Capítulo 12
1669palavras
2023-02-22 19:44
Família Forth
Após algumas horas aguardando sua irmã Lucinda chegar, Cateline acorda assustada com o barulho da porta de seu quarto abrindo.
Eram Lucinda e Zebeu, eles pareciam cansados da rápida viagem que tiveram que fazer repentinamente.
— Graças a Deus você está bem! Fiquei preocupada o caminho todo!
Sua irmã se aproxima, colocando a mão em sua testa verificando sua temperatura.
Cateline ainda estava um pouco quente, mesmo após se recuperar um pouco.
Zebeu, era um senhor já de idade, usava uma longa vestimenta que representava seu status dentro do templo, ele era um curandeiro religioso, sempre era chamado para fazer cirurgias e receitar remédios, por isso era complicado achá-lo na maioria das vezes pela alta procura que tinha por seus trabalhos.
Ele carregava consigo uma bolsa onde trazia remédios e utensílios para fazer exames e cirurgias, assim como alguns instrumentos "mágicos" pelo menos era isso que todos pensavam.
Zebeu se aproxima de Cateline que estava deitada e puxa uma cadeira para próximo a sua cama, ficando ao lado dela.
Ele começa a mexer em sua bolsa procurando por algo, e faz algumas perguntas a garota, Cateline estava assustada sem entender o que acontecia.
— E então criança ... o que está lhe incomodando…?
Ele fala pegando um monóculo e o colocando em seu olho, ele se levanta e coloca sua mão na testa de Cateline, assim como sua irmã fez anteriormente.
— Bem.. a alguns dias venho me sentindo fraca, meu apetite tem aumentado um pouco, e hoje comecei a ter náuseas..
Cateline fala meio confusa, tentando se lembrar de tudo que ocorreu consigo nos últimos dias para contar ao curandeiro.
— Entendo… você comeu algo de diferente..?
Zebeu volta a mexer em sua bolsa pegando um velho livro, ele passa as folhas procurando por algo.
Ele estava sério, mas podia se ver que ele era acostumado com seu trabalho, centenas de pessoas o procuravam por conta de sintomas como os de Cateline e ele quase sempre descobria do que se tratava.
— Não senhor… apenas fui ao festival em comemoração ao retorno dos filhos do Lorde… logo após comecei a me sentir estranha..
Cateline parece nervosa ao lembrar dos detalhes de toda a noite, seu rosto fica rosado logo após pensar e o curandeiro parece perceber que ela escondia algo.
— Algo mais, senhorita? parece que tem algo para dizer.. se preferir posso pedir para seus irmãos e mãe saírem do quarto..
Cateline assente com a cabeça, ela estava visivelmente nervosa.
Todos ficam preocupados com o pedido repentino, e saem, deixando que Zebeu feche a porta.
— Aconteceu algo que não queira compartilhar com os familiares?
O curandeiro pergunta calmamente, era comum esse tipo de comportamento entre moças jovens, na maioria das vezes eram muito tímidas.
Cateline se levanta ficando sentada na cama, virada para a cadeira que Zebeu havia colocado a seu lado.
— É complicado falar esse tipo de coisa.. sei que todos irão me julgar… então gostaria que o senhor mantivesse segredo..
Ela fala apertando as mãos, enquanto olhava para o chão cabisbaixa.
— Não precisa se preocupar, é meu trabalho como médico guardar os detalhes de tudo que acontece ..
Zebeu fala acalmando Cateline, que parece ficar menos tensa, e logo explica a situação.
— Aconteceu algo que não contei a eles… tive vergonha.
O curandeiro então se aproxima, se sentando na cadeira do lado da cama.
— No dia da festa, eu conheci um homem… ele parecia ser estrangeiro, acabei dormindo com ele, não contei a ninguém… fiquei com vergonha do que pensariam se eu contasse..
Quando Cateline fala, Zebeu ouve com atenção, muitas das garotas escondiam tais assuntos dos familiares com medo de que estragassem seus futuros casamentos, ou as deixassem mal faladas.
Ele compreende então o porquê dela querer que todos saíssem do quarto.
— Entendi criança… e esse homem? onde ele está agora? …ele tem os mesmos sintomas que você? Talvez por ele ser estrangeiro tenha trazido alguma doença consigo.
Ele fala pegando alguns frascos em sua bolsa e colocando na pequena mesa que ficava ao lado da cama da garota, sempre com a expressão calma, ele sempre o fazia para que não passasse preocupações aos pacientes que muitas das vezes estavam acamados e amargurados com a situação de sua saúde.
— Bem… eu não sei, ele simplesmente foi embora…
Cateline fala apertando o colar em seu peito que pegara na manhã seguinte do ocorrido logo ao acordar, em seu rosto podia se ver tristeza, e talvez um pouco de…. saudades? Era difícil para o curandeiro dizer, já que não conhecia a relação que a garota tinha com o homem.
Zebeu suspira profundamente, ele tinha que saber o que a garota tinha, e para isso decidiu que ela deveria fazer alguns exames básicos, eram necessários para que tivessem certeza de como tratar o problema.
