Capítulo 15
1327palavras
2023-02-14 02:11
Depois daquele jantar, Bianca passou os próximos dias evitando Gustavo. Era estranho pra ele ver ela seguida de perto por um homem tão bonito, sempre sorrindo pra Justin e sempre de cara fechada para ele.
Ela não aceitava nenhum convite dele para terem um momento a sós, o tratava com total de frieza e parecia uma máquina trabalhando.
Depois de um mês do retorno dela, ele não sabia mais o que fazer, estava desesperado, infeliz. Ele aguentou todo o afastamento dela por mais de ano, porque tinha esperanças. Mas agora, ela o igonorava completamente. Voltou diferente da mulher que saiu dali, e com um cara bem perto dela a quem ela não negava olhares carinhosos e demonstrações de carinho em público.

Não aguentava mais! Saiu de sua sala, passou pela secretária dos dois e se encaminhou pra sala dela sem bater na porta.
Quando entrou, viu Justin encostado na mesa dela, em pé, com os pés cruzados enquanto os dois conversavam de forma descontraída.
Bianca estava em sua cadeira, os saltos debaixo da mesa e descalça. O blazer de seu terno no encosto da cadeira e ela com uma regata fina preta sem sutiã.
Gustavo tinha que ser sincero, não viu nada comprometedor, mas viu sua amada totalmente a vontade com outro homem enquanto com ele era sempre uma pedra de gelo.
- Se Namiato? O que lhe dá o direito de entrar em minha sala sem ser anunciado? Aconteceu alguma coisa? - enquanto falava, Bianca calçou os sapatos e vestia o blazer, se tornando novamente a mulher de gelo que não se atrevia a ficar a vontade na frente dele.
- Vim apresentar meu aviso prévio.

Bianca e Justin se entreolharam e não passou despercebido a Gustavo esse olhar. Bianca se recostou na cadeira, e ficou osbservando Gustavo por alguns segundos. Depois, se dirigiu ao acessor:
- Justin, você pode fazer o que lhe pedi. Está dispensado. Sente-se senhor Namiato. Vamos discursar sobre a sua decisão.
Gustavo se sentou e aguardou Justin sair. Estava com a cara amarrada, um bico que fazia o coração de Bianca se derreter. Ele dificilmente perdia a paciência e tinha um coração enorme. Pelo que ela se lembrava, era quase impossível fazer ele ficar com aquele bico lindo antes. Muitas vezes ela o provocava só pra ver ele fechar a cara e fazer bico e ela ria disso e sempre o beijava.
Sabia que agora não poderia se dar a esse luxo. O provocou até o limite e tinha mais de mês que ele só andava com aquele bico, tudo para chegarem naquele momento. Agora tinha que dar continuidade no plano. O primeiro tiro da longa batalha que ela travaria consigo mesma contra ele:

