Capítulo 14
1222palavras
2023-10-12 00:08
Samantha pov's
Hoje eu completava três meses e uma semana. Podia sentir uma pequena diferença em meu corpo, mas nada demais que fosse chamar a atenção. Eu era magra, tinha praticamente nada de barriga e as vezes até duvidava que estava realmente gerando uma criança. Depois do susto que levei algumas semanas atrás, certas coisas começaram seguir por um caminho diferente e, confesso que estou me surpreendendo.
Jordan está tentando mudar algumas coisas, para cumprir o que me prometeu. Tem sido presente em certos momentos e vez ou outra pergunta sobre o bebê. Seja lá quem for a pessoa que o aconselhou, ela fez um ótimo trabalho e, só posso agradecer por isto.
Ontem recebi a visita do meu pai, Jordan não estava aqui. Pela primeira vez na vida, me senti totalmente desconfortável com ele, com alguém que tanto amava. Talvez tenha sido por causa das coisas que ele havia me dito, da forma em que me obrigou a se casar, eu não sei mas, é errado deixar de amar alguém que tenha seu sangue? Seu genitor? Tentei ser o mais natural possível com ele, falei somente o básico e trinta minutos depois ele foi embora, daí só percebi que tinha prendido a respiração quando sentir o ar saindo com tudo de minha boca e nariz. Depois dessa situação veio o choro, e eu estava odiando essa parte da gravidez, porquê na maioria das vezes só vivia chorando e eu nunca fui assim. Me sentia tão vulnerável, tão fraca assim, estava a espera de chegar logo o tempo de tudo isso passar e voltar a ser quem era, pois eu odiava ser fraca.
— Samantha?— ouço sua voz vindo do corredor, me despertando dos meus pensamentos.
— Oi.— respondo e já me concerto na cama.
— Você está bem? Tem alguns minutos que estou te chamando...— pergunta ele.
— Desculpa, a mente estava longe.— falo e ele sorri de lado.
— Como sempre, não é mesmo?— diz e reviro os olhos.
— Diz logo o que quer.— falo já impaciente, outra coisa que tem me afetado, é a merda da impaciência.
— Bom, vou trazer uns amigos aqui. Se importa?— pergunta ele e estranho pois nunca trouxe ninguém aqui, sempre se encontrava com eles fora, mas fico quieta sobre essa parte.
— Claro que não, a casa é sua também. Quer ajuda com alguma coisa?— pergunto e ele logo balança a cabeça animado. Nunca o tinha visto assim.
— Vou precisar sair para comprar cerveja, então você poderia fazer alguma coisa pra gente comer? Aquela torta que fez semana passada, por exemplo. É uma delícia.— sorri com isso. Realmente era boa mesmo, havia aprendido fazer com minha mãe, ela era brasileira e era do Espírito Santo e, ela me ensinou algumas receitas de lá, começando pela torta de pão de forma. Semana passada me deu uma vontade tão grande de comer, que fiz uma pequena, Jordan chegou e comeu também e, segundo ele, era a melhor torta que já havia comido na vida.
— Sem problemas, o negócio é: Não têm nada aqui para fazê-la. Na verdade, estava olhando ontem e a dispensa está bem vazia. Você precisa fazer compras.— falo e ele morde os lábios.
— Quer ir comigo?— pergunta.
— Oi?— estranho mais uma vez.
— Fazer compras Sam, vamos? Daí já resolvemos tudo de uma vez.— diz.
— Tudo bem, só deixa eu por uma calça e pegar minha carteira.— falo e já me levanto, indo direto ao closet.
— Bela calcinha.— diz Justin, e eu congelo na hora ao me lembrar que estava apenas de regata e calcinha fio dental, pois estava deitada.
— Droga —digo baixinho— Sai daqui Brenner, espera lá fora.— digo irritada e ele levanta as mãos para cima, saindo logo em seguida. Respiro fundo e dessa vez entro no closet, pegando uma calça legging e a vestindo, calço uma sandália confortável, pego minha carteira e saio em seguida.
— Vamos?— chamo e ele assente ao se levantar do sofá.
A ida até o supermercado foi rápida e silenciosa. Jordan apenas dirigia, seu olhar estava vidrado na estrada, mas também notei que ele estava com os pensamentos longe, pois vez ou outra via seu maxilar ficar tensionado, como ele estives com uma luta interna, se auto repreendendo. Seja lá o que for, desejo nem saber, não quero ter quer voltar aquela situação de semanas atrás.
Pegamos um carrinho grande assim que entramos no estacionamento. Começamos pelo corredor de cereais, seguindo para o de temperos e assim por diante. O clima estava tão estranho e, não entendi o porque mas continuei na minha. Deixei Jordan perto das bebidas e fui pegar os ingredientes para a torta. Assim que retornei, vi ele brigando com alguém pelo celular, seu rosto estava bem vermelho, assim que me viu ele desligou o aparelho, veio até mim pegando os produtos e os colocando no carrinho e o mesmo já se encontrava lotado. Após pagarmos, fomos para nosso apartamento adiantar as coisas. O loiro arrumou a comida na dispensa, e eu fui colocar o peito de frango para cozinhar e depois desfia-lo. Continuei com meu trabalho, retirando as bordas dos pães de forma, depois de tudo ok, peguei alguns salgadinhos e coloquei nas travessas, fiz alguns petiscos e aos poucos fui organizando tudo. Mas sabe quando tudo fica bom de repente, porém sabemos que nada dura tanto tempo? Exatamente o que aconteceu agora. Escuto um barulho vindo do quarto e, Jordan logo começa a xingar. E eu, besta do jeito que sou fui até ele, sabendo que iria me ferrar.
— Jordan? 'Tá tudo bem?— falo ao bater na porta e ele segue sem me responder.
— Jor...— ele me interrompe antes de eu sequer continuar.
— Que caralho você quer Samantha?— pergunta nervoso.
— Opa, calma aí! Quero só saber se está tudo certo, se quer alguma coisa?— falo e ele ri maldoso.
— Queria sim, queria que você sumisse da minha vida. Será que é pedir demais?— ele só pode está brincando.
— Olha aqui, não venha descontar suas frustrações em cima de mim. Se resolva primeiro, depois venha falar comigo.— falo e dou as costas, indo para meu quarto.
— Minha frustração é por sua causa, se você tivesse se cuidado ou ter tirado essa criança, tudo estaria bem agora. Tudo estaria resolvido.— paro na mesma hora e rapidamente vou até ele, acertando um tapa em seu rosto.
— Você é um filho da puta, sem palavra. Nunca mais, está me ouvindo? Nunca mais fale qualquer merda sobre meu filho, nem sequer cogitar um aborto. Apenas seja a droga, de um maldito homem de verdade e me respeite, nós respeite entendeu?— digo, já sentido lágrimas se formarem em meus olhos.
— Merda, Sam...— o interrompi.
— Não, não quero conversar com você agora. Espero que se divirta com seus amigos, babaca.— acelero meus passos e entro em meu quarto batendo a porta.
E realmente eu não estava cismada a toa com as atitudes dele. No fundo, sabia que uma hora ou outra ele mostraria as garras de novo, mas desta vez eu não vou chorar. Vou bater de frente com esse estúpido, até eu poder me livrar dessa droga de casamento e, poder viver minha vida em paz somente com meu filho e ele?
Bom, ele que se foda.