Ele pega alguns dos frascos que havia colocado na mesa, e entrega a garota, que fica sem saber o que fazer, ela vê que no fundo dos frascos tem um pó cintilante.
— Esses são alguns truques que usamos para sabermos o que você pode ter, preciso que urine nesses frascos, a cor do líquido mudará, e assim saberemos que tipo de problema você tem, e não se preocupe…… temos medicamentos para tratar várias das doenças conhecidas..
Ele fala com o tom calmo como sempre, Cateline parece entender o que ele fala, saindo do quarto e indo até o banheiro.
Ao sair, pode se ver que Lucinda está curiosa do outro lado da porta curiosa, a jovem faz várias perguntas, mas Cateline não sabe como responder, já que não tinham um diagnóstico ainda.
— Eu já volto irmã.. assim que senhor Zebeu descobrir eu lhe conto…
Cateline fala passando por ela com pressa, indo rapidamente ao banheiro, voltando alguns minutos depois.
Ela corre até a porta, escondendo os frascos , após entrar fecha a porta rapidamente.
Cateline não sabia o que as cores dos frascos significava, mas temia que talvez sua mãe e irmã sim.
Depois da porta fechada ela estende a mão entregando os frascos para o mago, que fica em choque, sem nem mesmo pegá-los.
A garota se assusta com o curandeiro vendo que seus olhos estavam arregalados, aquela expressão pacífica e serena de agora a pouco havia sumido por completo.
— É muito sério…?
Cateline pergunta com a voz trêmula.
Zebeu permanece calado, pegando os frascos rapidamente sem falar nada e os balança.
— Isso é mesmo possível?!
O líquido era rosado, em ambos os frascos.
— Senhor?
Cateline começa a se desesperar, vendo que ele estava eufórico, parecia perplexo a cada balançada que dava no frasco.
— Você colocou algo dentro do frasco além da sua urina?
O curandeiro se vira para cateline a confrontando, ele não acreditava no que estava vendo, talvez a garota tivesse colocado algo que não devia e misturou, ele não sabia o porquê da cor está naquele tom.. faziam anos que não acontecia algo como aquilo.
— Não senhor.. fiz apenas o que você mandou…
A garota responde dando alguns passos para trás assustada.
— Mas não é possível… algo assim… é como um milagre!
Ele fala com seu tom de voz alto e sério cerrando suas sobrancelhas, sua irmã Lucinda que estava do lado de fora tentando ouvir a conversa, abre a porta repentinamente, ao se assustar com o barulho que o curandeiro fazia, quase gritando com sua irmã.
—O Que houve?!
Ela entra gritando, sua mãe entra logo em seguida com seu irmão, todos estavam preocupados do lado de fora, aguardando uma resposta de Zebeu.
— A garota… se o resultado estiver certo… isso significa que ela está grávida!
O Curandeiro fala e todos ficam pasmos ao ouvir tal coisa, ninguém acreditava no que acabara de ouvir.
— Grávida?! mas isso é impossível, minha filha é solteira ...independente do que tenha acontecido, o resultado está errado!
Milenna, mãe de Cateline, responde em alto e bom som, afirmando que houve um erro naquilo tudo, infelizmente ela não sabia, que sua filha havia se deitado com um homem semanas antes.
Cateline a interrompe, esclarecendo.
— Sobre isso… me desculpe por não falar nada… eu dormi com um homem no dia do festival, eu acabei bebendo e me deixei levar ... não sabia como contar a vocês…
Lucinda cobre sua boca com as mãos, se lembrando do estado que encontrara sua irmã naquele dia, ela sabia que Cateline estava estranha quando a encontrou.
— Não a erro! a garota está grávida!
Grita o curandeiro sorrindo, seus olhos estavam cheios de lágrimas, faziam anos que ele tratava algumas mulheres na tentativa de as tornarem férteis novamente e ver tal acontecimento o deixava eufórico, para ele, aquilo era um sinal que talvez tudo estivesse voltando ao normal, ou apenas mais um caso isolado, onde uma gravidez milagrosa acontecia, de qualquer forma aquilo era motivo de alegria, algo raro que devia ser escondido.
Ele sabia dos riscos que a garota corria, em acontecimentos anteriores, os filhos das moças foram roubados e muitas das outras vezes, as mulheres eram obrigada a se casarem com pessoas de poder, onde tinham que repetir o processo para que pudessem gerar herdeiros a eles, isso era esgotante e muito das vezes acabava com a saúde das garotas.
O curandeiro rapidamente pega outro frasco e entrega a garota pedindo que repetisse o teste mais uma vez, a terceira vez seria a definitiva que confirmaria tudo.
Cateline congela se sentando na cama, ela coloca a mão em sua cabeça pensativa, pois não entendia oque estava acontecendo ali, Cate não queria acreditar, a jovem queria apenas ter uma noite de romance e não imaginava que se transformaria em tudo aquilo.
Zebeu dá outro frasco para que Cateline repita o teste novamente, ela o pega tremendo sem saber como reagir diante de todos, se aquilo fosse mesmo verdade, o homem com quem ela havia se deitado deveria saber, mas como? Se ela nem mesmo o conhecia, talvez fosse melhor ela simplesmente o esquecer e viver sua vida sozinha.