Capítulo 28
1382palavras
2023-03-20 07:41
Na sexta feira, Bianca recebeu a visita de Justin, logo pela manhã.
- O que foi, Jus?
- Quero saber o que está acontecendo com você?

- Não entendi...
- Você mal fala comigo, não me dá nenhuma ordem. Agora anda pra cima e pra baixo com esse cara...
- Eu não acredito! Ontem Gustavo me cobrou a mesma coisa. É sério isso? Quem vocês dois pensam que são? O fato de eu ter dormido com você ou com Gustavo, não dá a vocês o direito de se meter em minha vida. Coloque-se em seu lugar. Vocês dois são funcionários, apenas.
- Não estou cobrando nada. Temos um plano e você...
- Deixe o plano em stand by. Vou passar o fim de semana fora, quando voltar vamos dar início as duas próximas fases juntas.
- Tem certeza? Acredito que uma delas você já iniciou e está gostando mais do que deveria...

- Volte ao trabalho, Justin. Faça algo para justificar o alto salário que lhe pago.
Quando Justin saiu, Bianca recostou em sua cadeira e ficou pensando.
A próxima fase consistia em ela arranjar um namorado a longo prazo. Poderia até ficar noiva, lógico que um noivado sem fim. Tinha que ser alguém poderoso e influente, que fizesse Gustavo se sentir extremamente inferior. Justin estava estudando alguns candidatos pra fazer parcerias. Se não desse certo, ela criaria o cara perfeito.
Lorenzo cair no seu colo foi um presente. Era lindo, musculoso, rico, influente, independente. Lógico que ela pensou em se aproveitar da presença dele, e percebeu que ele realmente estava incomodando Gustavo.

