Capítulo 69
1059palavras
2023-04-06 11:36
Bianca mandou Enrico pra casa buscar Aisha e Gabriel, e correu pro hospital. Entrou esbaforida, foi encaminhada pro quarto dele. Quando entrou, tinha 3 médicos no quarto, fazendo testes e perguntas. Ela ficou observando da porta, ele estava meio aéreo, mas não tinha perdido as coordenações motoras, nem a memória. Ela ficou tão feliz. Queria abraça-lo, queria perguntar para os médicos sobre sequelas, queria beija-lo. Queria tantas coisas mas só ficou ali parada na porta, olhando seu amor meio sentado na cama hospitalar, rodeado de médicos.
Ele a viu, deu um sorriso fraco:
- Oi, estranha.
Bianca se adiantou até a cama dele:
- Bem vindo de volta, estranho.
- Srta Duprat, estávamos aguardando sua chegada pra vocês conversarem um pouco antes das tumografias que vão atestar o que a gente já sabe: não há sequelas aparentes.
- Boa tarde, doutor. Bianca, por favor.
- Vamos deixá-los sozinhos. Não o emocione demais, por favor.
- Os filhos dele estão chegando. Vão poder vê-lo?
- Sim. Ele pode ver os filhos e matar a saudade. Não pode se esforçar, correr a maratona, não receber notícias de morte ou nascimento de outros filhos que ele não sabia...
- Posso abraçar, doutor.
- Pode sim, Bianca. Mas pra matar a saudade sexual, aguarde os exames, está bem?
Bianca corou violentamente, os médicos riram e saíram da sala, uma enfermeira ajeitou tudo e antes de sair, falou pra ela:
- Não leve o doutor a mal, eles estão felizes que o senhor Namiato voltou pra nós, falando e se movimentando. E a primeira coisa que perguntou foi de você.
Depois que a enfermeira saiu, Bianca se aproximou mais dele e não se conteve mais. Segurou sua mão delicadamente, com medo de machuca-lo, já com as lágrimas correndo:
- Esperei tanto pra ver esses olhos de jabuticaba abertos novamente...
- Vem cá. Me abraça.
Depois que o abraçou e chorou no peito dele, molhando a camisola hospitalar, ele colocou o dedo no seu queixo, levantando sua cabeça.
- Quanto tempo?
- Não te contaram?
- Não responderam nenhuma das minhas perguntas. Apenas quando perguntei de você quando acordei, me disseram que estava viva. O resto você responderia. Porque você quem ficou responsável por mim?
- Faz 6 meses do casamento. Eu sou mãe do seu filho e sua patroa. E quem tem mais condições financeiras de cuidar de você.
- Eu sei, vejo que tive o melhor. Não tenho escaras por ter ficado 6 meses deitado.
- Fizemos todo o acompanhamento para que você ficasse bem quando acordasse e tivesse o maior conforto possível.
- Obrigada. Me conte como acabou tudo. Aisha...
- Aisha ficou bem e voltou pra casa na mesma semana. Está morando comigo. Enrico e Lorenzo também. O motorista está trazendo os dois.
- Enzo...
- Lorenzo bateu no braço dele, desviando a bala. Fez um grande estrago mas não te matou. Tem certeza que quer ouvir sobre aquele dia?
- Não. Depois dos exames você me conta tudo. Pelo que vejo, não vou querer saber.
- Eu vim te ver todos os dias.
- Eu sei. Você não precisava. você não tem culpa de eu estar aqui.
- Não é culpa, Gustavo. É amor.
- Eu sei. Ouvi muito: não morre, eu te amo.
- Você ouviu? Então é verdade? Uma pessoa em coma pode ouvir?
- Eu ouvi. Muita coisa que você falou comigo.
- Ahh, Gu. Se eu soubesse, tinha conversado mais com você.
Bianca o abraçou, e quando seus lábios iam se encontrar, Aisha entrou no quarto trazendo Gustavo pela mão.
- Papai, você dormiu pra caramba! - Gustavo falou, o abraçando.
- Aisha, está ensinando seu irmão a falar palavras feias?
- Não papai, ela me ensinou umas palavras bem bonitas. Bünda não é uma palavra feia...
-Aisha!
- Ah, desculpa tá legal? Eu devo ter falado uma ou duas palavras na frente dele. E você, dorme seis meses e quando acorda, a primeira coisa que tem a me dizer é uma bronca?
Gustavo disse que não, a abraçou e ficaram um tempo assim, os três em um abraço. Gabriel contou algumas coisas pro pai, disse que viu a Aisha beijando na boca do PH.
Gustavo olhou Bianca questionando, e ela contou:
- Aisha não quer mais voltar para os Estados Unidos. Matriculei ela aqui e tentei trazer a família do Paulo Henrique de volta, mas os pais dele não querem voltar. PH voltou tem uns 20 dias e eu sou tutora dele. Por enquanto está na casa do Thales, até eu decidir como vou fazer a logística das coisas, mas não vou deixar eles dois morarem na mesma casa. Logo ele completa a maioridade, acho que vou comprar uma casa pra ele viver sozinho. Já arrumei um estágio pra ele no escritório, mas também é só até ele completar 18 anos. Ele entrou na faculdade de medicina.
- Você tá cuidando de Aisha, Paulo Henrique, sua mãe e Gabriel sozinha?
- Não. Além de Aisha e Paulo Henrique, minha mãe e minha nona, minha tia Andrea, Lorenzo e Enrico também.
Um lampejo de admiração passou pelo olhar de Gustavo. Os médicos disseram que acabou a visita e o levaram para os exames.
Quando o trouxeram de volta, ele fez Bianca contar tudo que aconteceu, desde que ele foi baleado até acordar.
Bianca sentiu um certo distanciamento dele com ela, principalmente nos próximos dias. Com os exames dando tudo certo, ele teve alta e queria ir pra casa dele. Foi uma luta dela e Aisha conseguirem fazer ele ficar pelo menos uns dias na casa dela.
E ele quase enlouqueceu com dois homens em recuperação sobre o mesmo teto. Mas logo, Lorenzo foi com Enrico pra casa dele e levou a mãe e a nona. E quando se recuperou totalmente, Gustavo foi pra casa dele também com a Aisha. Ele pensa que ela não percebeu, mas era tudo pra não ficarem sozinhos. Desde o hospital, ele evitava qualquer tempo sozinho com ela. Ela entendeu que ele não a perdoou pelo que fez. Ela sabia que era um risco que corria, mas preferia saber que ele estava vivo.
Enfim, estavam só os três naquela casa enorme de novo. Dona Amélia, Bianca e Gabriel. Com um nó na garganta, Bianca sentiu o peso de ter perdido o útero. Depois de ver a casa cheia, desejou ter mais filhos...