- Me diga, senhor Namiato, porque quer se demitir?
- Porque não consigo mais trabalhar com você me tratando desse jeito. Eu não aguento ter você tão perto e tão longe. Eu te amo, Bianca. E você me trata como um ninguém...
- Vamos esclarecer um ponto. Isso aqui é um local de trabalho. Você tem alguma reclamação quanto ao ambiente de trabalho ou as condições?
- Não, já disse que não é isso...
- Então, Gustavo. Sugiro que você cresça! Aprenda a separar seu profissional do pessoal. Se eu aceitar a sua demissão, o que você vai fazer? Desde que se formou na faculdade, sempre trabalhou aqui e vamos combinar que nunca na sua área. Você pode se adequar ao mercado de trabalho, claro que pode. Mas vai demorar um pouco, ganhando três vezes menos do que você ganha aqui. E isso se conseguir um emprego, por que sair daqui, mesmo que por vontade própria, é um tiro no pé. Todo profissional quer a chance de trabalhar com a gente, qualquer entrevistador vai ficar incrédulo de você ter disperdiçado essa oportunidade. Mas se é mesmo o que quer, só posso te dizer pra passar no RH e formalizar seu aviso prévio. Embora acredito que não seja o que você quer de fato, pois você já teria ido direto se quisesse.
Gustavo ficou olhando incrédulo ela falar. Como assim tinha chegado lá cheio de marra e em 5 minutos Bianca acabou com ele e lhe esfregou na cara que ele era um mero contador que nunca mais encontraria outro emprego como aquele?
É lógico que não queria se demitir. Ele sabia bem da sorte que deu. Não só de conseguir uma vaga disputadíssima no escritório do Rei da cidade, como também de cair nas graças do Rei e da princesa e mal assumir as funções como contador e já passar para o cargo de acessor de Bianca e em seguida vice presidente dela, mesmo o noivado não se concretizando.
Se saísse dali, dificilmente encontraria outro emprego na cidade. Se conseguisse, seria apenas como contador e não tem um campo para escalonamento de carreira. Se desse muita sorte e tivesse referências e indicação dela, conseguiria ganhar metade do que ganhava ali.
Ele só queria assustar ela , trazê-la a realidade de como o estava tratando, e o que conseguiu? Ela expôr as falhas do plano dele como uma CEO implacável lidando com um funcionário rebelde.
Gustavo percebeu que não havia sequer vestígios da Bianca doce que ele manipulava outrora pra não descobrir que ele era casado. Essa mulher implacável não parecia a menina frágil que ele amava.
- Você não se importa se eu me demitir? Não tem nenhuma consideração por mim?
- Você está brincando, não é? Se eu não tivesse nenhuma consideração por você, teria te demitido assim que soube que você era casado e me enganou por 4 anos. Mas eu sei separar o profissional do pessoal, e mesmo de posse dessa informação, deixei meu pai te promover a um cargo que você nunca conseguiria se não tivesse me enganado. E sou muito grata a você ter comandado tudo isso aqui pra mim durante meu luto. Pelo noivado e pelo meu pai. Depois que voltei, se você perceber bem, não preciso mais de você. Você treinou Emily perfeitamente. E Justin me acompanhou como meu braço direito. Mas eu não descartei você como uma roupa velha e sequer mexi com seu cargo. Eu tenho caráter e prefiro manter o homem a quem meu pai dedicou inteira confiança. Mas se você quer sair, não posso te dizer o que é melhor pra você e nem te segurar.
- Eu não quero sair. Quero que tudo volte ao normal.
- Qual normal você está falando?
- Bia...
- Não, Gustavo. Não sou Bia para você. Se é esse normal que você quer, aceito sua demissão. Nada mais é como antes. Eu não sou a virgem inocente que você brincava, eu sou mulher feita, órfã de pai. Não posso mais correr pro papai quando alguma coisa dá errado. E quando eu descobri isso, que não ia ter papai pra correr, onde você estava, Gustavo? Fodendo com a sua mulher que você não me disse que tinha e me fez passar como vadia.
Aquilo atingiu Gustavo como uma bomba. Ele nunca pensou desse jeito. Para ele, Bianca poderia ter agido como adulta e ficado, para eles conversar e se entender. Ao invés disso ela viajou para o exterior e se afastou.
Ele não chegou a questionar o lado dela. A ver uma moça que tinha o pai como herói que estava prestes a perdê-lo, descobrindo que o substituto que o pai designou pra ela a enganou durante todo o tempo e cresceu profissionalmente no processo as custas dela.
- Vejo que você nunca tinha visto a situação como realmente é, senhor Gustavo. Está me achando amarga? Não consegue mais ver a doce Bianca? Vai ver porque você expremeu limão na minha vida e me deixou azeda. Você me fez crescer literalmente da noite pro dia. Não espere que eu te agradeça por isso.
Ele a ficou olhando e percebeu que sim, destruiu a doçura e juventude dela, e enquanto estivesse por perto, ela seria aquela pessoa amarga. Tomou uma decisão...