Só não esperava que Justin tivesse razão: estava realmente gostando da companhia dele.
Isso a assustava muito. Depois de tudo o que passou, jurou não baixar mais a guarda pra ninguém. Tinha medo de se envolver, se apavorava em permitir que outro homem abusasse de seus sentimentos e definitivamente não estava pronta pra abrir mão da sua vingança.
Por outro lado, sentia que merecia ser feliz. Era uma pessoa boa. Tudo bem, era mimada. Mas isso não foi bom pra ela. Não via tanta vantagem no protecionismo que os pais fizeram durante sua vida até conhecer Gustavo.
E sabia que não era inteligente nem saudável viver em função de fazer Gustavo sofrer. Decidiu sair mais cedo pra resolver suas coisas antes de saírem em viagem. Iria passar o fim de semana na casa de Lorenzo, conhecer seu filho. Depois desse fim de semana tomaria decisões.
Enquanto Lorenzo dirigia para Valinhos, os dois foram conversando sobre o processo da adoção. Bianca disse que o caso já estava pronto, ele só precisava representa-la. Ele disse que revisariam juntos depois.
Bianca estava cada vez mais encantada com Lorenzo, mas tinha alguma coisa, um detalhezinho que ela não conseguia desarmar. Ela não sabia o que era, e se recriminava porque estava se convencendo que eram suas barreiras levantadas.
Lorenzo avisou que estavam no bairro dele, e ela olhou mais atenta. Ficou admirada com a vista. Grandes terrenos com casas no meio, pareciam como fazendas. Cercas brancas, entradas de carro de tijolinho, muito gramado. Algumas casas tinham estábulos. Estava admirada com tanta natureza e tranquilidade, tão perto da capital.
- Não se admire tanto! Valinhos é pra classe A.
- Eu sei. Mas é bonito, transmite paz. Muito diferente do concreto onde ninguém vê o céu. E Lorenzo, somos a classe A!
- Tem razão...
- Você tem estábulo?
- Sim e ele está bem ali...
Lorenzo entrou numa garagem enorme e logo Enrico saiu para os receber. Bianca ficou olhando aquele menino ainda franzino, em desenvolvimento. Era mais alto que ela, loiro, olhos azuis, parecia tímido.
Lorenzo os apresentou, ele ficou meio de canto, sem graça. Lorenzo tinha falado pra Bianca que o avisou e ele ficou surpreso. Nunca levou uma mulher em casa...
- Muito prazer, Enrico. Eu sou Bianca, amiga do seu pai.
- Muito prazer, sou Enrico. A senhora não é a chefe dele?
- Aí, doeu. Senhora? Pareço velha pra você?
- Não senhora. Desculpe...
- Tudo bem, pode me tratar informal. Não sou chefe de seu pai, sou sócia. Sou herdeira do escritório do qual ele é associado, mas ele foi treinado pelo meu pai primeiro do que eu, tem muito mais direitos...
- Tudo bem, Bianca. Você gosta do trabalho dele?
- Muito, claro.
- Então talvez você possa convencê-lo a mudar pra capital e a gente poder morar lá.
- Per favore, Enrico. Non disturbarla per questo. Ne abbiamo già parlato. (Por favor, Enrico. Não a incomode com isso, já conversamos sobre esse assunto)
- Ma papà, ti ho già detto che non voglio vivere qui. Bianca potrebbe essere la mia unica possibilità per convincerti. (Mas papai, já disse que não quero mais morar aqui. Bianca é minha única chance de te convencer.
- Voi due sapete parlare in portoghese perché non mi state nascondendo niente. Capisco tutto quello che dicono. E se scegli di parlare in inglese, spagnolo, francese e coreano, capirò anche io. L'unico giapponese che riesco a perdermi un po'. (voces dois podem falar em português porque não estão me escondendo nada. Entendo tudinho que falam. E se escolher falar em inglês, espanhol, francês e coreano tambem vou entender. Só japonês que posso me perder um pouco.)
Os dois olharam espantados pra ela e Enrico desatou a rir. Bianca e Lorenzo acabaram por acompanha-lo
- Gostei de você, Bianca. Pra que fala tantas línguas?
- Pra poder viajar o mundo algum dia.
- Eu só falo italiano porque é a língua de minha família, uma exigência. Cresci falando as duas línguas...
- E o inglês? É a língua padrão.
- Comecei o curso tem pouco mais de um ano, mas ainda não domino.
- Meu pai me introduziu em outras línguas quando criança. É recomendado que seja mais fácil aprender. Viu como você domina o italiano tão bem já que começou a aprender desde sempre?
- Sim, mas você ficou uma menina mimada...
Bianca mostrou língua pra Lorenzo e Enrico esticou a mão pra ela tocar e os dois riram.
- É isso mesmo, os dois jovenzinhos agora vão se unir e tirar sarro de mim, é isso?
- Não. Vamos deixar você tomar banho e pedir o jantar e vamos jogar vídeo game enquanto isso
- Sério, você joga?
- Adoro! Meu primo Thales e eu sempre dávamos surras épicas na minha melhor amiga Emily. Vou te destruir, esteja certo.
- Meu pai não gosta de vídeo game e eu tenho hora pra jogar. E já joguei minha hora diária hoje.
- Tenho certeza que o senhorzinho de 90 anos vai abrir uma exceção pra mim, não é?
- Pela regra da boa educação, a visita escolhe o que vai fazer. Se você quer jogar vídeo game, o anfitrião tem que te acompanhar.
- Ótimo. Então podemos começar.
- Posso pelo menos te levar até seu quarto e você colocar suas coisas?
Os dois subiram enquanto Enrico foi preparando o vídeo game na sala de jogos. Bianca foi reparando na decoração da casa e percebeu o quanto Lorenzo era organizado. Tudo era muito simétrico, alinhado. Não tinha absolutamente nada fora do lugar.
Achou aquilo meio obsessivo, e ficou feliz em encontrar um defeito nele. Quem sabe assim não caia no próprio golpe do homem perfeito.
Quando ele a deixou no quarto, mostrou que o quarto dele era de frente para o dela e o de Enrico no final do corredor. E agradeceu a gentileza com a qual ela tratou o filho. Colocou a mala dela no canto e mandou ela ficar a vontade.
Ela o levou até porta e Enrico parou, olhando pra ela. Passou o dedo carinhosamente pelo seu rosto e Bianca sentiu a pele queimar por onde o dedo dele passou.
Corou, como a muito tempo não acontecia e baixou os olhos. Lorenzo colocou o dedo em seu queixo e levantou seu rosto, obrigando ela olhar em seus olhos.
Devagar, desceu os lábios até o dela e depositou um beijo, um selinho na verdade e logo se afastou.
- Se ajeite, Bianca. Enrico está te esperando lá embaixo. Tenho algumas coisas para resolver.
Bianca entrou, fechou a porta e se encostou nela, levando o dedo aos lábios onde ele beijou Se sentiu uma adolescente, com um sorriso bobo no rosto...