tentando parecer pleno, mas é visível a preocupação em seu rosto.
— Certo jovem! Agora temos que seguir algumas coisas para que você e o bebê fiquem bem, prometo dar o melhor de mim para cuidar de vocês, mas para que tudo dê certo preciso que você colabore..
Cateline assente com a cabeça .
— Irei fazer uma carta ao Lorde, dizendo que você tem uma doença incurável, e que infelizmente não é útil para servir seus filhos, assim você poderá ficar longe por um tempo.
Ao falar isso, Lucinda vira rapidamente a Zebeu, ela parecia confusa.
— Mas isso é uma grande oportunidade para ela! Cate pode dizer que o filho é de um dos herdeiros do Lorde… Joaquim! isso… ela pode seduzi-lo e dizer que o filho é dele… assim ela se casará com alguém rico e de status e viverá uma ótima vida conosco no palácio!
Cateline olha assustada para sua irmã, ela sabia que Lucinda era fanática com a ideia de mudar de vida e sair da fazenda, mas não pensou que talvez ela a usasse para isso..
— Desculpe… eu acho que fui um pouco desrespeitosa com você… mas é uma ótima ideia… você deveria pensar nisso irmã!
Lucinda volta virar para sua irmã segurando suas mãos, todos viam que ela não teria problema em fazer tal coisa, em sua mente já havia sido construído o plano perfeito para sair dali.
— Eu não gosto dessa ideia irmã, me desculpe… sei que vai ser mais difícil fazer tudo sozinha, mas eu preciso tentar…
Cateline responde sua irmã que fecha seu rosto na mesma hora, ela parecia estar com raiva por ela não ter aceitado a ideia.
— Você não sabe o que irá perder… lá você terá tudo! eles irão te tratar como uma rainha!
Era possível ver que o tom de Lucinda não é mais doce como anteriormente, agora ela estava descontente, nada faria ela mudar de ideia sobre sua irmã.
— Pelo menos espere até o dia do baile.. sua barriga irá demorar para aparecer, quem sabe você não muda de ideia…por favor..! pelo menos venha comigo…
Cateline olha para Zebeu que visivelmente não estava gostando da ideia, ele sabia que a criança seria uma presa fácil para pessoas malignas e isso era inaceitável.
Ela então suspira profundamente, respondendo sua irmã.
— Então eu apenas a acompanharei, não irei participar de nada….
Lucinda dá um breve sorriso e abraça sua irmã novamente.
— Até lá farei você mudar de ideia! você vai ver…
Ela se afasta do abraço e continua.
— Lembre-se que fui eu quem fez seu vestido daquele dia! aposto que foi graças a ele que você conseguiu dormir com o estranheiro! está me devendo uma!
Lucinda gargalha brincando como sempre, saindo logo em seguida, ao abrir a porta sua mãe entra, ela ainda não havia visto o resultado final do teste e estava ansiosa.
— E então senhor Zebeu?
Milenna pergunta aflita e logo o curandeiro lhe mostra os frascos, fazendo-a cair de joelhos.
— Deus! Obrigada! eu sabia que o senhor sempre esteve ouvindo minhas preces …
Cateline corre até ela a ajudando a levantar, não era necessário tudo aquilo ao ver dela, nem mesmo sabiam se a gestação iria prosseguir, não podiam ficar com expectativas altas.
— Mãe, por favor… não precisa ficar assim!
Cateline fala apoiando sua mãe em seu braço.
— É um milagre Cate! eu nem mesmo acredito ainda ... preciso ir à igreja amanhã… o mais rápido possível!
Milenna fala abraçando Cateline que estava envergonhada com toda aquela atenção, ela havia achado estranho sua irmã Lucinda mais cedo, talvez ela estivesse sentindo ciúmes ou até mesmo um pouco de inveja, mas com o tempo aquilo passaria, pelo menos cateline pensava assim.
— Que bom ver que a senhora tem fé dona Milenna! isso nos dias de hoje é tão raro quanto o que acontecera com sua filha… as pessoas se esfriaram e esqueceram do altíssimo, e bom ver que ainda há pessoas que acreditam nele!
O curandeiro guarda o livro em sua bolsa assim como os frascos, e em silêncio pega um pedaço de papel onde ele anota algumas coisas .
— Aqui! Pegue isso e providencie é necessário que coma bem e use as ervas que eu indicar, assim a fraqueza e os enjoos irão diminuir!